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09/06/2005 - 18h17

Para Lo Prete, Lula ficará em situação difícil se denúncias se comprovarem

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da Folha Online

A jornalista Renata Lo Prete, editora do Painel da Folha, acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficará em "situação difícil" caso apareçam provas de que congressistas realmente recebiam a mesada de R$ 30 mil. "Se for comprovado que havia "mensalão" e que o presidente sabia, ele ficará em situação MUITO difícil"(grifo da jornalista).

As afirmações foram feitas durante bate-papo da Folha no UOL com a jornalista, que entrevistou o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) no último domingo. A entrevista motivou a maior crise já vivida pelo atual governo.

Segundo o UOL, foi um dos mais visitados bate-papos das últimas semanas: 2.387 pessoas participaram.

A jornalista disse que falava com Roberto Jefferson havia muito tempo, exatamente como faz com outros políticos para editar o Painel da Folha. "Nos dias anteriores à entrevista, eu o vinha procurando, como outros tantos jornalistas. Mas foi ele, obviamente, quem decidiu falar e escolheu a Folha e a mim", disse.

Bastidores

Para Lo Prete, Jefferson só fez agora as relevações porque se sente "isolado e abandonado" pelo governo do qual foi parceiro. Ela afirmou que não sabe se novas bombas virão. "Ainda não sei se são "doses homeopáticas" [as bombas]. Precisa ver o que vem (se vem) por aí", disse.

Quando saiu do apartamento de Jefferson com a entrevista gravada, Lo Prete disse que só pensava em aspectos práticos da publicação. "A primeira coisa que passou pela minha cabeça naquela hora, tarde de domingo, foi de natureza bastante prática: eu precisava avisar a cúpula do jornal de que tinha algo sério nas mãos e precisava correr para preparar a entrevista, bastante longa, a tempo do fechamento do jornal."

A jornalista disse que não fala com o deputado desde o dia da entrevista.

Segundo Lo Prete, não se fala de outra coisa nos corredores do Congresso Nacional. Ela afirmou que o deputado dá a entender que tem mais munição, mas não sabe ao certo se ele tem mesmo mais o que dizer.

"Acho que ele [Jefferson] pretende indicar que há mais coisas em torno dos casos que vinham ocupando o noticiário (denúncias nos Correios e no IRB) do que se imaginava inicialmente", disse Lo Prete.

Edson, outro internauta, quis saber de nomes. "Tem nomes do PT também nessa lista?". "1. Ele não me deu nomes. Os nomes que tenho não podem, ao menos por ora, ser publicados, porque são baseados exclusivamente em rumores do Congresso. 2. Acredito que os problemas do PT nessa história são de outra natureza. Não há propriamente temor de ver deputados do partido na lista", disse Lo Prete.

Pizza

Lo Prete foi questionada por um internauta identificado como Alex se achava que a CPI acabaria em pizza. Ela respondeu: "Todos os governos tentam (e muitas vezes conseguem) barrar CPIs. Mas barrar CPIs é algo que, por reprovável que seja, não pode, a meu ver, ser colocado no mesmo patamar das denúncias feitas pelo Roberto Jefferson", afirmou.

Questionada sobre o tamanho da crise, a jornalista afirmou que o governo está desgastado, mas menos do que na época do governo Collor. "Acho que o governo Lula, embora desgastado, não vive, ao menos neste momento, uma situação de isolamento como a enfrentada por Collor ao tempo de sua CPI. Para não falar no fato de que o atual presidente tem, pessoalmente, um patamar ainda muito elevado de aprovação. Mas, do ponto de vista da investigação, tudo depende de onde a CPI chegar", disse.

Sobre o que vai acontecer nas próximas semanas, Lo Prete afirmou acreditar em uma possível "degola" de deputados. "Acho que o escândalo do 'mensalão' pode resultar numa degola de deputados nos moldes do que ocorreu na CPI do Orçamento".

Sem Provas

Outro leitor, identificado como Mtavares, perguntou se, em algum momento, ela sugeriu condicionar a entrevista à apresentação de provas. Lo Prete disse que não.

"Ninguém ainda havia feito reportagem sobre o "mensalão" porque, obviamente, não se encontra alguém que receba e esteja disposto a admiti-lo. Mas a existência dessa 'remuneração' para parte dos parlamentares é tratada como um dado de realidade nos corredores do Congresso", disse.

Outro internauta questionou o fato de que o jornal pode ter sido "usado" para "tumultuar não só o PT como o próprio país". "A Folha tem consciência de que pode ter sido usada por Roberto Jefferson para atingir objetivos não revelados envolvendo até o escandalo dos Correios?", perguntou o leitor.

"A Folha publicou o depoimento do presidente de um partido da base aliada do governo. O depoimento é bastante detalhado e envolve uma série de personagens importantes do noticiário político, a começar do presidente da República. Isso me parece mais que suficiente para justificar a publicação da entrevista", respondeu a jornalista.

Um leitor, identificado como Jeferson, perguntou se o PTB continuará no governo. Ela afirmou que achava que não. "Mas não dá para afirmar. Muitos desses parlamentares raramente estiveram (se é que alguma vez estiveram) na oposição", disse.

Outro leitor, identificado como "decepcionado", perguntou à jornalista se achava que Jefferson sabia o tamanho do estrago e se ele havia tentado preservar o presidente Lula. "Em primeiro lugar, preservou mais ou menos. Não se esqueça de que ele afirmou que avisou ao presidente. Em segundo, acho que a mágoa maior do Roberto Jefferson não é com o Lula", disse.

Especial
  • Leia a cobertura completa sobre o caso da mesada no Congresso
  • Leia a íntegra do bate-papo
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