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27/01/2005 - 13h30

Lula responde a vaias e defende política externa no Fórum Social

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CAIO JUNQUEIRA
Enviado especial da Folha Online a Porto Alegre

Em discurso no lançamento da campanha "Chamada Global para Ação contra a Pobreza", no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu setores do seu governo, em especial a política externa, e respondeu às vaias de manifestantes dizendo que eram coisas da "juventude" e que eles eram "filhos do PT".

"Nós ficamos olhando o tempo inteiro para a Europa e para os Estados Unidos e ficamos de costas para a África e a Ásia. Hoje é diferente, graças a uma política externa arrojada e propositiva", disse.

Lula disse que a política externa de seu governo visa equiparar as forças entre os países ricos e pobres. "Visitamos sete países do Oriente Médio. O último governante a visitar o Líbano tinha sido dom Pedro 2º. Depois fomos para a Índia e para a China. Achamos que esses países juntos podem mudar a correlação de forças para que possamos ter uma predominância da maioria do países e não só dos países ricos", acrescentou.

Na opinião do presidente, os países emergentes devem se unir para ter mais força para negociar externamente. "Aprendi no movimento sindical que quando a gente é mais fraco tem que juntar com outros fracos para ficar forte. Precisamos juntar os iguais para que a gente possa fazer presença e mudar a geografia do mundo."

Dentre as realizações mencionadas na política externa, Lula mencionou que esteve África, no Oriente Médio, participou da criação do G3 (grupo que faz parte Brasil, África do Sul e Índia) e que tenta fechar um acordo bilateral entre a União Européia e o Mercosul.

De acordo com o presidente, o Brasil tem uma dívida histórica com a África. "Uma parte da elite brasileira tinha vergonha de olhar para a África. Em dois anos, visitei mais países da África do que todos os outros presidentes. Uma parte do que o Brasil é se deve a África", afirmou.

O presidente defendeu ainda uma ação conjunta entre Brasil e Argentina. "A América do Sul e o Mercosul não serão os mesmos se o Brasil e a Argentina não tiverem uma ação conjunta para dar confiança aos outros países."

Outros setores

Entre os setores do governo citados no discurso, o presidente citou a área ambiental. "Nós, em dois anos, já demarcamos 47 terras indígenas e instituímos 5 milhões de hectares em reservas florestais --500% a mais que outros governos", informou.

Lula falou também sobre os programas federais de transferência de renda e disse que o governo irá realizar, até o final de seu mandato, obras de infra-estrutura em estradas e ferrovias.

De forma velada, Lula criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que ontem disse que Lula deveria "estudar mais história do Brasil". "Quando terminar meu mandato, não vou nem para a França nem para os Estados Unidos fazer pós-graduação. Vou para São Bernardo do Campo [Grande São Paulo], que é onde eu sempre vivi e onde estão meus companheiros."

Vaias, aplausos e gafes

O discurso foi marcado por vaias e aplausos do público presente no ginásio Gigantinho. Ao mesmo tempo que um grupo de 50 estudantes do Rio de Janeiro vaiava trechos do discurso, petistas usando camisetas, que diziam "100% Lula", aplaudiam as palavras do presidente.

Apesar da "blindagem" do PT para evitar a presença de manifestantes, a organização não conseguiu impedir que um grupo de estudantes e militantes do P-SOL vaiasse o presidente dentro e fora do ginásio Gigantinho, onde ocorria o evento.

Ao ouvir as vaias, Lula interrompeu o discurso e disse que talvez os participantes estrangeiros não estivessem entendendo. "Esses que não querem ouvir, são filhos do PT. É próprio da juventude, um dia eles amadurecerão, à casa retornarão e nós receberemos eles de braços abertos. Os meus filhos vão voltar para a casa porque verão que as coisas estão funcionando muito bem", disse.

Ao dizer que a América Latina passa por uma evolução nos último dois anos, Lula chamou o atual presidente da Argentina, Nestor Kirchner, de "companheiro Menem", em alusão ao ex-presidente argentino Carlos Menem (1989-1999).

"Há pouco mais de dois anos um país importante como a Argentina sequer tinha visão de eleger um presidente da República, porque se imaginava que o Menem voltaria a ser presidente. O que aconteceu na Argentina é que o companheiro Menem [na verdade, Nestor Kirchner] assumiu a presidência da Argentina e está mudando não apenas a relação do governo com seu povo, mas está contribuindo para mudar a relação entre os Estados da América Latina."

Petistas

Na platéia, estavam os ministros Olívio Dutra (Cidades), Marina Silva (Meio Ambiente), Tarso Genro (Educação), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), Gilberto Gil (Cultura), Dilma Rousseff (Minas e Energia), Luiz Dulci (Secretaria Geral), Nilmário Miranda (Secretaria Especial dos Direitos Humanos), Nilcéa Freire (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres) e Matilde Ribeiro (Promoção da Igualdade Racial).

Além deles, também prestigiaram Lula, o presidente nacional do PT, José Genoino, o senador Eduardo Suplicy, e o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho.

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