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20/06/2005
-
19h34
EPAMINONDAS NETO
PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em São Paulo e Brasília
A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, 57, ganhou prestígio no governo Lula após montar o novo modelo do sistema elétrico, cujo objetivo principal era garantir o suprimento de energia para os próximos anos.
À frente do ministério, seu trabalho foi focado em dois objetivos principais: baratear as contas de luz e garantir a expansão do sistema elétrico, para evitar a repetição da crise energética de 2001, uma operação complexa e que ela deixa por terminar para o próximo ministro.
A montagem do novo modelo foi considerado um exemplo de sua condução do ministério: profissionais do mercado afirmam que a ministra realmente abriu as discussões aos participantes do setor. Segundo eles, Rousseff tem a fama de ouvir e incentivar sugestões, mas de reservar as decisões para si mesma.
O reconhecimento de sua competência técnica não livrou a ministra de um constrangimento público no Congresso. Dura nas negociações, a ministra foi criticada por parlamentares peemedebistas de não ceder à indicação de nomes para estatais ligadas a sua pasta.
Essa atitude culminou na rejeição pela Comissão de Infra-Estrutura do Senado do nome do engenheiro químico José Fantine para a direção-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo). À espera de calmaria no Congresso, o governo ainda não desistiu de levar o nome de Fantine ao plenário, mesmo com a indicação negativa da comissão.
Enérgica, mas aberta a discussões
Membros do setor elétrico qualificam a ministra como uma pessoa enérgica, mas aberta a discussões. A montagem do novo modelo do sistema elétrico ampliou o número dos chamados "consumidores livres" e promoveu a realização dos primeiros leilões de energia, que deveriam contribuir para a redução das tarifas de energia.
Os consumidores livres são, principalmente as grandes indústrias, que foram autorizadas a negociar livremente com distribuidores seu fornecimento de energia de modo a baratear o custo da energia comprada. Seu número saltou de 10 para 360 entre 2000 e 2005 (maio).
Os dois leilões realizados até agora realmente conseguiram baratear o custo da energia comprada pelas distribuidoras, e que depois será repassada aos consumidores. Mais isso não foi feito sem problemas e nem vai chegar de forma linear aos consumidores.
No leilão de dezembro, o preço do MWh negociado caiu ao ponto de alguns participantes reclamarem que os investidores em geração de energia não teriam estímulo para investir em novos projetos.
A redução das tarifas de energia também esbarra no volume de encargos do setor, um "cabo-de-guerra" entre concessionárias e governo que está longe de terminar. Governo e mercado também discutem qual seria o melhor indicador para o reajuste das tarifas, outro ponto polêmico.
A expansão do sistema elétrico também é um ponto problemático. O ministério prevê para este semestre a realização dos leilões de "energia nova", o que seria importante para animar novos investimentos no setor.
Esse mecanismo, apesar de interessante na teoria, como reconhecem especialistas, nunca foi testado na prática. Outro problema: os novos projetos de energia dependem da liberação de licenças ambientais, um processo que muitos agentes do mercado reclaram pela demora e burocracia.
Nesse último mês, o ministério foi assombrado pela crise política na Bolívia, que trouxe a ameaça de um crise de abastecimento de gás, consumido em sua maior parte (80%) por indústrias, localizadas no Estado mais desenvolvido do país, São Paulo.
Clandestinidade
Perseguida pelo regime militar, Dilma foi também "Estela", Wanda" e "Patrícia" enquanto viveu na clandestinidade. Ao lado do marido Claudio Galeno de Magalhães Linhares, Dilma foi militante da Política Operária, do Comando de Libertação Nacional, e da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares organizações guerrilheiras de esquerda.
Ex-secretária de Energia, Minas e Comunicações do Estado do Rio Grande do Sul, no governo do também petista Olívio Dutra (1999-2002), e do pedetista Alceu Collares (1992-1994), Dilma é economista graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Teoria Econômica pela Unicamp e doutoranda em Economia Monetária e Financeira também pela Unicamp.
Ainda durante a transição FHC-Lula, ela dizia começar a viver o que considerava o sonho político de uma geração de militantes de esquerda no Brasil ao participar de um governo que seria capaz de recolocar o país no caminho do desenvolvimento sustentado.
Mineira de Belo Horizonte, mas gaúcha por adoção, Dilma Rousseff foi militante do PDT e ingressou no PT em 2001, onde fundou, ao lado de outros ex-pedetistas, a tendência trabalhista do partido.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a ministra Dilma Rousseff
Dilma se fortaleceu politicamente com novo sistema elétrico
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PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em São Paulo e Brasília
A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, 57, ganhou prestígio no governo Lula após montar o novo modelo do sistema elétrico, cujo objetivo principal era garantir o suprimento de energia para os próximos anos.
À frente do ministério, seu trabalho foi focado em dois objetivos principais: baratear as contas de luz e garantir a expansão do sistema elétrico, para evitar a repetição da crise energética de 2001, uma operação complexa e que ela deixa por terminar para o próximo ministro.
A montagem do novo modelo foi considerado um exemplo de sua condução do ministério: profissionais do mercado afirmam que a ministra realmente abriu as discussões aos participantes do setor. Segundo eles, Rousseff tem a fama de ouvir e incentivar sugestões, mas de reservar as decisões para si mesma.
O reconhecimento de sua competência técnica não livrou a ministra de um constrangimento público no Congresso. Dura nas negociações, a ministra foi criticada por parlamentares peemedebistas de não ceder à indicação de nomes para estatais ligadas a sua pasta.
Essa atitude culminou na rejeição pela Comissão de Infra-Estrutura do Senado do nome do engenheiro químico José Fantine para a direção-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo). À espera de calmaria no Congresso, o governo ainda não desistiu de levar o nome de Fantine ao plenário, mesmo com a indicação negativa da comissão.
Enérgica, mas aberta a discussões
Membros do setor elétrico qualificam a ministra como uma pessoa enérgica, mas aberta a discussões. A montagem do novo modelo do sistema elétrico ampliou o número dos chamados "consumidores livres" e promoveu a realização dos primeiros leilões de energia, que deveriam contribuir para a redução das tarifas de energia.
Os consumidores livres são, principalmente as grandes indústrias, que foram autorizadas a negociar livremente com distribuidores seu fornecimento de energia de modo a baratear o custo da energia comprada. Seu número saltou de 10 para 360 entre 2000 e 2005 (maio).
Os dois leilões realizados até agora realmente conseguiram baratear o custo da energia comprada pelas distribuidoras, e que depois será repassada aos consumidores. Mais isso não foi feito sem problemas e nem vai chegar de forma linear aos consumidores.
No leilão de dezembro, o preço do MWh negociado caiu ao ponto de alguns participantes reclamarem que os investidores em geração de energia não teriam estímulo para investir em novos projetos.
A redução das tarifas de energia também esbarra no volume de encargos do setor, um "cabo-de-guerra" entre concessionárias e governo que está longe de terminar. Governo e mercado também discutem qual seria o melhor indicador para o reajuste das tarifas, outro ponto polêmico.
A expansão do sistema elétrico também é um ponto problemático. O ministério prevê para este semestre a realização dos leilões de "energia nova", o que seria importante para animar novos investimentos no setor.
Esse mecanismo, apesar de interessante na teoria, como reconhecem especialistas, nunca foi testado na prática. Outro problema: os novos projetos de energia dependem da liberação de licenças ambientais, um processo que muitos agentes do mercado reclaram pela demora e burocracia.
Nesse último mês, o ministério foi assombrado pela crise política na Bolívia, que trouxe a ameaça de um crise de abastecimento de gás, consumido em sua maior parte (80%) por indústrias, localizadas no Estado mais desenvolvido do país, São Paulo.
Clandestinidade
Perseguida pelo regime militar, Dilma foi também "Estela", Wanda" e "Patrícia" enquanto viveu na clandestinidade. Ao lado do marido Claudio Galeno de Magalhães Linhares, Dilma foi militante da Política Operária, do Comando de Libertação Nacional, e da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares organizações guerrilheiras de esquerda.
Ex-secretária de Energia, Minas e Comunicações do Estado do Rio Grande do Sul, no governo do também petista Olívio Dutra (1999-2002), e do pedetista Alceu Collares (1992-1994), Dilma é economista graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Teoria Econômica pela Unicamp e doutoranda em Economia Monetária e Financeira também pela Unicamp.
Ainda durante a transição FHC-Lula, ela dizia começar a viver o que considerava o sonho político de uma geração de militantes de esquerda no Brasil ao participar de um governo que seria capaz de recolocar o país no caminho do desenvolvimento sustentado.
Mineira de Belo Horizonte, mas gaúcha por adoção, Dilma Rousseff foi militante do PDT e ingressou no PT em 2001, onde fundou, ao lado de outros ex-pedetistas, a tendência trabalhista do partido.
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