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11/11/2004 - 21h15

Novo governador de RR defende independência do governo Lula

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JAIRO MARQUES
da Agência Folha, em Petrolina

Em seu primeiro dia de mandato, após ter sido conduzido ao cargo de governador de Roraima por ordem do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Ottomar Pinto (PTB), 72, disse que terá uma postura "independente" em relação ao governo federal.

Pinto fez críticas ao seu antecessor, o cassado Flamarion Portela (afastado do PT), e à Funai (Fundação Nacional do Índio). Segundo o governador, ele não pretende se alinhar ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário de seu partido.

"O PTB tem um alinhamento incondicional e irrestrito ao governo. Entendo que eu deva ajudar na governabilidade, mas isso não quer dizer que eu apóie incondicionalmente o que é feito. Minha postura será independente. Sou mais liberal", disse.

Ele afirmou não ter receio de que um novo recurso o tire do cargo. Os advogados do governador cassado Flamarion Portela recorreram ontem ao Supremo Tribunal Federal da decisão do TSE.

"Ele [Portela] teve uma eleição imoral. Agora, como ele está fora do cargo, não poderá mais mexer com os recursos do Tesouro do Estado para pagar advogados. Estou tranqüilo."

A respeito do "escândalo dos gafanhotos", fraude na folha de pagamento do Estado que desviou cerca de R$ 230 milhões, o governador afirmou que "nada será ocultado". "Vamos tirar Roraima das páginas policiais e colocar nas páginas de economia e de política. O governo será austero. Os problemas serão mostrados. Os desvios que aconteceram não vão ser ocultados. Tudo que for possível fazer para reaver o dinheiro será feito."

Pinto declarou que é contrário à demarcação de forma contínua da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, área de 1,69 milhão de hectares no nordeste do Estado, foco de conflitos entre arrozeiros e índios que vivem na região.

"A Funai ocupa um prédio em Brasília e tem sob sua responsabilidade mais de 250 mil índios em todo o país, com um pequeno orçamento que não é suficiente para atender todas as comunidades", afirmou Ottomar. Se essa área [Raposa] for transformada em contínua, todo o poder sobre ela será federal. Hoje e sempre quem deu apoio aos índios foi o Estado e os municípios. Sem eles, os índios vão mergulhar na miséria, morrer de fome."

De acordo com Pinto, "a Funai não dá absolutamente nada para o índios. A Funai só se preocupa com terra".

O governador afirmou que é candidato em 2006. "Acredito que o nosso trabalho vai tocar o coração e a mente do povo. Em 2006, obviamente, eu vou me candidatar para consolidar as ações moralizadoras e administrativas que estamos tomando hoje."

Outro lado

O governador cassado Flamarion Portela (que se afastou do PT) disse, por meio de sua assessoria de imprensa em Brasília, que não iria comentar as declarações de Ottomar Pinto.

A assessoria informou apenas que o atual governador vai encontrar uma "casa arrumada" para ser administrada, com amplas reformas em andamento e com "dinheiro no caixa".

Portela não fala com a imprensa desde o início da semana. Seus assessores em Boa Vista não atendem ao telefone ou não respondem às mensagens deixadas.

A Folha entrou em contato com a assessoria de comunicação da Funai (Fundação Nacional do Índio) e informou sobre as declarações do novo governador de Roraima sobre o órgão. Até o fechamento da reportagem, ninguém havia respondido às críticas.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Flamarion Portela
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