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29/08/2004 - 04h36

80% das unidades necessitam de obras

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da Folha de S.Paulo

Dos 386 postos de saúde que já existem na capital paulista, 80% necessitavam de pequenos reparos (209) ou reformas (98), segundo levantamento feito pela Secretaria Municipal da Saúde em novembro do ano passado.

A pasta não informou a situação do cronograma de reparos hoje. Segundo o levantamento, dez reformas ocorreram já em 2003 e outras 57 deveriam acontecer neste ano. A secretaria não quis divulgar o levantamento completo, como os problemas apontados pelos funcionários. A pesquisa é a primeira feita de maneira ampla no setor.

Os locais em que se apontou a necessidade de reforma são os com problemas estruturais como vazamentos e infiltrações. Pequenos reparos são pintura, adequações da rede elétrica e hidráulica.

Segundo dados de um dos últimos concursos da saúde municipal, mais de 400 vagas para profissionais continuam abertas nesses postos, principalmente na periferia --as regiões leste, sul e norte são as mais prejudicadas. Não adiantou a prefeitura pagar mais para quem fosse para essas áreas.

Como mostram os dados, além do acesso inadequado da população aos postos, que deveriam ser a porta de entrada do sistema de saúde, os que já existem têm problemas de estrutura. É um dos pontos a equacionar além da questão da atenção especializada, focada pelos candidatos a prefeito, avaliam especialistas.

O atendimento precário --combinação de ausência de postos e falta de estrutura nos que já existem --faz, por exemplo, com que milhares procurem os grandes hospitais universitários da cidade em busca de assistência a casos que não têm nada a ver com as unidades de grande porte.

Tábua de salvação

"Isso aqui ainda é a tábua de salvação", disse, olhando para os que se acomodavam mansamente nos bancos na centenária Santa Casa de SP, o gerente de Comunicações, Arciso Andreoni.

Perto das 21h30 da última quinta-feira doentes e familiares já acumulavam-se no local para tentar marcar consultas de otorrinolaringologia e dermatologia só no dia seguinte. Levavam cobertor e gorro para enfrentar o frio durante a espera. Quando a madrugava avançava, alguns que chegavam desprevenidos conseguiam emprestado, dos primeiros da fila, uma peça para aquecer.

"Povo como o brasileiro, não tem outro", dizia a dona-de-casa Zailda Maria Anísio, 47, primeira da fila, quando o pedreiro João da Silva, 61, que buscava vaga para um amigo, chegou com pão e mortadela, grátis, para todos. Antes já buscara Coca-Cola. Na madrugada, ia e voltava com café. "E eles lá, dormindo com a barriga cheia", gritava Silva.

Anísio, por exemplo, foi parar na Santa Casa depois de perambular por postos e outros hospitais tentando ajudar o marido, que tem uma ferida aberta na perna. Um encaminhava ao outro.

"O posto é uma porcaria", dizia, ao lado da filha que tinha faltado ao trabalho para acompanhar a mãe. "Tem demora, manda telefonar." O marido já teve de levar gaze e esparadrapo a um deles quando precisou de curativos.

Quem não chega na noite anterior, não consegue vaga, explicava Anísio, que vive na zona sul.

Com uma dor de garganta que não passa há um ano, a dona-de-casa Edna Maria Teixeira, 34, também encolhia-se de frio na fila. Foi ao pronto-atendimento da Santa Casa e de lá para a espera da otorrino, explicou.

Em razão de contrato assinado recentemente com o Ministério da Saúde, em um a dois meses o mais antigo hospital da cidade terá de deixar de atender os casos simples como o da dona-de-casa, dentro de um programa de aperfeiçoamento das unidades de ensino. A mesma mudança deverá ocorrer no hospital Santa Marcelina, universitário da zona leste da cidade, informou o secretário da área, Gonzalo Vecina.

O Santa Marcelina é a tábua de salvação de alguns moradores de São Miguel Paulista, na zona leste, como os do Parque Paulistano, que esperam o posto prometido há quatro anos.

Quem vive lá sofre com as filas do posto mais próximo, que fica a mais de 30 minutos do bairro e já está lotado porque é referência para outras áreas da região. "Já estou há três meses com uma dor perto da virilha.

Disseram que iam me ligar", afirma o balconista Francisco Laerte Farias, 48.

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