17/09/2004 - 14h55

Sarney cobra "investigação profunda" sobre irregularidades em CPI

ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou nesta sexta-feira que vai propor um esforço do Congresso para realizar uma "investigação profunda" sobre a CPI do Banestado. Segundo ele, se confirmado o vazamento de informações sigilosas pela comissão, será "um dos fatos mais graves ocorridos ultimamente no Parlamento brasileiro".

Depois do fracasso nos trabalhos de investigação da comissão de sindicância do Senado, Sarney quer mobilizar a presidência da Câmara e todas as lideranças partidárias. Ele disse estar preocupado com os rumos que a CPI tomou e os possíveis desdobramentos no Congresso.

A troca de acusações entre oposição e aliados, juntamente com a divulgação de informações sigilosas de dossiês sobre parlamentares e seus familiares investigados pela CPI do Banestado, travaram nos últimos meses a pauta no Congresso.

O último embate sobre o tema ocorreu nesta semana, quando foi divulgado que todos os membros família do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foram investigados pela CPI, em relação às remessas de dinheiro feitas ao exterior.

Sarney endureceu seu discurso e falou em punição para os envolvidos. "O nosso regimento pune como falta de decoro e tem penas severas contra aqueles que violam o sigilo dos documentos que lhes são entregues e que eles não podem divulgar".

Entre as penas, a principal é a cassação de mandato do congressista que for comprovada a falta de decoro. José Sarney quer agilizar as investigações. "Vou convocar a Mesa na próxima semana, ou logo que seja possível, para tomar uma providência efetiva e realmente dura contra isso", afirmou.

Sarney também vai se reunir com os líderes partidários e o presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP).

A Comissão de Sindicância do Senado não tem poder de investigar as ações dos deputados. Para isto será necessária uma atitude por parte do presidente da Câmara. O presidente do Senado reafirmou sua intenção de acionar o Conselho de Ética do Senado para punir exemplarmente os envolvidos.

Quanto às declarações do presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), denunciando que informações da comissão teriam sido utilizadas para influenciar o resultado das eleições na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Sarney disse: "não sei se isso é verdade, mas vamos fazer uma investigação profunda a esse respeito".

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