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02/08/2005 - 09h00

Marcos Valério revela destino de R$ 56 mi

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

A gerente administrativa da agência de publicidade SMPB Comunicação, Simone Vasconcelos, apresentou ontem, à Polícia Federal em Brasília, uma lista de 31 nomes na qual estão discriminados sacadores e beneficiários, autorizados pelo PT, de R$ 55,8 milhões retirados das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Entre os destinatários do dinheiro sacado, diretamente ou por meio de assessores ou familiares, estão os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), com R$ 200 mil; Paulo Rocha (PT-PA), com R$ 920 mil; João Magno (PT-MG), com R$ 350 mil; Vadão Gomes (PP-SP), com R$ 3,7 milhões; Josias Gomes (PT-BA), com R$ 100 mil; Romeu Queiroz (PTB-MG), com R$ 350 mil; Professor Luizinho (PT-SP), com R$ 20 mil; José Borba (PMDB-PR), com R$ 2,1 milhões; José Janene (PP-PR), com R$ 4,1 milhões; e Carlos Rodrigues (PL-RJ), com R$ 400 mil.

Também consta da lista Valdemar Costa Neto (PL-SP), com saques de R$ 10,8 milhões feitos por intermédio de assessores ligados a seu partido, como Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL. Costa Neto renunciou ontem ao mandato de deputado federal.

No depoimento de seis horas que prestou ontem na PF, Simone disse que Costa Neto recebeu dinheiro também por meio da Guaranhuns Empreendimentos, Intermediações e Participações Ltda, com sede em São Paulo. Segundo a CPI dos Correios, a firma teria sido montada por doleiros.

A lista, produzida com base em anotações de Marcos Valério, registra R$ 4,9 milhões em repasses destinados ao diretório nacional do PT e que teriam sido repassados, entre outros, ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, ao ex-secretário-geral do partido Sílvio Pereira, ao ex-secretário de Comunicação da legenda Marcelo Sereno e à "campanha São Bernardo/Osasco".

Marcos Valério, autor da lista de 31 nomes, será ouvido pela PF ainda nesta semana. Sua relação foi montada para tentar provar que os R$ 55,8 milhões tomados em empréstimos por suas empresas foram totalmente repassados a pessoas indicadas pelo PT.

Segundo o documento elaborado pelo empresário, também teriam recebido dinheiro de Valério os diretórios do PT no Distrito Federal (R$ 605 mil), Rio Grande do Sul (R$ 1,2 milhão), Rio de Janeiro (R$ 2,67 milhões) e Santa Catarina (R$ 550 mil).

Aparecem na lista, entregue ontem também à Procuradoria Geral da República, pessoas ligadas ao publicitário Duda Mendonça, entre eles sua sócia Zilmar Fernandes da Silveira.

Ao deputado estadual petista José Nobre Guimarães (CE), irmão do ex-presidente do PT José Genoino, é atribuído um saque de R$ 250 mil.

Constam ainda da relação os nomes de Emerson Palmieri, tesoureiro informal do PTB, com saques de R$ 2,4 milhões, e José Carlos Martinez, presidente do PTB que morreu em acidente aéreo em 2003 e a quem teria sido entregue R$ 1 milhão. Somando-se esses valores, mais um saque de um deputado petebista, chega-se a R$ 3,818 milhões, próximos aos R$ 4 milhões citados por Roberto Jefferson (PTB-RJ) como dinheiro destinado ao partido pelo PT.

Márcio Lacerda, secretário-executivo do ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), teria recebido R$ 1 milhão.

Diante dos investigadores, Simone reafirmou o que Valério havia dito anteriormente ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza: as fontes do dinheiro, repassado a pessoas ligadas ao PT ou mediante indicação do partido, seriam empréstimos bancários tomados pelo empresário.

Segundo a procuradora Raquel Branquinho, do Ministério Público Federal em Brasília, que acompanhou parte do depoimento, Simone não esclareceu na totalidade os beneficiários do dinheiro.

Além da lista elaborada por Valério, Simone entregou aos policiais uma segunda relação, com sete nomes, que teriam recebido cerca de R$ 7 milhões em saques pelos quais ela seria responsável.

Ainda conforme a procuradora, Simone não confirmou a referência a uma pessoa chamada Roberto Marques, indicado como um dos sacadores, cujo nome é o mesmo de um assessor e amigo do ex-ministro José Dirceu.

De acordo com os registros do Banco Rural, Roberto Marques seria o destinatário de um saque de R$ 50 mil. No entanto, o dinheiro foi retirado de uma agência do Rural em São Paulo por Luiz Masano, funcionário da corretora Bonus-Bonval, que teve entre os seus estagiários Michele Janene, filha do deputado Janene.

Ontem foi o terceiro depoimento de Simone à Polícia Federal. No primeiro, no dia 1º de julho, ela negou ter feito saques para entregar a pessoas indicadas por Marcos Valério. Doze dias depois, mudou sua versão e admitiu retirar grandes quantias no Banco Rural em Brasília.

Ela disse que, a mando do empresário, entregava o dinheiro a pessoas "desconhecidas" que chegavam na agência. Na ocasião, porém, Simone afirmou que não seria capaz de reconhecer nenhum dos beneficiados, versão também modificada ontem.

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