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21/06/2005
-
09h13
CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo
O presidente do PTB, Roberto Jefferson, acusou ontem a existência de um outro esquema de distribuição de mesada para deputados no governo Lula. Em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, Jefferson afirmou que a "estrutura" era operada pelo deputado João Pizzolatti (PP-SC), ex-presidente da Comissão de Infra-Estrutura da Câmara. "Era feito café da manhã. O deputado subia e descia com um pacotinho", afirmou.
Jefferson também apontou o secretário-geral do PT, Silvio Pereira, como gerente de um "grande esquema de corrupção nas estatais" para abastecer a base aliada. Na entrevista, disse ainda que todos os partidos usam seus indicados em estatais para engordar o caixa dois. E revelou que, quando Fernando Henrique Cardoso concorreu à Presidência pela primeira vez, o PTB repassou para a campanha recursos que foram apenas parcialmente declarados. Mais tarde, segundo ele, o PSDB destinou dinheiro ao PTB sem registro na Justiça Eleitoral.
Jefferson afirmou que, no governo Lula, o "esquema [de corrupção] é maior que o esquema Collor, porque só tem petista". O esquema PC Farias, afirmou, "era menor, malfeito, às claras, com o rabo de fora".
O deputado admitiu ter conversado duas vezes com o publicitário Marcos Valério, a quem acusa de distribuir o dinheiro do "mensalão". "Ele falava como se dinheiro caísse do céu. Eu me informei com Delúbio. Ele disse: 'é homem de minha confiança'."
Segundo Jefferson, no governo Lula, o esquema do "mensalão" foi desenhado no Palácio do Planalto. "O presidente de fato é o Zé Dirceu. O Genoino é o vice", afirmou, se referindo ao ex-ministro da Casa Civil e ao presidente do PT. Afirmou ainda estar disposto a uma acareação com Dirceu "sem nenhum problema".
O esquema, segundo ele, incluía um contrato de "correio aéreo", em que a cotação de dólar estaria superestimada, apesar da desvalorização da moeda americana. O superfaturamento seria de 300%. Além dos Correios, disse que o DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre) tem de ser investigado.
Jefferson voltou a poupar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Prova de sua inocência seria a demissão de Dirceu. Ao comentar o fato de que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), já havia alertado o presidente para o esquema, Jefferson duvidou que Lula tenha entendido a "engenharia" do esquema. "Ele afastou Zé Dirceu", afirmou, em defesa do presidente.
Jefferson reconheceu que, para o recrutamento do que chama de "exército mercenário" [parlamentares que votam com o governo, em troca de vantagens], os cargos também funcionam como atrativo. Segundo ele, os líderes partidários disputam cargos "fundamentalmente para que os dirigentes de estatais estabeleçam vínculos com empresários para financiamento dos partidos".
Cargos
As chamadas "jóias da coroa", segundo ele, são Petrobras, Eletrobrás e fundos de pensão. Ele afirmou que a bancada do PTB engordou no governo graças aos cargos. "Só Vicente Caccione foi trazido pelas mãos de Dirceu."
Jefferson acusou o deputado Miro Teixeira (RJ) de ter recuado depois de ter feito a denúncia do "mensalão" ao "Jornal do Brasil". Também acusou a Câmara de ter sufocado as investigações, ao ter intimidado o jornal com um processo em razão da reportagem. "A sindicância foi aberta às 10h. Fechou às 12h", acusou.
Jefferson chegou às 21h30 à emissora. À porta, integrantes da juventude petebista vestiam camisetas com a inscrição "Acredito em Roberto Jefferson". Convidado, o líder do PTB, Campos Machado, não foi ao programa. Jefferson fez exercício respiratórios antes de ir ao ar.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Roberto Jefferson
Leia a cobertura completa sobre o caso da mesada no Congresso
Jefferson cita novo esquema de mesada
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da Folha de S.Paulo
O presidente do PTB, Roberto Jefferson, acusou ontem a existência de um outro esquema de distribuição de mesada para deputados no governo Lula. Em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, Jefferson afirmou que a "estrutura" era operada pelo deputado João Pizzolatti (PP-SC), ex-presidente da Comissão de Infra-Estrutura da Câmara. "Era feito café da manhã. O deputado subia e descia com um pacotinho", afirmou.
Jefferson também apontou o secretário-geral do PT, Silvio Pereira, como gerente de um "grande esquema de corrupção nas estatais" para abastecer a base aliada. Na entrevista, disse ainda que todos os partidos usam seus indicados em estatais para engordar o caixa dois. E revelou que, quando Fernando Henrique Cardoso concorreu à Presidência pela primeira vez, o PTB repassou para a campanha recursos que foram apenas parcialmente declarados. Mais tarde, segundo ele, o PSDB destinou dinheiro ao PTB sem registro na Justiça Eleitoral.
Jefferson afirmou que, no governo Lula, o "esquema [de corrupção] é maior que o esquema Collor, porque só tem petista". O esquema PC Farias, afirmou, "era menor, malfeito, às claras, com o rabo de fora".
O deputado admitiu ter conversado duas vezes com o publicitário Marcos Valério, a quem acusa de distribuir o dinheiro do "mensalão". "Ele falava como se dinheiro caísse do céu. Eu me informei com Delúbio. Ele disse: 'é homem de minha confiança'."
Segundo Jefferson, no governo Lula, o esquema do "mensalão" foi desenhado no Palácio do Planalto. "O presidente de fato é o Zé Dirceu. O Genoino é o vice", afirmou, se referindo ao ex-ministro da Casa Civil e ao presidente do PT. Afirmou ainda estar disposto a uma acareação com Dirceu "sem nenhum problema".
O esquema, segundo ele, incluía um contrato de "correio aéreo", em que a cotação de dólar estaria superestimada, apesar da desvalorização da moeda americana. O superfaturamento seria de 300%. Além dos Correios, disse que o DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre) tem de ser investigado.
Jefferson voltou a poupar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Prova de sua inocência seria a demissão de Dirceu. Ao comentar o fato de que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), já havia alertado o presidente para o esquema, Jefferson duvidou que Lula tenha entendido a "engenharia" do esquema. "Ele afastou Zé Dirceu", afirmou, em defesa do presidente.
Jefferson reconheceu que, para o recrutamento do que chama de "exército mercenário" [parlamentares que votam com o governo, em troca de vantagens], os cargos também funcionam como atrativo. Segundo ele, os líderes partidários disputam cargos "fundamentalmente para que os dirigentes de estatais estabeleçam vínculos com empresários para financiamento dos partidos".
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As chamadas "jóias da coroa", segundo ele, são Petrobras, Eletrobrás e fundos de pensão. Ele afirmou que a bancada do PTB engordou no governo graças aos cargos. "Só Vicente Caccione foi trazido pelas mãos de Dirceu."
Jefferson acusou o deputado Miro Teixeira (RJ) de ter recuado depois de ter feito a denúncia do "mensalão" ao "Jornal do Brasil". Também acusou a Câmara de ter sufocado as investigações, ao ter intimidado o jornal com um processo em razão da reportagem. "A sindicância foi aberta às 10h. Fechou às 12h", acusou.
Jefferson chegou às 21h30 à emissora. À porta, integrantes da juventude petebista vestiam camisetas com a inscrição "Acredito em Roberto Jefferson". Convidado, o líder do PTB, Campos Machado, não foi ao programa. Jefferson fez exercício respiratórios antes de ir ao ar.
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