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19/09/2004 - 06h26

Ministério Público investiga ação de ex-assessor de Palocci

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ROGÉRIO PAGNAN
JOEL SILVA

da Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto

O Ministério Público de São Paulo investiga "veementes indícios" de que o advogado Rogério Tadeu Buratti --ex-secretário do ministro Antonio Palocci (Fazenda) na Prefeitura de Ribeirão Preto em 1994 e denunciado pelo Ministério Público Federal no escândalo Waldomiro Diniz-- recebeu "vultosas quantias em razão de intermediação de contratos" da empresa de lixo Leão Leão com prefeituras municipais paulistas.

A informação consta de um recurso apresentado à Justiça pelos advogados de Buratti para contestar a apreensão de documentos na sua casa em Ribeirão Preto, em operação realizada pelo Ministério Público na última segunda.

A petição dos advogados não revela quais seriam os indícios, que integrariam um procedimento que tramita sob sigilo, aberto em março último por promotores do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado).

"Não bastasse todo o relatado, existem, até aqui, veementes indícios de que o sr. Rogério Tadeu Buratti, vice-presidente do Grupo Leão Leão, recebeu vultosas quantias em razão da intermediação de contratos da referida empresa com várias prefeituras municipais e referidas quantias --decorrentes de tais crimes perpetrados-- estão depositadas em cofres existentes em sua residência", diz o trecho do pedido de busca e apreensão transcrito pelos advogados de defesa de Buratti na petição ajuizada para pedir a devolução de parte do material.

A operação achou R$ 4.350,00 e US$ 4.400 na casa de Buratti.

Os promotores investigam contratos da Leão Leão em pelo menos cinco municípios paulistas.

O principal foco é uma licitação de R$ 22,5 milhões aberta pela Prefeitura de Sertãozinho, administrada pelo PSDB.

O Ministério Público suspeita que o processo tenha sido direcionado desde o início para que a Leão Leão vencesse.

A empreiteira, na qual Buratti exerceu a vice-presidência até março, quando pediu afastamento, foi a principal doadora da campanha eleitoral de Antonio Palocci à prefeitura em 2000, com declarados R$ 150 mil.

Apesar de ter deixado a gestão de Palocci na prefeitura em meio a acusações de manipulação de licitações públicas (cuja base era uma fita gravada pelo próprio advogado), Buratti dois anos depois manteve uma sociedade com o atual chefe-de-gabinete de Palocci, Juscelino Antônio Dourado, numa provedora de internet, segundo a Folha revelou em março último. Depois Palocci acrescentou que Dourado foi também padrinho de casamento de Buratti. A sociedade foi desfeita em 98.

A reportagem apurou que Buratti e sua mulher, Elza Gonçalves Siqueira, continuam filiados ao Partido dos Trabalhadores de São Paulo mesmo após sua saída da prefeitura, em 1994, e do escândalo Waldomiro Diniz, segundo o último registro entregue pelo PT ao Tribunal Superior Eleitoral.

Buratti, que no final dos anos 80 também foi assessor parlamentar do atual ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, na Assembléia Legislativa paulista, foi ao centro do caso Waldomiro após o depoimento prestado à Polícia Federal pelo ex-presidente da empresa multinacional GTech Antonio Carlos Lino da Rocha.

O executivo afirmou que o ex-assessor parlamentar de José Dirceu, Waldomiro Diniz, havia orientado a empresa a pagar R$ 6 milhões para Buratti em troca da renovação do contrato de R$ 650 milhões que a empresa mantinha com a Caixa Econômica Federal.

A GTech confirma as tratativas com Diniz e Buratti, mas sempre nega ter pago o dinheiro.

Em março, após a revelação de Lino da Rocha, a imprensa noticiou que a empresa de Buratti, a BBS Consultores, havia declarado como endereço da sede à Receita Federal a residência em Jardinópolis (SP) de uma copeira da Leão Leão, que para tanto declarou ser remunerada pela empreiteira.

Além da BBS, Buratti criou a Assessorarte, hoje administrada pela sua irmã, Rosangela. A empresa assinou cerca de cem contratos com administrações municipais diversas desde 1999.

Em março, a imprensa revelou que o patrimônio de Buratti havia saltado de R$ 13 mil, em 1994, para pelo menos R$ 1,4 milhão. Depois, os promotores descobriram que Buratti controlava uma fazenda de 68 alqueires, 158 cabeças de gado e 52 mil pés de café em Pedregulho (SP).

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Rogério Tadeu Buratti
  • Leia o que já foi publicado sobre Antonio Palocci
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