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15/03/2005 - 21h37

80 crianças xavantes morreram em MT em 2004

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

Um relatório da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) aponta que 80 crianças indígenas xavantes menores de cinco anos morreram nas aldeias de Mato Grosso em 2004. Outras três tinham sete anos. Doze nasceram mortas. Entre os adultos, 21 morreram, na maioria idosos. Ou seja, num total de 116 óbitos listados, 81,8% foram de crianças índias.

A mortalidade infantil nas aldeias dos xavantes é a maior entre os povos indígenas do Brasil. Segundo a Funasa, chegou a 133,8 por mil nascidos vivos em 2004, aumento de 22,19% em relação a 2003.

A marca se aproxima do índice dos países mais pobres da África e é cinco vezes maior do que a verificada na população brasileira não-índia (24,3 por mil nascidos, dado do Ministério da Saúde relativo a 2003).

O índice de mortalidade infantil aponta, porém, apenas as mortes de crianças menores de um ano. O relatório da Funasa, enviado à Funai (Fundação Nacional do Índio), ao qual a Folha teve acesso, traz uma lista de 80 crianças mortas que tinham de poucas horas de vida a até quatro anos, além de três com sete anos e as 12 nascidas sem vida.

Neste ano, até o dia 23 de fevereiro, data da última morte listada no relatório, morreram sete crianças. A Funasa confirmou que foram cinco casos por desnutrição e admitiu que outra morte (não notificada) pode ter ocorrido pelo mesmo motivo, totalizando seis. No ano passado, a fome fez outras quatro vítimas.

MT

Em Mato Grosso, vivem cerca de 12 mil xavantes em 173 aldeias localizadas nas regiões sudeste e nordeste do Estado. "As crianças morrem de febre, tuberculose, não é desnutrição", disse hoje o líder xavante Bruno Omorê, 39.

"Os funcionários [da Funasa] nunca vão à aldeia. As Ongs [organizações não-governamentais] só pegam dinheiro, mas o recurso não chega para tratar os índios. O [presidente] Lula tem que fazer a área de saúde voltar para a Funai", afirmou o líder.

Procurado pela reportagem, o chefe substituto do Distrito Sanitário Especial Indígena dos xavantes, Otacílio Rosa, disse que somente a coordenação da Funasa falaria sobre as causas da morte das crianças. Rosa assina o relatório. O coordenador em Cuiabá, Jossy Soares Santos da Silva, foi procurado três vezes, das 15h às 19h10 (horários de Brasília), mas estava em reunião.

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