Publicidade
Publicidade
15/06/2005
-
16h32
FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília
O governo conseguiu sair vitorioso na sessão desta quarta-feira que definiu os nomes do presidente e do relator da CPI mista dos Correios, criada para apurar denúncias de haver um suposto esquema de corrupção na estatal. O líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (MS), foi eleito presidente da CPI e o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi indicado para a relatoria, cargo mais importante da comissão.
O senador Maguito Vilela (PMDB-GO) foi eleito vice-presidente.
Apesar da boa notícia para a base aliada, o governo contabilizou duas traições, já que o placar previsto era de 19 a 13, mas o resultado final foi de 17 a 15. Portanto, dois governistas contrariaram a orientação do governo.
"Foi uma palidez total [no rosto dos governistas]", comentou o senador José Agripino (RN), líder do PFL na Casa.
Delcídio havia desistido de disputar o cargo, mas acabou sendo convencido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou preocupado com o depoimento do presidente do PTB, Roberto Jefferson, realizado ontem no Conselho de Ética.
A oposição teria direito a indicar um dos integrantes, mas o nome de César Borges (PFL-BA) desagradou os líderes governistas. Os parlamentares da base receavam que Borges poderia, por ser próximo ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), polemizar as investigações.
Os governistas tentaram indicar o nome do senador Edison Lobão (PFL-MA), próximo a José Sarney (PMDB-AP). Os pefelistas não aceitaram a troca. Entendiam que um acordo com os governistas poderia ser visto pela opinião pública como um acerto para abafar as investigações.
Diante do impasse, os governistas arcaram com o ônus político de manter sob seu controle absoluto uma investigação contra uma estatal federal. Na semana passada, o senador José Jorge (PFL-PE) havia dito que a escolha de dois governistas para os principais cargos da CPI era prenúncio de que a comissão não só terminaria em pizza, mas já começaria em pizza.
Denúncias
A crise nos Correios começou com a divulgação de uma fita de vídeo em que o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho detalha a dois empresários um esquema de pagamento de propina, supostamente gerido pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, e outro diretor da empresa, Antônio Osório Batista.
O dinheiro arrecadado com o esquema de corrupção seria usado pelo dirigente do PTB para engordar o caixa do partido, de acordo com as denúncias.
Na gravação, Marinho afirma também que as outras estatais federais teriam esquemas semelhantes. Diante dessas informações, as lideranças do PFL e do PSDB propuseram a criação de uma CPI mista para investigar as denúncias de corrupção. Inicialmente, a comissão teria os Correios como foco, mas alguns parlamentares oposicionistas admitiam que as investigações chegariam a outras estatais.
O governo, enquanto isso, acelerou as investigações da Polícia Federal na tentativa de esvaziar o trabalho da comissão. No dia 24, a PF indiciou Marinho por fraude e corrupção passiva. Na mesma semana, a polícia ouviu Osório e Fernando Leite de Godoy, que também é citado na gravação.
Coube ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e ao ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, reverterem o apoio da base à CPI.
O trabalho começou tarde demais. O requerimento para a criação da CPI foi lido em sessão do Congresso Nacional na quarta-feira (25 de maio). O governo teria, portanto, até a meia-noite da própria quarta para garantir a retirada de aproximadamente 85 assinaturas de deputados. Se a estratégia fosse bem sucedida, a CPI seria engavetada.
Durante as negociações, o PTB, que ameaçava deixar os cargos do governo, retirou o apoio à comissão. O PL, PP e PSB também garantiram a retirada das assinaturas até a meia-noite. No entanto, o PT manteve as assinaturas e complicou o trabalho do governo. Pouco antes da meia-noite, num esforço inédito da base de apoio, os líderes governistas foram à Secretaria-Geral da Mesa com o número insuficiente de desistências. A oposição comemorou.
Leia mais
Alegando cansaço, Jefferson falta em depoimento na Corregedoria da Câmara
Em nota, BB contesta entrevista de ex-secretária sobre denúncias de Jefferson
Especial
Leia a cobertura completa sobre a CPI dos Correios
Sites relacionados
Ouça trechos do depoimento de Roberto Jefferson (Só para assinantes do UOL)
Governo sai vitorioso e fica com presidência e relatoria da CPI dos Correios
Publicidade
da Folha Online, em Brasília
O governo conseguiu sair vitorioso na sessão desta quarta-feira que definiu os nomes do presidente e do relator da CPI mista dos Correios, criada para apurar denúncias de haver um suposto esquema de corrupção na estatal. O líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (MS), foi eleito presidente da CPI e o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi indicado para a relatoria, cargo mais importante da comissão.
O senador Maguito Vilela (PMDB-GO) foi eleito vice-presidente.
Apesar da boa notícia para a base aliada, o governo contabilizou duas traições, já que o placar previsto era de 19 a 13, mas o resultado final foi de 17 a 15. Portanto, dois governistas contrariaram a orientação do governo.
"Foi uma palidez total [no rosto dos governistas]", comentou o senador José Agripino (RN), líder do PFL na Casa.
Folha Imagem |
Delcídio Amaral é eleito presidente da CPI |
A oposição teria direito a indicar um dos integrantes, mas o nome de César Borges (PFL-BA) desagradou os líderes governistas. Os parlamentares da base receavam que Borges poderia, por ser próximo ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), polemizar as investigações.
Os governistas tentaram indicar o nome do senador Edison Lobão (PFL-MA), próximo a José Sarney (PMDB-AP). Os pefelistas não aceitaram a troca. Entendiam que um acordo com os governistas poderia ser visto pela opinião pública como um acerto para abafar as investigações.
Diante do impasse, os governistas arcaram com o ônus político de manter sob seu controle absoluto uma investigação contra uma estatal federal. Na semana passada, o senador José Jorge (PFL-PE) havia dito que a escolha de dois governistas para os principais cargos da CPI era prenúncio de que a comissão não só terminaria em pizza, mas já começaria em pizza.
Denúncias
A crise nos Correios começou com a divulgação de uma fita de vídeo em que o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho detalha a dois empresários um esquema de pagamento de propina, supostamente gerido pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, e outro diretor da empresa, Antônio Osório Batista.
O dinheiro arrecadado com o esquema de corrupção seria usado pelo dirigente do PTB para engordar o caixa do partido, de acordo com as denúncias.
Na gravação, Marinho afirma também que as outras estatais federais teriam esquemas semelhantes. Diante dessas informações, as lideranças do PFL e do PSDB propuseram a criação de uma CPI mista para investigar as denúncias de corrupção. Inicialmente, a comissão teria os Correios como foco, mas alguns parlamentares oposicionistas admitiam que as investigações chegariam a outras estatais.
O governo, enquanto isso, acelerou as investigações da Polícia Federal na tentativa de esvaziar o trabalho da comissão. No dia 24, a PF indiciou Marinho por fraude e corrupção passiva. Na mesma semana, a polícia ouviu Osório e Fernando Leite de Godoy, que também é citado na gravação.
Coube ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e ao ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, reverterem o apoio da base à CPI.
O trabalho começou tarde demais. O requerimento para a criação da CPI foi lido em sessão do Congresso Nacional na quarta-feira (25 de maio). O governo teria, portanto, até a meia-noite da própria quarta para garantir a retirada de aproximadamente 85 assinaturas de deputados. Se a estratégia fosse bem sucedida, a CPI seria engavetada.
Durante as negociações, o PTB, que ameaçava deixar os cargos do governo, retirou o apoio à comissão. O PL, PP e PSB também garantiram a retirada das assinaturas até a meia-noite. No entanto, o PT manteve as assinaturas e complicou o trabalho do governo. Pouco antes da meia-noite, num esforço inédito da base de apoio, os líderes governistas foram à Secretaria-Geral da Mesa com o número insuficiente de desistências. A oposição comemorou.
Leia mais
Especial
Sites relacionados
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice