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05/06/2005
-
10h29
FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A eleição direta para presidente do PT, que era considerada uma excelente idéia quando o partido fazia oposição, agora preocupa a cúpula partidária.
A perspectiva de quase quatro meses de campanha interna, expondo aos adversários o racha quanto à política econômica, alianças e, depois da criação da CPI dos Correios, também ao combate à corrupção, causa calafrios nos governistas.
Alguns se mostram abertamente arrependidos com a "maluquice" que o PT inventou. A eleição está marcada para 18 de setembro e prevê nada menos que 27 debates nos Estados.
"Uma coisa é fazer o debate interno como oposição, outra coisa é expor por tanto tempo o partido do governo, ainda mais na atual condição de fragilidade política. Precisamos tomar cuidado extremo", afirma um integrante da Executiva Nacional petista, sob a condição de anonimato.
A eleição coloca o atual presidente, José Genoino, que disputa a reeleição, na berlinda, contra seis candidatos, quatro deles identificados com os chamados "radicais", que rejeitam a política econômica e a política de alianças. Uma parte deles agora também promete usar a operação abafa na CPI como argumento interno.
"É uma doideira, daqui até setembro vamos gastar 90% do nosso tempo não disputando a hegemonia na sociedade, mas nos engalfinhando internamente", diz o deputado Luiz Sérgio (RJ), vice-líder da bancada do PT na Câmara.
O PED (Processo de Eleição Direta) nasceu no 2º Congresso do PT, ocorrido em Belo Horizonte (MG), em 99. A idéia era passar uma imagem de partido democrático e sem medo do debate. "Naquela época, a gente não achava que ia chegar ao poder", diz o deputado Paulo Delgado (PT-MG), que apoiou a idéia e hoje a critica --ressalvando, assim como Luiz Sérgio, não ser contra a tese da eleição direta, mas contra o momento em que se realiza.
"O PT tem um jeito monge tibetano de ser, privilegia a vida interior em detrimento da vida real. A eleição direta vai agravar a disputa interna", afirma Delgado.
O fogo amigo é considerado pela direção petista um dos principais problemas que afetam a imagem do partido. No último programa de TV do PT, Genoino dedicou alguns minutos para tentar justificar as infindáveis disputas internas, com base no argumento de que, se o partido tolera divergências de opinião, não aceita dissidências na hora de decidir.
A linha oficial é de despreocupação com o processo. "O processo de eleição direta vai criar um leito para que o debate possa correr", diz Genoino. Ele afirma não acreditar que o combate à corrupção seja um dos pilares do debate.
Na prática, o desrespeito às determinações partidárias é uma constante na história petista e deve estar presente como nunca no processo de eleição direta.
Reservadamente, o integrante da Executiva diz que a direção vai responder à altura se atacada. "Não vamos aceitar que alguém desça o nível do debate e nos acuse de não respeitar a ética."
Para o deputado Ivan Valente (SP), a menção à CPI é inevitável. "É um dos temas mais importantes da atual realidade."
A vez dos radicais
Contrários ao processo de eleição direta na sua concepção, os radicais agora aguardam a chance de aparecer na mídia e colocar holofotes sobre temas que horrorizam o Palácio do Planalto.
"A eleição direta aumenta a exposição do partido aos humores da conjuntura. Como está tudo negativo, isso se reflete na base", diz Valter Pomar, candidato da Articulação de Esquerda.
A justificativa oficial da esquerda partidária para rejeitar o processo, em 1999, era que seria melhor manter a renovação da direção nos encontros do partido, do qual participavam apenas delegados. Some-se a isso o fato de que os radicais temiam que uma eleição direta favorecesse as figuras mais conhecidas do partido, todas da ala moderada.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a presidência do PT
Petistas temem que eleição interna revele fragilidade do partido
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
A eleição direta para presidente do PT, que era considerada uma excelente idéia quando o partido fazia oposição, agora preocupa a cúpula partidária.
A perspectiva de quase quatro meses de campanha interna, expondo aos adversários o racha quanto à política econômica, alianças e, depois da criação da CPI dos Correios, também ao combate à corrupção, causa calafrios nos governistas.
Alguns se mostram abertamente arrependidos com a "maluquice" que o PT inventou. A eleição está marcada para 18 de setembro e prevê nada menos que 27 debates nos Estados.
"Uma coisa é fazer o debate interno como oposição, outra coisa é expor por tanto tempo o partido do governo, ainda mais na atual condição de fragilidade política. Precisamos tomar cuidado extremo", afirma um integrante da Executiva Nacional petista, sob a condição de anonimato.
A eleição coloca o atual presidente, José Genoino, que disputa a reeleição, na berlinda, contra seis candidatos, quatro deles identificados com os chamados "radicais", que rejeitam a política econômica e a política de alianças. Uma parte deles agora também promete usar a operação abafa na CPI como argumento interno.
"É uma doideira, daqui até setembro vamos gastar 90% do nosso tempo não disputando a hegemonia na sociedade, mas nos engalfinhando internamente", diz o deputado Luiz Sérgio (RJ), vice-líder da bancada do PT na Câmara.
O PED (Processo de Eleição Direta) nasceu no 2º Congresso do PT, ocorrido em Belo Horizonte (MG), em 99. A idéia era passar uma imagem de partido democrático e sem medo do debate. "Naquela época, a gente não achava que ia chegar ao poder", diz o deputado Paulo Delgado (PT-MG), que apoiou a idéia e hoje a critica --ressalvando, assim como Luiz Sérgio, não ser contra a tese da eleição direta, mas contra o momento em que se realiza.
"O PT tem um jeito monge tibetano de ser, privilegia a vida interior em detrimento da vida real. A eleição direta vai agravar a disputa interna", afirma Delgado.
O fogo amigo é considerado pela direção petista um dos principais problemas que afetam a imagem do partido. No último programa de TV do PT, Genoino dedicou alguns minutos para tentar justificar as infindáveis disputas internas, com base no argumento de que, se o partido tolera divergências de opinião, não aceita dissidências na hora de decidir.
A linha oficial é de despreocupação com o processo. "O processo de eleição direta vai criar um leito para que o debate possa correr", diz Genoino. Ele afirma não acreditar que o combate à corrupção seja um dos pilares do debate.
Na prática, o desrespeito às determinações partidárias é uma constante na história petista e deve estar presente como nunca no processo de eleição direta.
Reservadamente, o integrante da Executiva diz que a direção vai responder à altura se atacada. "Não vamos aceitar que alguém desça o nível do debate e nos acuse de não respeitar a ética."
Para o deputado Ivan Valente (SP), a menção à CPI é inevitável. "É um dos temas mais importantes da atual realidade."
A vez dos radicais
Contrários ao processo de eleição direta na sua concepção, os radicais agora aguardam a chance de aparecer na mídia e colocar holofotes sobre temas que horrorizam o Palácio do Planalto.
"A eleição direta aumenta a exposição do partido aos humores da conjuntura. Como está tudo negativo, isso se reflete na base", diz Valter Pomar, candidato da Articulação de Esquerda.
A justificativa oficial da esquerda partidária para rejeitar o processo, em 1999, era que seria melhor manter a renovação da direção nos encontros do partido, do qual participavam apenas delegados. Some-se a isso o fato de que os radicais temiam que uma eleição direta favorecesse as figuras mais conhecidas do partido, todas da ala moderada.
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