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12/09/2004 - 08h34

Campanha em São Paulo registra inflexão

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CHICO DE GOIS
da Folha de S.Paulo

A semana que terminou ontem foi marcada por uma inflexão na já polarizada disputa entre o tucano José Serra e a prefeita petista Marta Suplicy pelo comando da administração de São Paulo.

A federalização da campanha paulistana, que aparentemente não interessava aos petistas, reapareceu com força num discurso que prefeita fez para executivos da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).

Marta resolveu adotar o "discurso do medo" ao afirmar que uma eventual vitória de Serra ameaçaria a estabilidade política no país. A reação do PSDB foi dura, definindo a declaração da prefeita como "chantagem" e acusando o PT de antidemocrático.

Dois outros movimentos mostram que o quadro realmente foi alterado na semana que passou:

1) o terceiro colocado nas pesquisas Paulo Maluf (PP), segundo a Folha informou na sexta-feira, teria fechado um acordo com os petistas para poupar de ataques a prefeita e direcionar suas baterias contra Serra; 2) Luiza Erundina (PSB) também resolveu eleger como seu adversário direto o tucano e já tratou de deixar isso bem claro em seu programa de TV.

Não está muito claro ainda o que levou a prefeita a adotar o "discurso do medo", tática, aliás, usada pela campanha presidencial de Serra em 2002, quando usou a atriz Regina Duarte se declarando com medo de uma eventual vitória do então candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Pistas

Mas há algumas pistas que merecem atenção. A sensação de que as coisas não iam tão bem como a propaganda alardeava atingiu a cúpula da campanha de Marta ainda na semana anterior, com a divulgação da pesquisa Ibope, que mostrava Serra com 34% das intenções de votos e Marta com 30%.

Embora a rigor fosse um empate técnico (a margem de erro do levantamento era de 3,5 pontos percentuais), era inegável que o adversário estava subindo.

Baseados também em pesquisas internas, os petistas verificaram que a pavimentação da estrada de Serra estava pronta, que, de agora em diante, a tendência é o tucano ganhar altura e que, para evitar que isso ocorra, ele precisa ser atingido em pleno vôo, sob o risco de pousar com tranqüilidade e grande folga no segundo turno.

Na avaliação dos coordenadores da campanha petista, um dos principais fatores que possibilitaram a ascensão de Serra atende pelo nome de Geraldo Alckmin. Com uma imagem de bom moço, que agrada sobretudo às mulheres, e com a massificação da propaganda institucional do governo do Estado, Alckmin vem atingindo dois objetivos ao mesmo tempo: içar Serra e ganhar combustível para sua pretensão de se lançar à sucessão de Lula, em 2006.

O horário eleitoral tucano, então, passou a mostrar imagens de Serra ao telefone, de um lado, Alckmin, do outro, e a locução ao fundo afirmando que o primeiro na prefeitura e o segundo no governo do Estado possibilitarão ao município melhores parcerias.

Em contrapartida, o PT lançou o líder do governo Lula no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), para dizer que os paulistanos estariam melhor com uma candidata próxima ao presidente da República. Estava definida, então, a federalização da campanha.

Os petistas avaliaram, num primeiro momento, que a tarefa de atacar Serra não deveria caber à candidata Marta Suplicy, que tem treinado e se esforçado para transparecer serenidade. Então, o PT nacional, por quem os integrantes da campanha da prefeita não tem grande afinidade, foi chamado a contribuir, tudo em nome da reeleição de Lula em 2006.

Nessa circunstância, apelou-se para a aliança do governo Lula em nível nacional com PSB e PMDB, coligados em torno da candidatura Erundina em São Paulo, e, no caso de Maluf, lembrou-se que, embora em marcha lenta, a CPI do Banestado no Congresso ainda é capaz de atropelar muita gente.
Desde a última quarta-feira, Erundina e Maluf tem evitado atacar Marta e definiram o rival tucano como alvo preferencial.

Erundina passou a falar de vampiros, numa alusão à ação da Polícia Federal que prendeu servidores do Ministério da Saúde envolvidos em fraudes em licitações.

A preocupação no QG de Marta, agora, é impedir que Serra atinja 40% das intenções --ele aparece com 37% na pesquisa Datafolha divulgada hoje, contra 33% da prefeita. Se isso acontecer, o PT acredita que pode começar a ocorrer um movimento de voto útil, que dificultará ainda mais a vida de Marta.

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