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"Brasília não tem tradição de bom nível político", diz ministro da CGU
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MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
O ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União) afirmou nesta segunda-feira que não ficou "surpreso" com as denúncias de corrupção no GDF (Governo do Distrito Federal) porque "Brasília não tem uma tradição de bom nível político".
Segundo o ministro, a auditoria na aplicação dos repasses do governo federal para obras na capital federal deve ser concluída em duas semanas. O relatório será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao TCU (Tribunal de Contas da União) e ao Ministério Público Federal.
"Brasília não tem tradição de um bom nível político. Desde sua autonomia, sabemos que a realidade política não é das mais dignas de comemoração. Temos na periferia de Brasília políticas semelhantes aos verdadeiros grotões dos lugares mais distantes. Para mim, não chega a ser uma surpresa o que aconteceu em Brasília agora", disse.
O ministro afirmou que um relatório do CGU aponta, por exemplo, que o novo trecho do metrô, que recebeu R$ 40 milhões do Ministério dos Transportes, saiu 125% acima do preço de mercado. Também foram encontradas irregularidades em obras nas BR-020, BR-060 e BR-450, principais vias de acesso às cidades satélites, que teriam custado R$ 6,5 milhões a mais.
"Identificamos irregularidades no primeiro relatório que resultou num programa de sorteio como esse. Naquela ocasião, o GDF foi sorteado na área de transportes e encontramos irregularidades nas obras da BR-450, BR-020, BR-070 e no Metrô. Isso já foi divulgado, mas na época não teve tanta repercussão. Agora, com o escândalo do GDF, voltou a merecer atenção. O relatório [final] deve ficar pronto em duas semanas", afirmou.
O ministro evitou comentar a decisão do novo governador interino do Distrito Federal, Wilson Lima (PR), que determinou a suspensão dos contratos firmados com empresas investigadas pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) por suposta participação no esquema de arrecadação e pagamento de propina que envolve o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido).
"Não podemos interferir nos assuntos internos do Distrito Federal porque não houve intervenção", disse.
Lima ainda encaminhou um ofício ao TC (Tribunal de Contas) local pedindo celeridade nas auditorias realizadas nos convênios com essas empresas para evitar o prejuízo na prestação de serviços à sociedade.
A medida envolve empresas do setor de informática e de materiais escolares e tem efeito até que o STJ conclua as investigações.
Ao todo, 12 empresas investigadas devem ter os pagamentos suspensos imediatamente. O STJ determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de seis: Adler Assessoramento Empresarial e Representações, Vertax Consultoria, Info Educacional, Uni Repro Serviços Tecnológicos Ltda, Linknet Tecnologia e Telecomunicações e CTIS Informática.
A previsão era de que essas empresas recebessem em 2010 do GDF (Governo do Distrito Federal) pelo menos R$ 412 milhões.
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