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03/10/2004 - 09h10

Eleição define novo ministério de Lula

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), pode virar ministro na área social. O chefe da Casa Civil, José Dirceu, ficaria na sua pasta, mas perderia o gerenciamento do governo para se dedicar somente à articulação política. Se não se reeleger prefeita de São Paulo, a petista Marta Suplicy deverá assumir um ministério, provavelmente na área social.

A Folha apurou que essas possibilidades são avaliadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para serem implementadas na reforma ministerial que pretende realizar após o segundo turno das eleições municipais, no dia 31.

A opção Mercadante na área social dependerá do futuro de Marta e do sucesso ou fracasso das articulações do governo para recompor maioria segura no Senado. Avalia-se que área social tem ministros "apagados" politicamente e que precisaria de um "agitador", segundo expressão do presidente em conversas reservadas. Daí as opções Mercadante e Marta.

A pasta mais provável para Mercadante é a da Saúde. Para Marta, a das Cidades. Hoje, uma possibilidade menor seria um deles substituir Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), mas Lula acha que seria injusto dado o pouco tempo em que o deputado federal do PT mineiro chefia a pasta.

Seria quase uma confissão de fracasso após ter fundido dois ministérios na reforma do primeiro escalão de janeiro passado.

Mercadante, após dois anos no Congresso, demonstra desejo de ter experiência administrativa e ministerial, numa espécie de preparação para tentar conquistar o governo de São Paulo na eleição de 2006. Se o tucano José Serra (PSDB) perder a eleição paulistana para Marta, Mercadante terá o caminho praticamente livre para ser candidato a governador. Lula avaliza o projeto de Mercadante de ser candidato a governador de São Paulo, mas uma derrota de Marta para o ex-ministro da Saúde José Serra poderia complicar os planos do presidente e do líder do governo no Senado.

O chefe da Casa Civil continua a alimentar o sonho de recuperar a articulação política. A Folha apurou que o presidente tende a atendê-lo, mas deverá exigir em troca a entrega do gerenciamento do governo a outro petista. Nas conversas recentes, o nome mais cotado para assumir essa função é o do governador do Acre, o petista Jorge Viana, que está no cargo há quase seis anos. Abriria mão de dois anos para coordenar o gerenciamento do governo.

No Palácio do Planalto, Viana é visto como um técnico competente e com bom trânsito político no PT e entre outras forças. Lembra-se, por exemplo, que tinha boa interlocução com os tucanos nos dois mandatos presidenciais de Fernando Henrique Cardoso.

Uma possibilidade menor é Lula nomear alguém de perfil puramente técnico, como a assessora especial Miriam Belchior. Miriam, nome de quem Lula gosta, já faz hoje na Casa Civil o papel de centralizar o gerenciamento, pois Dirceu ainda desempenha missões políticas e preside diversas câmaras de trabalho do Planalto.

Se vingar o retorno da articulação política às mãos de Dirceu, o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) iria para a pasta da Defesa, atualmente chefiada por José Viegas. Diplomata, o ministro da Defesa receberia uma embaixada de peso na Europa, por exemplo. Os militares aceitam bem Aldo, segundo consulta já realizada pelo Planalto junto às cúpulas das Forças Armadas.

O presidente gosta de Aldo, deputado federal pelo PC do B paulista. Lula o julga um aliado leal ao governo e alguém que tem sido bombardeado pelos petistas que sonham em retomar a articulação política. Mas o presidente avalia que Dirceu tem mais serviços prestados à sua causa e seria prioridade atendê-lo.

Em constante atrito com o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, voltou a ver a sua posição ameaçada. Detalhe: Lessa sobrevive a frituras desde o início do governo.

O que há de diferente agora? A Folha apurou que Lula não aguenta mais ouvir as queixas de Furlan a respeito de Lessa, em tese, subordinado à pasta do Desenvolvimento. Repete-se ainda no governo a crítica de que Lessa não é um bom operador, ao passo que Furlan tem colhido êxito com o incremento das exportações. Ou seja, estaria na hora de entregar a cabeça dele, como sonha o ministro do Desenvolvimento.

O resultado das articulações a favor da emenda constitucional que permitiria a reeleição dos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), também pesará nas avaliações que Lula fará na hora de bater o martelo a respeito da reforma ministerial.

Cresce no governo a sensação de que a aprovação da emenda está ficando cada vez mais difícil por conta do exíguo prazo. Se ela não vingar, cresce a chance de João Paulo ser acomodado em alguma posição ministerial.

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