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15/02/2005
-
03h43
da Folha Online
Em seu terceiro mandato consecutivo, o pernambucano Severino José Cavalcanti Ferreira (PP), 74, construiu sua candidatura à presidência da Câmara com a promessa de elevar salários e de melhorar as condições financeiras de atuação dos colegas deputados.
Com forte apelo no chamado baixo clero, o deputado pernambucano faz parte da mesa diretora da Câmara há oito anos --mesmo período em que tenta a presidência da Casa.
Cavalcanti ficou conhecido na Câmara por lançar sua candidatura independente em outras duas ocasiões. Apesar da candidatura, o deputado sempre acabava entrando em acordo com os demais candidatos e desistia da disputa. Pelo acordo, ele apresentava a sua desistência e, em contrapartida, recebia um outro cargo na mesa.
Dessa vez, porém, Cavalcanti preferiu pagar para ver e foi até o fim com sua candidatura.
Severino Cavalcanti foi prefeito de João Alfredo, sua cidade natal, de 1964-1966, pela UDN (União Democrática Nacional), partido que liderou a oposição a Getúlio Vargas quando o presidente ainda era vivo --morreu em agosto de 1954.
Hoje no PP, Cavalcanti passou por diversos partidos após sua estréia pela UDN. Em 1966, entrou para a Arena (Aliança Renovadora Nacional), o partido de sustentação da ditadura militar. Em 1980, foi para o PDS e, em 1987, para o PDC (Partido Democrata Cristão), onde permaneceu até 1990, quando entrou no PL (Partido Liberal).
Ficou pouco no PL, apenas até 1992, quando foi para o PPR. Em 1994, transferiu-se para o PFL e no ano seguinte, para o PPB, onde permaneceu até 2003, quando o partido mudou o nome para PP.
Polêmica
O novo presidente da Câmara foi o autor da denúncia que levou o governo militar a expulsar do país o padre italiano Vito Miracapillo, em 31 de outubro de 1980.
Cavalcanti liderou o movimento contra o religioso porque ele se recusou a celebrar uma missa comemorativa à Independência. Miracapillo alegou que o país ainda não havia efetivamente conquistado a sua independência.
Ligado à ala progressista da Igreja Católica, o padre, que vivia no Brasil desde 1975, atuava em Ribeirão (a 100 km de Recife, PE), município localizado na Zona da Mata, uma das áreas de influência do deputado, à época.
O parlamentar formalizou a denúncia ao então ministro da Justiça, Ibrahim Abi Ackel, e, pouco mais de um mês depois, no dia 15 de outubro, o presidente da República, general João Baptista Figueiredo, assinou a expulsão.
O instrumento legal usado para banir Miracapillo do país foi o Estatuto do Estrangeiro, que havia sido recentemente aprovado e que proíbe os estrangeiros admitidos no Brasil de exercer atividade de natureza política (a mesma lei foi utilizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar banir do país o jornalista americano Larry Rohter, no ano passado).
O decreto de expulsão de Miracapillo foi revogado em março de 1993 pelo presidente Itamar Franco, mas o padre --que hoje, aos 60 anos, vive na Itália --ainda não pode morar no Brasil porque aguarda a anistia.
A expulsão de Miracapillo teve repercussão internacional, mas em nenhum momento o parlamentar, na época filiado ao PDS, mostrou arrependimento. Ele justificou seu ato afirmando que o padre estava desagregando os moradores de Ribeirão.
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Em seu terceiro mandato consecutivo, o pernambucano Severino José Cavalcanti Ferreira (PP), 74, construiu sua candidatura à presidência da Câmara com a promessa de elevar salários e de melhorar as condições financeiras de atuação dos colegas deputados.
Com forte apelo no chamado baixo clero, o deputado pernambucano faz parte da mesa diretora da Câmara há oito anos --mesmo período em que tenta a presidência da Casa.
Sérgio Lima/FI |
O deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) |
Dessa vez, porém, Cavalcanti preferiu pagar para ver e foi até o fim com sua candidatura.
Severino Cavalcanti foi prefeito de João Alfredo, sua cidade natal, de 1964-1966, pela UDN (União Democrática Nacional), partido que liderou a oposição a Getúlio Vargas quando o presidente ainda era vivo --morreu em agosto de 1954.
Hoje no PP, Cavalcanti passou por diversos partidos após sua estréia pela UDN. Em 1966, entrou para a Arena (Aliança Renovadora Nacional), o partido de sustentação da ditadura militar. Em 1980, foi para o PDS e, em 1987, para o PDC (Partido Democrata Cristão), onde permaneceu até 1990, quando entrou no PL (Partido Liberal).
Ficou pouco no PL, apenas até 1992, quando foi para o PPR. Em 1994, transferiu-se para o PFL e no ano seguinte, para o PPB, onde permaneceu até 2003, quando o partido mudou o nome para PP.
Polêmica
O novo presidente da Câmara foi o autor da denúncia que levou o governo militar a expulsar do país o padre italiano Vito Miracapillo, em 31 de outubro de 1980.
Cavalcanti liderou o movimento contra o religioso porque ele se recusou a celebrar uma missa comemorativa à Independência. Miracapillo alegou que o país ainda não havia efetivamente conquistado a sua independência.
Ligado à ala progressista da Igreja Católica, o padre, que vivia no Brasil desde 1975, atuava em Ribeirão (a 100 km de Recife, PE), município localizado na Zona da Mata, uma das áreas de influência do deputado, à época.
O parlamentar formalizou a denúncia ao então ministro da Justiça, Ibrahim Abi Ackel, e, pouco mais de um mês depois, no dia 15 de outubro, o presidente da República, general João Baptista Figueiredo, assinou a expulsão.
O instrumento legal usado para banir Miracapillo do país foi o Estatuto do Estrangeiro, que havia sido recentemente aprovado e que proíbe os estrangeiros admitidos no Brasil de exercer atividade de natureza política (a mesma lei foi utilizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar banir do país o jornalista americano Larry Rohter, no ano passado).
O decreto de expulsão de Miracapillo foi revogado em março de 1993 pelo presidente Itamar Franco, mas o padre --que hoje, aos 60 anos, vive na Itália --ainda não pode morar no Brasil porque aguarda a anistia.
A expulsão de Miracapillo teve repercussão internacional, mas em nenhum momento o parlamentar, na época filiado ao PDS, mostrou arrependimento. Ele justificou seu ato afirmando que o padre estava desagregando os moradores de Ribeirão.
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