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14/04/2005 - 19h27

Sem-terra desocupam prédio da Fazenda com promessa de encontro com Lula

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ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília

Depois de mais de seis horas de ocupação, os manifestantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) deixaram o Ministério da Fazenda, em Brasília. A saída dos cerca de 1.200 manifestantes foi pacífica.

Foi a primeira vez que manifestantes ocuparam também o andar em que fica o gabinete do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que não estava no local.

Por volta do meio-dia, após passar pelos funcionários da Confederal --empresa que faz a segurança do prédio --, homens, mulheres, crianças e idosos ocuparam sete andares do edifício, que tem nove andares.

A ação de retirada foi tomada após coordenadores do movimento se encontrarem com representantes dos ministérios da Fazenda e Desenvolvimento Agrário e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). A reunião durou mais de duas horas.

Do encontro, os manifestantes conseguiram o compromisso de que será encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um pedido de reunião. O MLST quer também a presença dos ministros Palocci e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário).

O presidente está em viagem pela África, Palocci em São Paulo e Rossetto, na Europa.

Reivindicações

Entre as principais reivindicações dos manifestantes está a liberação de R$ 1,6 bilhão para a reforma agrária. Segundo Davi Pereira da Silva, o Paraná, da coordenação nacional do MLST, a meta do governo era assentar 115 mil famílias neste ano. Porém, com os cortes no Orçamento, os recursos não serão suficientes nem para 40 mil famílias.

De acordo com ele, o Orçamento de 2005 previa R$ 3,7 bilhões para a reforma agrária. Deste total, R$ 2 bilhões foram contigenciados. Na semana passada, conseguiram a liberação foram de R$ 400 milhões.

Além da promessa do agendamento de um encontro com Lula, eles já têm confirmada uma reunião com os ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Nilmário Miranda (Direitos Humanos) para discutir a violência no campo e uma proposta, que deve ser divulgada em 15 dias, para a anistia de dívidas concedidas a assentados.

Para os manifestantes, o resultado da invasão é também uma vitória para o governo, que soube enfrentar uma situação embaraçosa.

"É uma vitória para o governo Lula, mostra que é um governo democrático, que negocia, que escuta", disse Bruno Maranhão, um dos coordenadores do MLST, que ressaltou ainda o fato de não ter havido violência de nenhuma das duas partes --os manifestantes deixaram intactas as instalações do ministério e não houve repressão por parte da Polícia Militar.

Maranhão é também integrante do diretório nacional do PT, partido do presidente, e faz parte da corrente Brasil Socialista, considerada radical --a tendência que predomina hoje no partido é a Campo Majoritário.

Em sua maior parte, os manifestantes votaram no presidente Lula na eleição de 2004, e cobram agora do governo promessas de campanha, como a reforma agrária e o financiamento para os pequenos produtores.

"Nós acreditamos no governo Lula, mas não nas pessoas que estão assessorando ele", disse Marcos Paxades. Embora critiquem alguns assessores do presidente, em especial a equipe econômica, os manifestantes são favoráveis a permanência de Rossetto no cargo. "O ministro Miguel Rossetto é o homem certo no lugar certo."

Sobre os gritos de "saúde, educação, Palocci é ladrão", o deputado Yulo Oiticica (PT-BA), disse que foram apenas excessos comuns em manifestações, e que o MLST apenas discorda da política econômica de Palocci --como a manutenção do superávit primário (dinheiro economizado para o pagamento de juros da dívida) de 4,25% do PIB.

MLST

Fundado em 1997, o MLST busca a criação de empresas agrícolas comunitárias, e não apenas que os assentamentos trabalhem com a agricultura familiar.

Segundo a coordenação do MLST, o movimento tem presença em 12 Estados e conta com a participação de aproximadamente 50 mil famílias. Os manifestantes vieram em 19 ônibus de Pernambuco, Tocantins, Minas Gerais e São Paulo, mais especificamente de Ribeirão Preto, cidade que já foi governada por Palocci.

"Temos um bom relacionamento com a mãe do ministro", disse Antonio Arruti sobre Antonia de Castro Palocci, mais conhecida como Toninha, que é militante do PT desde a década de 80. Segundo ele, ela visita os assentamentos da região e também compra alimentos produzidos pelos sem-terra.

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