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01/11/2004
-
16h14
JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio
O prefeito eleito em Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), afirmou hoje que sua vitória pode representar uma "Revolução de 30" na Baixada Fluminense. Segundo ele, a mudança na prefeitura pode pôr fim ao coronelismo na região.
A Revolução de 30 é considerada por alguns historiadores como o evento mais importante da história do Brasil no século 20. Ela marca o fim da Primeira República, com o golpe que levou Getúlio Vargas a tomar posse no dia 3 de novembro de 1930.
Lindberg derrotou Mario Marques, do PMDB, candidato à reeleição, que contava com o apoio da governadora Rosinha Matheus e do presidente do diretório regional do PMDB, Anthony Garotinho.
Segundo o prefeito eleito, a presença dos "velhos coronéis" na região atrapalhava o desenvolvimento econômico da Baixada Fluminense e do Estado. "Dificultavam o avanço de uma relação mais séria com os agentes econômicos no Estado e davam espaço para políticas populistas, atrasadas e reacionárias", disse.
Apesar do tom de mudança, Lindberg evitou aumentar o conflito com o governo do Estado. Ele afirmou que pretende telefonar para Rosinha ainda nesta semana. "De mim, não vai partir nenhum ataque porque esta é a maior derrota política que eles já tiveram, estão hoje num isolamento político violentíssimo", disse. No entanto, ele reconheceu que seu grande aliado será o governo federal.
Lindberg ressaltou a projeção da campanha em Nova Iguaçu com o apoio do presidente Lula. No primeiro turno, Garotinho chegou a ameaçar a prefeitura de corte de verbas para os programas em parceria com o governo do Estado caso Lindberg fosse eleito. Em visita ao Rio, Lula afirmou que o governo federal ajudaria financeiramente todos os prefeitos que fossem alvo de preconceito dos governos estaduais.
A derrota do PMDB na Baixada Fluminense representa uma redução nas forças políticas de Anthony Garotinho. O ex-governador sempre contou com o apoio da população da Baixada em outras eleições. Apesar de tentar manter a política de boa vizinhança com o governo estadual, Lindberg afirmou que não pretende contar com o apoio dos antigos governantes da região. "Não vou me compor com o grupo antigo porque sou a mudança aqui dentro", afirmou.
O apoio do prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, do PFL, será bem recebido. Lindberg afirmou que ele ajudará a indicar nomes para a composição do secretariado.
Cartão postal
Segundo Lindberg, o presidente vê a conquista da Prefeitura de Nova Iguaçu como o primeiro passo para aumentar a participação do partido no Estado. O PT teve o pior desempenho na capital do Rio desde 1985. O candidato Jorge Bittar ficou em quinto lugar, com apenas 6,31% dos votos.
De acordo com Lindberg, Lula teria dito que "a vitória não é nada, temos que fazer disso aqui um cartão postal do PT". O prefeito eleito descartou a hipótese de abandonar Nova Iguaçu para concorrer ao governo do Estado em 2006. Segundo ele, em dois anos não haveria tempo suficiente para implementar as mudanças necessárias.
O apoio do presidente foi definitivo para a vitória nas urnas, segundo Lindberg. O prefeito eleito já foi aliado da ala mais radical do PT que acabou sendo expulsa do partido, como Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro. Lindberg afirmou que o período foi o mais difícil de sua carreira política, mas que a amizade com Lula, que teria começado nos tempos em que ele era presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), foi mais forte. Lindberg entrou para a vida pública como líder dos estudantes no movimento de "impeachment" de Fernando Collor.
Projetos
O novo prefeito afirmou que irá reduzir os impostos em Nova Iguaçu. Para o próximo ano, haverá um desconto de até 50% para quem pagar o IPTU em cota única. A decisão foi motivada, segundo Lindberg, pela fraca arrecadação do município. De acordo com seus cálculos, menos de 30% dos residentes pagam a taxa. Isto porque Mario Marques teria feito reajustes "incompatíveis com a realidade da Baixada".
Saneamento e saúde deverão ser prioridade no próximo governo. Além disso, Lindberg afirmou que pretende atrair mais empresas para a região a fim de gerar novos empregos.
A vida cultural da cidade também deverá ganhar novos estímulos. Lindberg lembrou que teve dificuldades em assistir ao filme "Diários de Motocicleta" (de Walter Salles) na cidade. O filme narra a viagem do líder revolucionário Che Guevara pela América Latina.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Lindberg Farias
Vitória foi "Revolução de 30" na Baixada Fluminense, diz Lindberg
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da Folha Online, no Rio
O prefeito eleito em Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), afirmou hoje que sua vitória pode representar uma "Revolução de 30" na Baixada Fluminense. Segundo ele, a mudança na prefeitura pode pôr fim ao coronelismo na região.
A Revolução de 30 é considerada por alguns historiadores como o evento mais importante da história do Brasil no século 20. Ela marca o fim da Primeira República, com o golpe que levou Getúlio Vargas a tomar posse no dia 3 de novembro de 1930.
Lindberg derrotou Mario Marques, do PMDB, candidato à reeleição, que contava com o apoio da governadora Rosinha Matheus e do presidente do diretório regional do PMDB, Anthony Garotinho.
Segundo o prefeito eleito, a presença dos "velhos coronéis" na região atrapalhava o desenvolvimento econômico da Baixada Fluminense e do Estado. "Dificultavam o avanço de uma relação mais séria com os agentes econômicos no Estado e davam espaço para políticas populistas, atrasadas e reacionárias", disse.
Apesar do tom de mudança, Lindberg evitou aumentar o conflito com o governo do Estado. Ele afirmou que pretende telefonar para Rosinha ainda nesta semana. "De mim, não vai partir nenhum ataque porque esta é a maior derrota política que eles já tiveram, estão hoje num isolamento político violentíssimo", disse. No entanto, ele reconheceu que seu grande aliado será o governo federal.
Lindberg ressaltou a projeção da campanha em Nova Iguaçu com o apoio do presidente Lula. No primeiro turno, Garotinho chegou a ameaçar a prefeitura de corte de verbas para os programas em parceria com o governo do Estado caso Lindberg fosse eleito. Em visita ao Rio, Lula afirmou que o governo federal ajudaria financeiramente todos os prefeitos que fossem alvo de preconceito dos governos estaduais.
A derrota do PMDB na Baixada Fluminense representa uma redução nas forças políticas de Anthony Garotinho. O ex-governador sempre contou com o apoio da população da Baixada em outras eleições. Apesar de tentar manter a política de boa vizinhança com o governo estadual, Lindberg afirmou que não pretende contar com o apoio dos antigos governantes da região. "Não vou me compor com o grupo antigo porque sou a mudança aqui dentro", afirmou.
O apoio do prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, do PFL, será bem recebido. Lindberg afirmou que ele ajudará a indicar nomes para a composição do secretariado.
Cartão postal
Segundo Lindberg, o presidente vê a conquista da Prefeitura de Nova Iguaçu como o primeiro passo para aumentar a participação do partido no Estado. O PT teve o pior desempenho na capital do Rio desde 1985. O candidato Jorge Bittar ficou em quinto lugar, com apenas 6,31% dos votos.
De acordo com Lindberg, Lula teria dito que "a vitória não é nada, temos que fazer disso aqui um cartão postal do PT". O prefeito eleito descartou a hipótese de abandonar Nova Iguaçu para concorrer ao governo do Estado em 2006. Segundo ele, em dois anos não haveria tempo suficiente para implementar as mudanças necessárias.
O apoio do presidente foi definitivo para a vitória nas urnas, segundo Lindberg. O prefeito eleito já foi aliado da ala mais radical do PT que acabou sendo expulsa do partido, como Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro. Lindberg afirmou que o período foi o mais difícil de sua carreira política, mas que a amizade com Lula, que teria começado nos tempos em que ele era presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), foi mais forte. Lindberg entrou para a vida pública como líder dos estudantes no movimento de "impeachment" de Fernando Collor.
Projetos
O novo prefeito afirmou que irá reduzir os impostos em Nova Iguaçu. Para o próximo ano, haverá um desconto de até 50% para quem pagar o IPTU em cota única. A decisão foi motivada, segundo Lindberg, pela fraca arrecadação do município. De acordo com seus cálculos, menos de 30% dos residentes pagam a taxa. Isto porque Mario Marques teria feito reajustes "incompatíveis com a realidade da Baixada".
Saneamento e saúde deverão ser prioridade no próximo governo. Além disso, Lindberg afirmou que pretende atrair mais empresas para a região a fim de gerar novos empregos.
A vida cultural da cidade também deverá ganhar novos estímulos. Lindberg lembrou que teve dificuldades em assistir ao filme "Diários de Motocicleta" (de Walter Salles) na cidade. O filme narra a viagem do líder revolucionário Che Guevara pela América Latina.
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