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21/08/2004
-
06h32
da Folha de S.Paulo
A Polícia Federal conseguiu decifrar os códigos secretos que os doleiros utilizavam para trocar mensagens entre si, do Brasil para os Estados Unidos ou entre agências americanas, e combinar transferências bancárias.
Um dos truques consistia enviar "remessas" de zero centavo. A operação era feita apenas para "mandar instruções específicas de pagamento para a agência, sem deixar rastros como documentos por escrito, registros ou gravações telefônicas". As instruções eram números e letras que formavam um código precombinado.
As descobertas da PF foram divulgadas em junho último em artigo assinado pelo perito criminal Renato Barbosa para a revista da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais. Barbosa trabalha no caso Banestado desde o início e participou das diligências de 2002 e 2003, com o delegado José Castilho e o perito Eurico Montenegro, que apreenderam as movimentações da agência do Banestado de Nova York.
Foi com base nas descobertas dessa equipe que a Promotoria de Nova York quebrou o sigilo e entregou às autoridades brasileiras as movimentações da Beacon Hill Service, base da Operação Farol da Colina, deflagrada na última terça-feira em oito Estados.
A PF apurou que a Beacon Hill foi um dos principais destinos do dinheiro do Banestado.
"As ordens de pagamento possuíam um sofisticado esquema de autorização bancária. Eram fórmulas matemáticas, até então indecifráveis, utilizadas na composição dos códigos secretos emitidos pelos clientes brasileiros.
Com dossiê eletrônico, a perícia decifrou uma das tábuas de senhas de segurança utilizadas pelos doleiros", narrou Barbosa.
O estudo revela outros truques empregados pelos doleiros, como o chamado "cadernetão". "Por meio de uma única ordem de pagamento, as casas de câmbio correntistas do Banestado de Nova York promoviam diversas transferências internas de dinheiro entre contas correntes."
A ordem de pagamento orientava a retirada de valores de um "book" (livro ou caderno, daí o nome da operação) de um doleiro para outro. O doleiro dava cobertura financeira ao colega que não tivesse saldo.
Os doleiros também faziam "operações data neutra". Indicavam como data da transferência algo como 12/12/12. "A idéia da organização era garantir que aquelas instruções de pagamento não fossem rastreadas. Tais datas ficavam fora de qualquer lapso temporal da investigação, tanto na base de dados quanto nos relatórios de movimentação diária impressos na agência do Banestado de Nova York", escreveu o perito, em seu artigo.
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A Polícia Federal conseguiu decifrar os códigos secretos que os doleiros utilizavam para trocar mensagens entre si, do Brasil para os Estados Unidos ou entre agências americanas, e combinar transferências bancárias.
Um dos truques consistia enviar "remessas" de zero centavo. A operação era feita apenas para "mandar instruções específicas de pagamento para a agência, sem deixar rastros como documentos por escrito, registros ou gravações telefônicas". As instruções eram números e letras que formavam um código precombinado.
As descobertas da PF foram divulgadas em junho último em artigo assinado pelo perito criminal Renato Barbosa para a revista da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais. Barbosa trabalha no caso Banestado desde o início e participou das diligências de 2002 e 2003, com o delegado José Castilho e o perito Eurico Montenegro, que apreenderam as movimentações da agência do Banestado de Nova York.
Foi com base nas descobertas dessa equipe que a Promotoria de Nova York quebrou o sigilo e entregou às autoridades brasileiras as movimentações da Beacon Hill Service, base da Operação Farol da Colina, deflagrada na última terça-feira em oito Estados.
A PF apurou que a Beacon Hill foi um dos principais destinos do dinheiro do Banestado.
"As ordens de pagamento possuíam um sofisticado esquema de autorização bancária. Eram fórmulas matemáticas, até então indecifráveis, utilizadas na composição dos códigos secretos emitidos pelos clientes brasileiros.
Com dossiê eletrônico, a perícia decifrou uma das tábuas de senhas de segurança utilizadas pelos doleiros", narrou Barbosa.
O estudo revela outros truques empregados pelos doleiros, como o chamado "cadernetão". "Por meio de uma única ordem de pagamento, as casas de câmbio correntistas do Banestado de Nova York promoviam diversas transferências internas de dinheiro entre contas correntes."
A ordem de pagamento orientava a retirada de valores de um "book" (livro ou caderno, daí o nome da operação) de um doleiro para outro. O doleiro dava cobertura financeira ao colega que não tivesse saldo.
Os doleiros também faziam "operações data neutra". Indicavam como data da transferência algo como 12/12/12. "A idéia da organização era garantir que aquelas instruções de pagamento não fossem rastreadas. Tais datas ficavam fora de qualquer lapso temporal da investigação, tanto na base de dados quanto nos relatórios de movimentação diária impressos na agência do Banestado de Nova York", escreveu o perito, em seu artigo.
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