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16/10/2004 - 09h11

Serra e Marta manipulam dados em debate

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SÍLVIA CORRÊA
PEDRO DIAS LEITE
da Folha de S.Paulo

No vale-tudo eleitoral, tanto Marta Suplicy (PT) quanto José Serra (PSDB) distorceram fatos, alteraram números e manipularam informações no primeiro debate do segundo turno, realizado anteontem à noite na TV Bandeirantes.

Para tentar esclarecer o que procede em meio à profusão de dados despejados sobre o telespectador, a Folha coletou ontem informações oficiais dos governos municipal, estadual e federal.

Dos dois lados houve afirmações, no mínimo, improcedentes. Visavam, em geral, desmerecer os atos administrativos do adversário, comprometer seus apoiadores ou valorizar as realizações pessoais do próprio candidato.

A maior parte dos embates --e das manipulações de informações-- se deu acerca de questões orçamentária, investimento de recursos ou forma de arrecadação. Depois vieram os programas propriamente ditos de educação, saúde, transportes etc.

A prefeita licenciada disse, por exemplo, que o custo do Rodoanel subiu "200%, 300%". Para chegar a esse número, comparou a previsão inicial de gasto só com as obras do trecho oeste com os custos totais do projeto, que incluem, por exemplo, a desapropriação de terrenos.

Na comparação de coisas que podem ser comparadas --obra com obra--, houve aumento, sim, no custo da obra do governo estadual, mas de 70%.

Em busca de uma melhor performance, o candidato tucano também disse o que quis. Afirmou, por exemplo, que a prefeita destinou R$ 2 milhões para o desenvolvimento da zona leste no Orçamento de 2005. De fato, na dotação de "incentivo seletivo para a área leste" o valor é esse, mas Serra omitiu previsões de gastos muito maiores para a região, como os R$ 69,5 milhões para as obras da avenida Jacu-Pêssego.

Há inúmeros outros exemplos. Para rebater a afirmação de que o candidato a vice em sua chapa, Gilberto Kassab (PFL), foi braço direito de Celso Pitta, Serra afirmou que um secretário de Marta (Jorge Wilheim, do Planejamento) foi assessor de Kassab. De fato, porém, Wilheim prestou um serviço, como consultor contratado pela USP, à confecção de um projeto de lei de urbanismo. Um laço, portanto, muito menos forte do que o candidato tucano sugeriu.

Marta rebateu. Para tentar mostrar que Serra não teria sido um bom ministro da Saúde, sugeriu que o tucano fez compras superfaturadas. Segundo o próprio ministério, porém, hoje nas mãos do PT, jamais houve uma compra pelo valor citado, apesar de o preço realmente ter caído, devido a mudanças no formato de compra.

Além dos casos mais flagrantes de distorções, houve outros momentos em que os candidatos citaram dados sem revelar a fonte ou informações que não foram confirmados pelos governos comandados por seus partidos.

Serra disse, por exemplo, que a qualidade do ensino piorou, mencionando o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica). O exame, no entanto, não oferece dados sobre os municípios. A campanha tucana afirmou ter obtido os dados, de modo sigiloso, mas não os exibiu.

Marta disse que tem hoje "15 mil ônibus novinhos", mas a Secretaria de Transportes fala em 8.596 veículos novos --incluindo na conta microônibus e vans.

Nem tudo, felizmente, foi informação incorreta. No meio do tiroteio, Serra e Marta também localizaram detalhes que o adversário procura esconder. Marta falou do metrô que fecha aos sábados e domingos, e o tucanos trouxe à tona cortes orçamentários em programas sociais da prefeitura.

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