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01/03/2005 - 12h35

Deputado petista diz que prefeito de Anapu era adversário de missionária

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da Folha Online

O prefeito de Anapu (PA), Luiz dos Reis Carvalho (PTB), era adversário da missionária Dorothy Stang, 73, assassinada no último dia 12 na cidade. A informação foi dada pelo deputado federal José Geraldo (PT-PA), em entrevista ao site do PT.

José Geraldo mora e atua na região e defende que as investigações sobre o assassinato da freira sejam aprofundadas para revelar o consórcio que estaria por trás do crime. A polícia investiga a hipótese da formação de um consórcio para a preparação e execução do crime.

O envolvimento do prefeito foi apontado pelos pistoleiros acusados de matar a freira. Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, disseram ontem, à comissão do Senado, criada para acompanhar as investigações sobre a morte da missionária, que o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, citado como mandante do crime, teria dito que Luiz dos Reis Carvalho financiaria as despesas de advogados, caso eles fossem presos.

PDS

Para o deputado José Geraldo, embora a acusação tenha sido feita por criminosos, que já admitiram o crime, ela precisa ser verificada. "Tem de investigar sim. O prefeito sempre foi contra o PDS [Projeto de Desenvolvimento Sustentável, defendido pela missionária]. Na campanha, ele disse publicamente que iria acabar com o PDS", disse o congressista.

José Geraldo informou também que Luiz dos Reis Carvalho compareceu a uma reunião de prefeitos da região, no município de Senador José Porfírio, que eram contra os projetos de criação de reservas extrativas e de reforma agrária do governo federal. A reunião foi realizada 15 dias antes de a missionária ser assassinada.

"O tema da reunião, o dia inteiro, era discutir a questão das reservas e do PDS. A Dorothy era um dos alvos. Ele particularmente fazia uma ofensiva muito grande contra a irmã Dorothy. É um prefeito que não merece confiança", criticou o deputado petista.

Inquérito

As polícias Federal e Civil entregaram nesta segunda-feira à Justiça o inquérito concluído sobre o assassinato da missionária, cumprindo o prazo penal estabelecido para o processo, que é de dez dias, a contar da data da prisão do primeiro acusado, Amair Feijoli da Cunha, o Tato, suposto intermediário do crime. Ele se apresentou no sábado, dia 19, à Polícia Civil do Pará em Altamira.

A conclusão da polícia de que o caso da morte da irmã Dorothy está esclarecido é, para José Geraldo, uma avaliação incompleta. "O caso está esclarecido até o mandante. Há a avaliação de que existe um grupo de articuladores. Tem de investigar a fundo. Se parar somente nesse mandante, a população não vai ficar satisfeita", disse.

Para fundamentar sua tese, o deputado petista disse que o fazendeiro apontado como mandante não teria condições financeiras de bancar as despesas para a preparação e execução do crime. "Dificilmente ele poderia dispor de R$ 50 mil ou R$ 100 mil para pagar os pistoleiros, como os acusados estão falando", declarou José Geraldo.

Mandante

O acusado de ser o mandante do crime, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, negocia sua entrega --por meio de advogados--com a cúpula da Polícia Federal. A PF divulgou na sexta-feira uma foto recente de Bida.

Três agentes do FBI (Polícia Federal dos EUA), que acompanham as investigações do caso, visitaram neste fim de semana o local onde a missionária foi assassinada.

Fuga

A Polícia Federal prendeu na tarde deste sábado em Belo Monte, no oeste do Pará, dois homens acusados de dar suporte a fuga do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura.

Segundo a PF, os presos Magnaldo Santos, o Negão, e Cleoni Santos trabalhavam como vaqueiros na fazenda de Bida. Os dois negaram a acusação em depoimento dado ao delegado da PF em Altamira, Ualame Machado.

Os dois vaqueiros tiveram a prisão temporária decretada na sexta-feira pela Justiça do Pará. Um terceiro homem ligado a Bida também teve a prisão decretada e é procurado na região de Anapu e Altamira.

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