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24/05/2005 - 20h06

Depois de morte de índio, guajajaras saqueiam povoado no Maranhão

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SÍLVIA FREIRE
da Agência Folha

Um grupo de índios guajajara atacou o povoado de Nazaré, no interior do município de Grajaú (584 km a sudoeste de São Luís), em represália ao assassinato do índio João Araújo Guajajara, 62, supostamente cometido por um grupo de fazendeiros, no último sábado.

Segundo relato de moradores à Polícia Civil, os índios queimaram 3.000 sacas de arroz, apreenderam tratores e caminhonetes e saquearam duas carvoarias. Foi queimada também a ponte de madeira sobre o rio Mearim, único acesso ao povoado.

Os ataques ocorreram ontem, mas, de acordo com o delegado Michel Sampaio, da Polícia Civil de Grajaú, só hoje os moradores conseguiram registrar as ocorrências na delegacia por causa da destruição da ponte. "A situação está tensa e há risco de novos conflitos", disse Sampaio.

No domingo, o fazendeiro Milton Alves Rocha foi preso em flagrante, acusado de participação na morte do índio. Os dois filhos dele, segundo Sampaio, são suspeitos de terem feito disparos. Eles estão desaparecidos. Em depoimento à Polícia Civil, Rocha disse que não sabe quem atirou contra o índio.

Segundo o delegado, os policiais não foram ainda ao povoado, pois o acesso de barco os deixaria vulneráveis a um eventual ataque dos índios, que estão armados. O delegado disse ter recebido orientação da Secretaria de Segurança do Maranhão para evitar confronto com os índios.

A administradora da Funai em São Luís, Elenice Viana Barbosa, disse que os índios da reserva Bacurizinho reivindicam há cerca de dez anos uma área que está ocupada por fazendeiros.

Um processo de revisão de limites da terra indígena está tramitando na Diretoria de Assuntos Fundiários da Funai, em Brasília. Segundo a administradora da Funai, os índios sempre tiveram desentendimentos com os fazendeiros na região e agora estão revoltados com o assassinato.

Estava prevista a chegada para esta noite em Grajaú de dois funcionários da Funai e de uma equipe da Polícia Federal. A Polícia Civil só pode entrar na reserva com autorização da PF.

As circunstâncias em que o índio foi morto ainda não foram esclarecidas. Para o delegado Sampaio, o ataque contra os índios foi premeditado, pois há alguns meses ocorriam ameaças e tentativas de intimidação recíprocas entre um grupo de índios liderados pelo cacique Alderico Bacurizinho e familiares do fazendeiro preso. A Polícia Civil pediu a prisão dos filhos do fazendeiro, mas, até ontem, a Justiça ainda não havia decidido.

O filho de João Araújo Guajajara, Ilson de Souza Guajajara, 22, que ficou ferido no sábado, foi transferido para um hospital em Imperatriz e ainda não foi ouvido no inquérito aberto pela Polícia Civil. A reportagem não conseguiu falar com lideranças indígenas.

O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) divulgou uma nota afirmando que, cinco dias antes da morte do guajajara, índios da Bacurizinho comunicaram ao posto da Funai em Grajaú que estavam sendo ameaçados pelos fazendeiros.

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