Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
15/01/2010 - 17h01

Entidades reclamam de mudança em plano e defendem processo democrático

Publicidade

MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

Entidades ligadas aos Direitos Humanos criticaram nesta sexta-feira a mudança realizada pelo governo no 3º Programa Nacional de Direitos Humanos para atender aos militares, estabelecendo uma nova avaliação sobre a criação da Comissão da Verdade para apurar casos de violação de direitos humanos durante a ditadura militar.

Reunidos em Brasília, representantes dos conselhos nacionais de políticas públicas avaliaram que as modificações no texto precisam ser realizadas de forma "democrática", envolvendo movimentos sociais e ministérios.

Segundo o assessor de Direitos Humanos do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), Alexandre Cicconello, as entidades temem que o texto acabe "desconfigurado".

"A nossa avaliação é que o programa tem que ser modificado de forma democrática, assim como ele foi construído. O texto não nasceu da noite para o dia. Essa questão da Comissão da Verdade, por exemplo, ficou mais de quatro meses sendo negociada. A nossa preocupação agora, com a pressão desses outros setores conservadores, é que o texto seja desconfigurado. O ideal, então, seria que essas alterações fossem feitas por movimentos sociais e os ministérios envolvidos", disse.

Além dos militares, o programa enfrenta resistências entre representantes do agronegócio, da Igreja Católica, de setores da mídia. Os grandes produtores reclamam porque o texto estabelece mudanças na lei que, segundo eles, dificultariam a desocupação de terras invadidas, condicionando, por exemplo, a desocupação a audiências públicas com participação dos invasores.

Outra crítica aponta que o programa oferece riscos à liberdade de expressão com o acompanhamento da linha editorial e penalidades para quem for taxado pelo governo de violador dos direitos humanos. A igreja ainda reclama da descriminalização do aborto. Segundo o governo, o decreto tem a aval de 27 dos 37 ministros.

"São setores conservadores que não compreendem que a sociedade brasileira é formada por sua pluralidade. Na verdade, eles temem perder privilégios. Afinal, muitas ações previstas no programa fazem parte de compromissos que já foram assumidos pelo Brasil internacionalmente", afirmou o assessor.

Para Cicconello, as divergências não podem diminuir os avanços que o programa apresenta. "Mais de 14 mil pessoas discutiram e participaram da elaboração do programa. Não foi uma proposta feita na correria. O debate não pode ficar restrito apenas à radiodifusão, aborto, agronegócio e militares. Tem a questão da segurança pública, entre outras, que não podem ser esquecidas. O programa tem qualidade", disse.

Na segunda-feira, as entidades participam de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Na reunião, devem apresentar uma avaliação técnica dos setores que fazem parte do programa de direitos humanos.

Comentários dos leitores
Deisi Gonçalves (1) 01/02/2010 14h33
Deisi Gonçalves (1) 01/02/2010 14h33
Será que se a concepção fosse um privilégio masculino o aborto ainda seria proibido? sem opinião
avalie fechar
Edivaldo Cardoso (160) 31/01/2010 07h47
Edivaldo Cardoso (160) 31/01/2010 07h47
Sr Romão Mianda Vidal,concordo quando cita os representantes da esquerda como Mao,Fidel e Chavez,quando fala em matanças.Mas é bom o senhor lembrar que em nome da mesma democracia regimes de direita fizeram o mesmo,matando milhões no mundo todo.Essa mesma direita que o senhor defende mata muito mais em epoca de paz pela exclusão social,que causa miseria e fome,mata em silencio sem dar tiros.daí que atacar a esquerda não isenta a direita Quanto a vossa citação dos sem-terra estude mais o assunto,procure se inteirar dos artificios usados pelo poder economico,vai saber que em todos os movimentos,grupos são coptados para uso dos interesses contrarios. O trafico,por exemplo,faz isso nos meios politicos e policiais. Com os movimentos sociais não é diferente.Grupos coptados,verdadeiros bandidos que merecem cadeia,praticam atos de vandalismo,assim os meios de comunicação,conseguem direcionar a opinião publica,dando aos interessados,motivo e respaldo Juridico, na defesa dos seus latifundios,na maioria das vezes usurpados via grilagem ou até pelo uso da violencia.Estude mais sobre o assunto Sr Romão,garanto que vai se susrpreender. sem opinião
avalie fechar
Josemar dos Santos Riesgo (17) 31/01/2010 00h06
Josemar dos Santos Riesgo (17) 31/01/2010 00h06
A Comissão da Verdade estabelecida no novo decreto deve ter por finalidade resgatar a história encoberta durante o período, de forma a dar uma satisfação a todos os envolvidos, principalmente aos cidadãos que foram perseguidos somente por razões ideológicas. Pode ser que ela consiga ter o mesmo papel das comissões criadas em outros países, como a África do Sul. 1 opinião
avalie fechar
Comente esta reportagem Veja todos os comentários (445)
Termos e condições
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página