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29/06/2005 - 09h08

Agenda registra reuniões e favores entre Valério e o PT

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RUBENS VALENTE
CHICO DE GOIS
da Folha de S.Paulo

A agenda que Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, entregou ontem ao Conselho de Ética da Câmara registra pelo menos quatro encontros, entre maio e dezembro de 2003, entre o publicitário e o secretário-adjunto da Secom (Secretaria de Comunicação de Governo), Marcus Vinicius di Flora, servidor mais graduado abaixo do ministro Luiz Gushiken.

Uma anotação revela que Marcos Valério deixava um motorista de sua empresa à disposição do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, quando ele estava em Belo Horizonte (MG). No depoimento prestado ao conselho, Somaggio disse que essa era uma prática comum de Marcos Valério.

A agenda de Karina também relata encontros e pedidos de audiência de Valério com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). No depoimento, ela disse que ocorreram três audiências com o governador.

As anotações na agenda mostram jantares e almoços entre Marcos Valério e Marcus Flora em Brasília e Belo Horizonte. Além disso, Flora recebeu de presente no dia 10 de junho, junto com o então presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), uma caneta Mont Blanc. Segundo a Secom, Flora doou a caneta para leilão em prol do programa Fome Zero.

Por meio de suas empresas SMPB e DNA, Marcos Valério, acusado de ser um dos operadores do "mensalão", presta serviços de propaganda para o Banco do Brasil, Correios, Eletronorte, Câmara e dois ministérios, tendo recebido cerca de R$ 150 milhões desses órgãos apenas em 2004.

No período coberto pela agenda de Karina --oito meses de 2003--, as empresas de Marcos Valério disputaram e venceram licitações nos Correios, no Banco do Brasil e na Câmara.

Licitações

Embora a Secom já tenha negado, em nota, que interfira em licitações nas estatais, o órgão indica membros para as comissões de licitação e pode até promover mudanças nos editais, como ocorreu na última licitação dos Correios, vencida pela empresa de Marcos Valério. Em 28 licitações da administração indireta, a Secom indicou membros em 18 comissões.

A influência da Secom sobre os contratos de publicidade é prevista em lei. O decreto 4.799, baixado pelo atual governo, em agosto de 2003, prevê que as unidades administrativas devem submeter "à prévia aprovação da Secom" as ações publicitárias executadas por órgãos da administração direta e empresas estatais, "do planejamento à execução".

Nas anotações de Karina, não fica claro o objetivo dos encontros com Flora, assim como o de várias outras "reuniões" com Delúbio Soares e o secretário-geral do PT, Sílvio Pereira.

A agenda de Karina também relata pelo menos dois encontros, em São Paulo, com o deputado federal José Mentor (PT-SP), então relator da CPI do Banestado, que investigava evasão de divisas.

Marcos Valério também se encontrava com freqüência com Henrique Pizzolatto, diretor de marketing e comunicação do Banco do Brasil. Uma das empresas de Valério, a DNA Propaganda, detém a conta do BB junto com outras duas empresas.

Em entrevista à revista "Veja", Valério disse que visitava Delúbio, na sede do PT, no edifício Varig, em Brasília, como um amigo, para "tomar cafezinho".

Na agenda de Karina, pelo menos uma dessas visitas, de 29 de julho, está registrada, mas como uma "reunião".

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