Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/07/2005 - 17h51

Bancada do PT na Câmara cobra explicações de Dirceu

Publicidade

ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

O deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE) afirmou nesta terça-feira que "já está passando da hora" do deputado José Dirceu (PT-SP) dar explicações ao partido sobre as operações financeiras feitas pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares.

De acordo com Santiago, que participa da reunião de coordenação da bancada do PT na Câmara, diversos parlamentares fizeram intervenções dizendo que não querem mais surpresas com denúncias contra integrantes do partido.

"Dirceu tem o mesmo status de qualquer filiado e sua força política não deve garantir a ele tratamento especial", afirmou. Segundo Santiago, alguns deputados defendem que o ex-ministro da Casa Civil esclareça a questão à comissão de ética do PT. "O PT não pode ficar na berlinda, tem que tomar a iniciativa."

O PT tomou empréstimos junto a empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, que depois repassou o dinheiro por meio de saques a pessoas indicadas por Delúbio. Em depoimento à CPI, na semana passada passada, o ex-tesoureiro afirmou que ele era o único responsável pela transação.

Hoje, entretanto, Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza, mulher do publicitário, afirmou aos integrantes da CPI dos Correios que Dirceu sabia dos empréstimos.

"A única coisa que ele [Valério] me disse é que o doutor, na época ministro José Dirceu, sabia dos empréstimos. Eu perguntei como ele [Marcos Valério] sabia. Ele me falou que houve uma reunião da direção do Banco Rural em Belo Horizonte com o ministro José Dirceu para resolver o pagamento desses empréstimos com o Banco Rural. E houve uma reunião em Brasília da direção do BMG, não sei onde, para acertar o pagamento das contas porque o banco também queria receber", declarou Renilda.

Para Santiago, a informação já está sendo "assimilada" pelo atual presidente do PT Tarso Genro e pela executiva provisória. "Tenho certeza que eles estão pensando: 'o Zé foi citado mais uma vez. O que a gente faz agora?' O melhor é a gente tomar iniciativa, ouvir o Zé. Ou no diretório [do PT] ou na comissão de éticas [do partido] para evitar mais surpresas", acrescentou.

José Mentor

Santiago afirmou que o deputado José Mentor (PT-SP) também tem que se explicar melhor aos petistas. "Falta alguma coisa nas explicações dele. Ele deve se empenhar para se explicar melhor."

O escritório de advocacia José Mentor, Pereira Mello e Souza, que tem como sócio principal Mentor foi beneficiário de um cheque de R$ 60 mil emitido pela 2S Participações, do empresário Marcos Valério de Souza --acusado de operar o "mensalão".

O cheque foi localizado pela CPI dos Correios em meio ao material recebido da quebra de sigilos bancários das empresas de Marcos Valério. Trata-se de um documento do Banco do Brasil com data de 27 de julho de 2004. Nessa época Mentor ainda era relator da CPI do Banestado, que investigava evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Um dos bancos investigados era o Rural, hoje citado como um dos depositários do dinheiro usado nos pagamentos não-contabilizados a políticos.

Mentor disse que seu escritório prestou serviços advocatícios para um outro advogado, Rogério Tolentino, ligado a Marcos Valério. "Nem sabia que a 2S pertencia ao Valério", declarou Mentor --que afirma que o pagamento total foi de R$ 120 mil, e não apenas de R$ 60 mil. Ele não se recorda a forma de recebimento.

No seu relatório sobre a CPI do Banestado, Mentor não analisa os dados sobre os sigilos quebrados do Banco Rural nem menciona se os recebeu. A única citação que faz a essa instituição é anódina --sobre um processo em curso no Banco Central.

Com Folha de S.Paulo

Leia mais
  • Banco Rural vai deslocar funcionário para atender CPI dos Correios
  • Renilda diz que José Dirceu sabia de empréstimos
  • Renilda afirma que Marcos Valério se sente usado pelo PT
  • CPI pode convocar para depoimento presidente do PSDB

    Especial
  • Leia a cobertura completa sobre a CPI dos Correios
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página