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13/06/2005 - 14h17

Saiba mais sobre Roberto Jefferson, pivô da crise no governo Lula

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo

Pivô da crise que o governo Luiz Inácio Lula da Silva atravessa, o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), 51, acusado de envolvimento em um suposto esquema de corrupção nos Correios, denunciou, em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo, que congressistas aliados recebiam o que chamou de um "mensalão" de R$ 30 mil.

O deputado que fez as denúncias foi militante da tropa de choque do presidente Fernando Collor e sobreviveu a momentos turbulentos da política nacional. Além do processo de impeachment de Collor, resistiu à outra CPI, a do Orçamento.

Em 1993, seu nome foi citado entre os envolvidos no esquema de propina na Comissão de Orçamento. Em 1994, durante depoimento, Jefferson chorou por duas vezes, lamentando o fato de sua família ter sido exposta.

No relatório, foi incluído na lista de 14 parlamentares sobre os quais seria necessária maior investigação. Seu capítulo ocupou uma página do relatório do hoje desafeto Roberto Magalhães (PE). Nele, a conclusão era que, com crédito total de US$ 470 mil em cinco anos, seu patrimônio e movimentação bancária seriam compatíveis com o rendimento. A Subcomissão de Patrimônio teria constatado, porém, a existência de bens não declarados à Receita.

"Mensalão

Segundo Jefferson, o dinheiro do "mensalão" vinha de estatais de empresas privadas e chegava a Brasília "em malas" para ser distribuído em ação comandada pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares, com a ajuda de "operadores" como o publicitário Marcos Valério e o líder do PP na Câmara, José Janene (PR).

Sérgio Lima/Folha Imagem
O deputado Roberto Jefferson
O deputado Roberto Jefferson
O presidente do PTB poupou Lula, mas envolveu ainda mais o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e outros integrantes do que ele chama de "cabeça" do PT: José Genoino, Delúbio Soares, Silvio Pereira e Marcelo Sereno.

Antes da entrevista, Jefferson foi citado em uma gravação em que o ex-diretor do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho detalha o funcionamento de um suposto esquema de corrupção nos Correios. Na fita, o ex-funcionário afirma que trabalha com o aval do presidente do PTB e outro ex-diretor da empresa, Antônio Osório Batista

O dinheiro arrecadado com o esquema de corrupção seria usado pelo dirigente do PTB para engordar o caixa do partido, de acordo com as denúncias.

A fita, divulgada pela revista "Veja", iniciou a crise na estatal e teve como conseqüência a criação da CPI dos Correios.

Jefferson também foi citado em outra denúncia, sobre um suposto pedido de desvio de R$ 400 mil do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil).

Governo FHC

No governo Fernando Henrique Cardoso --para o qual fez indicações, como a do titular da Delegacia do Trabalho do Rio-- Jefferson teve papel fundamental para o rompimento do PSDB com o PFL: no prazo fatal, o então líder do PTB formalizou um bloco com a bancada tucana, permitindo que o deputado Aécio Neves (MG) concorresse à presidência da Câmara, vaga prometida ao pefelista Inocêncio Oliveira (PE).

Airton de Freitas/Folha Imagem
Jefferson antes da cirurgia para redução do estômago
Jefferson antes da cirurgia para redução do estômago
No ano seguinte, apoiou Ciro Gomes à Presidência da República. Até então, compara petistas ao demônio. Um deles foi o hoje líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP).

Após a eleição do presidente Lula, disse que, apesar das diferenças, PTB e PT se uniriam "com afeto". A partir daí, fixou uma estratégia: aceitar cargos pouco expressivos para crescer dentro do governo e poder exigir mais.

Com o crescimento da bancada, Roberto Jefferson começou a exigir mais e a se queixar publicamente do não-atendimento das reivindicações.

Como presidente do PTB, determinou a aliança com o PT nas capitais para as eleições de 2004, contrariando a filha, aliada a Cesar Maia (PFL) no Rio. Em troca, o PT ajudaria financeiramente o PTB.

Troglodita

Jefferson conquistou notoriedade como advogado de pobres no popular "O Povo na TV", na década de 80. Armado e com 170 quilos, Jefferson admite: "Era um troglodita".

Hoje, mesmo com a redução do estômago e as aulas de canto, reage quando pedem calma: "Mudei. Mas não virei Mary Poppins".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Roberto Jefferson
  • Leia a cobertura completa sobre a CPI dos Correios
  • Leia a cobertura completa sobre o caso da mesada no Congresso
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