Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/06/2005 - 09h54

Sorveteiro atua como laranja para Jefferson em duas rádios do Rio

Publicidade

da Folha de S.Paulo

Ex-funcionário do gabinete do deputado Roberto Jefferson (PTB) e hoje dono de uma modesta sorveteria em Cabo Frio, na região dos Lagos do Estado do Rio, Durval da Silva Monteiro aparece nos registros do Ministério das Comunicações como sócio de duas rádios nas cidades fluminenses de Três Rios e Paraíba do Sul, redutos eleitorais de Jefferson --pivô de denúncias de corrupção envolvendo empresas e órgãos federais como os Correios e o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil).

De acordo com a edição desta semana da revista "Época", Monteiro seria "laranja" de Jefferson nas emissoras Matozinhos FM, de Três Rios, e Rádio Clube, de Paraíba do Sul --concessões que o deputado federal teria obtido no governo Sarney (1985-1990).

Nas duas rádios, Monteiro seria sócio do empresário de Três Rios Edson Elias Bastos Jorge.

Localizado pela revista em Cabo Frio, Monteiro disse que ele e Jorge ganharam a rádio de Jefferson há cerca de 20 anos, mas que nunca recebeu dinheiro da emissora. Afirmou não saber que era sócio também da Rádio Clube.

À Folha, Edson Jorge, conhecido como "Boy", também negou ser sócio da Rádio Clube. Afirmou que é inimigo político de Jefferson e que comprou a participação de Durval Monteiro na Matozinhos FM por R$ 5.000, há cerca de dois meses.

Segundo Jorge, a transferência de propriedade foi registrada em cartório. "Se tivessem levantado a vida do Durval direitinho, estaria sabendo quem é ele. O Durval já foi sócio meu aqui na Matozinhos FM, mas eu já comprei a parte dele toda, paguei a ele, tudo de forma certa. Meu negócio é muito pequeno, aqui no interior do Estado. Quem dera se eu tivesse esse prestígio todo", disse.

Segundo o empresário, Monteiro o procurou porque estava sem dinheiro: "Disse que queria sair do negócio da rádio e que precisava de dinheiro. Então dei a ele R$ 5.000 em vários cheques "picados" e comprei a parte dele. Não tem nada a ver com o Roberto Jefferson, ele não gosta de mim, não se dá comigo".

De acordo com a "Época", Monteiro trabalhou diretamente para Jefferson até 1994, como segurança, motorista e funcionário do gabinete. Depois disso, trabalhou como camelô no Rio e em Três Rios, onde tinha uma banca de CDs.

No ano passado, o ex-funcionário do presidente do PTB mudou-se para Unamar, distrito de Cabo Frio, onde dirige a Sorveteria e Pizzaria Mania, uma construção pequena, à beira de uma estrada. "A rádio [Matozinhos] é minha. Ele [Jefferson] jamais ganhou nada com essas rádios", disse Monteiro à "Época".

Ele contou que conheceu Roberto Jefferson ainda nos anos 70, quando o hoje deputado federal trabalhava no departamento de pessoal da fábrica de sorvetes Kibon, e Monteiro era provador de sorvetes. Quando Jefferson foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal, em 1983, Monteiro foi trabalhar em seu gabinete.

Champanhe

O deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) não quis conceder entrevistas ontem.

Por meio de sua assessoria, apenas afirmou: "Vou falar, sim, mas no momento certo".

Jefferson passou a manhã no apartamento funcional em que mora, na Asa Norte de Brasília, lendo jornais e falando ao telefone com amigos. Por volta do meio-dia, ciente da presença de jornalistas na portaria do prédio, providenciou uma cena insólita: enviou um porteiro com duas garrafas de champanhe e dez taças.

As garrafas foram devolvidas fechadas.

O líder da minoria (oposição) na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse ontem que a Casa deve abrir uma investigação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para apurar indícios de irregularidades cometidas pelo deputado Roberto Jefferson.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Roberto Jefferson
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página