Publicidade
Publicidade
15/09/2004
-
19h07
ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha
Nem Duda Mendonça nem lexotan. Marta Suplicy foi Marta Suplicy hoje, no último dia da sabatina da Folha com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Arisca, abusada, com risadinhas irônicas, mas inteligente, dominando a cena e muito firme ao defender sua gestão.
Alguém da platéia lhe perguntou como responderia, "na lata", sobre o apoio de Paulo Maluf (PP), no segundo turno. E ela: "Na lata: vou atrás de cada voto malufista, mas Maluf no meu palanque, não!".
Foi uma resposta corajosa, porque: 1) o Datafolha indica que 73% dos eleitores de Maluf tendem a ir com José Serra (PSDB) no segundo turno e podem, assim, definir a eleição; 2) Maluf acaba de dar uma guinada evidente em sua campanha, passando a mão na cabeça de Marta e chutando a canela de Serra.
Em relação a Luiza Erundina (PSB), cujos votos também tendem para Serra e que, ao contrário de Maluf, tem batido sistematicamente em Marta, a prefeita foi mais cautelosa: "Gosto pessoalmente dela", disse a certa altura; "Erundina é sempre bem-vinda", acrescentou mais ao final.
Não deixou, porém, de recorrer à profissão de psicanalista para ironizar os reais motivos para as críticas (ou ressentimento?) da candidata do PSB contra ela. Só que repassou para um outro psicanalista, Contardo Calligaris, colunista da Folha e um dos entrevistadores: "Talvez ele saiba..."
De qualquer forma, o grande vilão na fala de Marta não foram seus antecessores Maluf e Erundina, mas Celso Pitta. Além do governo FHC, pelos "juros pornográficos"...
Batendo na tecla de que faz uma gestão "para as pessoas", "para os pobres" e que seu sonho é uma cidade "sem pobreza", Marta enumerou longa e apaixonadamente os seus feitos: Ceus, bilhete único, compra de ônibus, contratação de pessoal e por aí afora.
E empinou o nariz para falar sobre a licitação do lixo por 20 anos, renováveis por mais 20, criticada na véspera por Serra na sabatina: "Vou ficar com medo? Não, eu vou fazer", afiançou.
Também repisou a idéia de que é melhor para a principal cidade do país ter um (a) dirigente afinado (a) com o governo federal: "Em maio [quando será preciso renegociar a dívida], espero que seja eu a sentar com o ministro Palocci e com o presidente Lula para conversar".
Erundina tinha dito, ao abrir a rodada, na sexta-feira passada, que "Marta não é PT". Hoje, a própria Marta rebateu: "O que as pessoas não se conformam é que me dou bem com o partido (...), com todas as instâncias do partido. Me dou super-bem com o Dirceu [José Dirceu, ministro da Casa Civil] e me dou super-bem com o Palocci [Antonio Palocci Filho, da Fazenda]".
Se houve um escorregão, foi quando admitiu que considerava um erro ter demorado tanto ao atacar o problema da saúde: "Demorei dois anos..." Na véspera, a prefeita tinha pregado o contrário: "Chega de mea culpa na Saúde!"
Como não poderia deixar de ser, ela reclamou que a Folha não mostra nada o que a prefeitura faz e, daqui e dali, ensaiou ser ríspida ou sarcástica com os entrevistadores. Nada grave, porém. E ela também teve de engolir a ironia dos jornalistas, quando leu, inteira, uma reportagem do jornal favorável às novas inaugurações no trânsito paulistano.
Quanto ao estilo "afirmativo" (na opinião dos aliados dela) ou "arrogante" (como consideram os demais): a prefeitura tem 42% de aprovação, e a candidata, 33%. Deve ser o gênio da moça.
Leia mais
Marta diz que fez pesquisa para medir impacto de separação de Suplicy
CEU "quebrou ciclo de pobreza" em SP, afirma Marta
Especial
Veja vídeos com os trechos da sabatina da Folha com Marta Suplicy
Leia o que já foi publicado sobre Marta Suplicy
Veja o especial de eleições
Veja as últimas pesquisas no site Datafolha
Eliane Cantanhêde: Marta, "na lata"
Publicidade
Colunista da Folha
Nem Duda Mendonça nem lexotan. Marta Suplicy foi Marta Suplicy hoje, no último dia da sabatina da Folha com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Arisca, abusada, com risadinhas irônicas, mas inteligente, dominando a cena e muito firme ao defender sua gestão.
Alguém da platéia lhe perguntou como responderia, "na lata", sobre o apoio de Paulo Maluf (PP), no segundo turno. E ela: "Na lata: vou atrás de cada voto malufista, mas Maluf no meu palanque, não!".
Foi uma resposta corajosa, porque: 1) o Datafolha indica que 73% dos eleitores de Maluf tendem a ir com José Serra (PSDB) no segundo turno e podem, assim, definir a eleição; 2) Maluf acaba de dar uma guinada evidente em sua campanha, passando a mão na cabeça de Marta e chutando a canela de Serra.
Em relação a Luiza Erundina (PSB), cujos votos também tendem para Serra e que, ao contrário de Maluf, tem batido sistematicamente em Marta, a prefeita foi mais cautelosa: "Gosto pessoalmente dela", disse a certa altura; "Erundina é sempre bem-vinda", acrescentou mais ao final.
Não deixou, porém, de recorrer à profissão de psicanalista para ironizar os reais motivos para as críticas (ou ressentimento?) da candidata do PSB contra ela. Só que repassou para um outro psicanalista, Contardo Calligaris, colunista da Folha e um dos entrevistadores: "Talvez ele saiba..."
De qualquer forma, o grande vilão na fala de Marta não foram seus antecessores Maluf e Erundina, mas Celso Pitta. Além do governo FHC, pelos "juros pornográficos"...
Batendo na tecla de que faz uma gestão "para as pessoas", "para os pobres" e que seu sonho é uma cidade "sem pobreza", Marta enumerou longa e apaixonadamente os seus feitos: Ceus, bilhete único, compra de ônibus, contratação de pessoal e por aí afora.
E empinou o nariz para falar sobre a licitação do lixo por 20 anos, renováveis por mais 20, criticada na véspera por Serra na sabatina: "Vou ficar com medo? Não, eu vou fazer", afiançou.
Também repisou a idéia de que é melhor para a principal cidade do país ter um (a) dirigente afinado (a) com o governo federal: "Em maio [quando será preciso renegociar a dívida], espero que seja eu a sentar com o ministro Palocci e com o presidente Lula para conversar".
Erundina tinha dito, ao abrir a rodada, na sexta-feira passada, que "Marta não é PT". Hoje, a própria Marta rebateu: "O que as pessoas não se conformam é que me dou bem com o partido (...), com todas as instâncias do partido. Me dou super-bem com o Dirceu [José Dirceu, ministro da Casa Civil] e me dou super-bem com o Palocci [Antonio Palocci Filho, da Fazenda]".
Se houve um escorregão, foi quando admitiu que considerava um erro ter demorado tanto ao atacar o problema da saúde: "Demorei dois anos..." Na véspera, a prefeita tinha pregado o contrário: "Chega de mea culpa na Saúde!"
Como não poderia deixar de ser, ela reclamou que a Folha não mostra nada o que a prefeitura faz e, daqui e dali, ensaiou ser ríspida ou sarcástica com os entrevistadores. Nada grave, porém. E ela também teve de engolir a ironia dos jornalistas, quando leu, inteira, uma reportagem do jornal favorável às novas inaugurações no trânsito paulistano.
Quanto ao estilo "afirmativo" (na opinião dos aliados dela) ou "arrogante" (como consideram os demais): a prefeitura tem 42% de aprovação, e a candidata, 33%. Deve ser o gênio da moça.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice