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20/11/2004 - 19h14

Viúva de Furtado diz que morte foi "simbólica" porque sucedeu queda de Lessa

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JANAÍNA LAGE
da Folha Online, no Rio

A viúva do economista Celso Furtado, Rosa, afirmou hoje durante o velório do corpo do marido, no Rio de Janeiro, que a morte "foi uma coisa simbólica", porque ocorreu um dia após a demissão de Carlos Lessa da presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O corpo do economista é velado na ABL (Academia Brasileira de Letras), no Rio de Janeiro, para a qual ele foi eleito em agosto de 1997.

Furtado morreu hoje, ao meio-dia, em seu apartamento em Copacabana (zona sul do Rio), aos 84 anos, vítima de um colapso cardíaco. O enterro será amanhã, às 11h, no mausoléu da ABL, no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul).

"[A morte] Foi uma coisa um pouco simbólica. Foi um dia depois que o Carlos Lessa saiu [do BNDES]. Ele [Furtado] não assinou o manifesto [pela permanência de Lessa no banco], não tinha nada contra [o manifesto], mas falou: 'eu sou tão amigo do Lessa, que ao invés de assinar um manifesto frio, prefiro mandar um e-mail direto para ele'", disse a viúva.

Segundo ela, no e-mail Furtado dizia que percebia tardiamente que Lessa "estava sofrendo pressões para mudar o comportamento, mas que achava que ele [Lessa] ia saber levar aquilo adiante". "Foi um abraço de solidariedade", afirmou.

Ela disse ainda que Furtado, nascido na Paraíba, costumava brincar com Lessa, que é carioca. "Nordestino está mais acostumado a levar paulada."
Carlos Lessa, que compareceu ao velório, afirmou que "não achava que se tratava de uma despedida, mas uma carta a um amigo".

"Ele esperava que eu desse continuidade aos sonhos da vida dele. Não acho que foi uma despedida, mas uma carta a um amigo. O Brasil perdeu um brasileiro com 'B' maiúsculo. É uma figura admirável que saiu da Paraíba, conquistou o mundo, mas manteve a alma no país. Sempre sonhou com um Brasil desenvolvido, socialmente justo e culturalmente interessante", disse Lessa.

Rosa Furtado disse que o marido acabou o prefácio de um livro de um autor português, "falando sobre o otimismo que percebia no país, com mão-de-obra grande e recursos naturais". "Ele dizia que vai dar certo", afirmou.

"Apesar de toda essa coisa, que tem muita gente aborrecida como governo, a idéia dele era não fazer nada que pudesse atrapalhar. Ele tinha muita simpatia pelo Lula", afirmou.

Além do ex-presidente do BNDES, comparecem ao velório nesta tarde o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e a economista Maria da Conceição Tavares.

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