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09/02/2005 - 20h46

Índia de 3 anos morre de desnutrição

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

Uma menina índia com três anos e 11 meses de idade morreu de desnutrição, segundo atestado de óbito, ontem em Dourados (219 km de Campo Grande). É o segundo caso neste ano.

No dia 11 de janeiro, morreu um bebê indígena de apenas oito meses de vida. Durante 2004, a desnutrição matou 15 índios menores de cinco anos nas aldeias de Mato Grosso do Sul, segundo a Funasa (Fundação Nacional de Saúde).

Em janeiro, a Folha informou que a mortalidade infantil entre os índios de Mato Grosso do Sul aumentou 25% em 2004 e chegou a 60 por mil nascidos vivos enquanto a média da população brasileira, segundo o Ministério de Saúde, é 24 por mil.

Dados da Funasa apontam que 12% dos índios menores de cinco anos estão desnutridos (1.091 crianças) e que 15% (1.360) vivem na faixa de risco com peso abaixo do normal para a idade.

Entre os guaranis e caiuás, etnias às quais pertencem as crianças que morreram de fome em 2004 e neste ano, a desnutrição infantil chega a 15%, ou seja, quase o triplo dos 5,7% verificados entre a população não-índia no Brasil.

O Centro de Recuperação de Desnutridos, mantido em Dourados pela Missão Evangélica Caiuá, estava ontem com 34 crianças internadas.

Para um projeto de combate à desnutrição e fortalecimento da agricultura nas aldeias, a Funai (Fundação Nacional do Índio) pediu R$ 3,5 milhões ao G8 formado pelos países mais ricos do mundo (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) e a Rússia.

O Ministério do Desenvolvimento Social mantém um Fome Zero Indígena nas aldeias de Mato Grosso do Sul. O governo do Estado recebeu R$ 5 milhões, de agosto a novembro de 2003, mas ainda falta aplicar no projeto R$ 1 milhão, verba parada nos cofres públicos.

O médico Antônio Aurélio Teixeira de Carvalho Neto disse que o caso da criança morta ontem pode ser mais grave ainda, pois os pais da menina não deixavam a equipe de saúde da Funasa tratar da menina desnutrida.

"Eu mesmo fui expulso da casa pelo pai. Foi em dezembro. Às vezes, os índios pensam que a gente quer tomar a criança. Só uma necropsia para saber o que exatamente causou a morte da criança", afirmou Neto.

A uma emissora de rádio de Dourados o índio Sebastião Isnarde, 24, pai da criança, disse ontem que a filha passava fome, pois a família não recebia cestas de alimento do Estado.

O governo estadual informou que destinará mais 1.200 cestas do programa Fome Zero às aldeias por mês, além das 1.782 que são entregues atualmente.

 

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