Suplicy considera "positiva" a decisão do STF de deixar com Lula palavra final sobre Battisti

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse hoje que o julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a extradição de Cesare Battisti, que determinou que a palavra final será do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi "positivo".

Após mais de seis horas de sessão, o Supremo encerrou a terceira audiência sobre o caso com a aprovação do envio do ex-militante de esquerda à Itália, como requere este país. Contudo, a decisão final caberá ao presidente, que poderá ainda refutar o veredicto dos magistrados.

"Achamos que o resultado foi positivo, mas a decisão é do presidente e ele terá a palavra final", disse Suplicy.

Questionado sobre a posição do presidente em relação ao ex-integrante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, o senador disse que não poderia responder, mas afirmou estar "otimista".

Suplicy também preferiu não opinar sobre a greve de fome iniciada por Battisti na última semana, mas aconselhou o italiano a deixar o protesto.

Já o advogado Luís Roberto Barroso, que atua na defesa e acompanhava Suplicy no STF, disse confiar em Lula e alertou que o ex-ativista do PAC correria riscos se voltasse ao seu país.

Segundo declarou o jurista à Ansa, o ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, prometeu que "iria torturar" Battisti, se ele fosse parar nas prisões italianas.

Battisti é condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana por quatro homicídios cometidos na década de 1970. Após mais de 20 anos foragido, ele foi preso em 2007 e, em janeiro passado, recebeu do ministro da Justiça, Tarso Genro, o status de refugiado político.

Na ocasião, Tarso considerou a existência de "fundado temor de perseguição" contra o italiano, o que foi repudiado por Peluso (relator do processo no STF).

Na primeira audiência do Supremo, o ministro declarou que o italiano é condenado por "crimes comuns" e afirmou que a concessão do benefício dado pelo governo brasileiro era "ilegal".

A posição de Peluso foi apoiada hoje pelo presidente da casa, Gilmar Mendes. "Deve-se recordar que os delitos se tratam, na verdade, de quatro homicídios premeditados isoladamente, cometidos fora do contexto de rebelião", disse hoje o presidente do STF.