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Temer diz que continua firme na presidência da Câmara e critica divulgação de fita com seu nome
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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), reagiu nesta terça-feira às acusações de seu suposto envolvimento no mensalão no DEM no Distrito Federal e de que teria recebido recursos não-declarados à Justiça Eleitoral da construtora Camargo Corrêa. Sentado à cadeira de presidente da Casa, Temer disse que se mantém firme no cargo para cumprir o seu dever no comando da Câmara uma vez que as acusações são mentirosas e levianas.
"Quero dizer em alto e bom som e, se quiserem, escrever letras garrafais: que, no dia em que eu não tiver condições morais íntimas --não é condição moral decretada por vilões ou por pessoas sem qualificação--, eu jamais deslustrarei o Poder Legislativo brasileiro. Eu continuo nesta cadeira, firme, tranquilo e absolutamente sereno, com a convicção de que cumpro o meu dever", disse ao ser aplaudido pelo plenário da Casa.
Temer afirmou que "não ficou só nas palavras" e já ingressou na Justiça contra os responsáveis por divulgar o seu nome e de outros deputados do PMDB em um conversa --na qual afirmam que a cúpula peemedebista estaria envolvida no mensalão do DEM. "Palavras voam, o escrito permanece. E o escrito que permanece é a queixa-crime que todos nós movemos contra esses cidadãos que, inconsequentemente, registraram aquela matéria divulgada, lamentavelmente, para todo o país", afirmou.
Na semana passada, Temer (presidente licenciado do PMDB) foi acusado de receber uma suposta doação de R$ 410 mil da construtora Camargo Corrêa durante a campanha eleitoral de 1998. A denúncia foi publicada pelo portal iG com base em planilha encontrada pela Polícia Federal durante a Operação Castelo de Areia --que apura supostos crimes cometidos por diretores da Camargo Correa e doações feitas a partidos-- na casa de Pietro Francesco Giavina Bianchi, diretor da construtora.
Temer também foi citado em uma conversa entre Alcir Colaço, dono do jornal "Tribuna do Brasil", e Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, de que teria supostamente recebido propina do esquema do mensalão no Distrito Federal ao lado dos deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Tadeu Filipelli (PMDB-DF).
Assim como Temer, Alves e Cunha ocuparam hoje a tribuna da Câmara para se defender das acusações. O líder do PMDB classificou de "absurdas, irresponsáveis e criminosas" as afirmações que ligam a cúpula do partido ao mensalão no DF. Alves disse que, assim como Temer, espera as providências judiciais para que sejam reparados legalmente sobre as denúncias.
"Eu peço apenas que me perdoem aqui e acolá um momento de emoção que possa me tomar pela indignação, pela revolta de, ao ser surpreendido por uma denúncia torpe, absurda, bandida, criminosa, desqualificada de um sujeito [Collaço], contra o qual já entrei na Justiça com a queixa-crime por calúnia e difamação e estou entrando amanhã com outra na Justiça Cível por danos morais", afirmou Alves.
Cunha, por sua vez, acusou indiretamente o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) pela citação da cúpula do PMDB no diálogo. "Esses meliantes não só vão receber o tratamento que merecem, mas que por trás disso estão pessoas que nós sabemos quem são. Pessoas que saíram do mandato pela porta dos fundos, que deixaram o partido e que, se Deus quiser, não voltarão mais. Deveriam ter deixado quando saíram do mandato pela porta dos fundos.'
Eleições
A cúpula do PMDB atribui à disputa eleitoral de 2010 a divulgação de nomes de quatro deputados do partido que supostamente teriam recebido recursos no esquema do mensalão do DEM no Distrito Federal. Como Temer é cotado para disputar a vice-presidência da República na chapa da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o partido acredita que há motivação política nas acusações.
Irritados com o envolvimento do partido no caso, os peemedebistas ingressaram na Justiça com queixa-crime contra a divulgação do vídeo.
Além da vice-presidência, o PMDB também acredita que a disputa pelo governo do Distrito Federal em 2010 tenha motivado as denúncias. O ex-governador do DF Joaquim Roriz (PSC) rompeu com o PMDB neste ano depois que o partido decidiu apoiar a reeleição de Arruda no ano que vem --ao invés de lança-lo como candidato próprio da legenda.
A Folha teve acesso ao vídeo no qual Collaço fala sobre uma suposta propina paga aos caciques peemedebistas na Câmara. Na gravação, Barbosa diz que Arruda "dava 1 milhão por mês para Filippelli". Collaço fala em outro valor e detalha a suposta partilha: "É 800 pau [sic]. Quinhentos pro Filippelli, 100 para o Michel, 100 para Eduardo, 100 para Henrique Alves".
O vídeo foi entregue à Polícia Federal, mas não há menção a gravação a nenhum dos peemedebistas citados. Deputados federais só são investigados com autorização do Supremo Tribunal Federal.
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