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Base quer ouvir tesoureiro do PT em comissão que aprovou convite e não convocação
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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
Na tentativa de reverter a convocação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na CPI das ONGs do Senado, senadores governistas vão tentar convencer a oposição a ouvir o petista na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle da Casa, onde Vaccari foi convidado a depor.
Ao contrário da convocação, em que o tesoureiro é obrigado a comparecer à CPI, o convite permite a Vaccari negar o chamado do Senado.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), chegou a anunciar que tentaria anular a ata da sessão da CPI das ONGs em que o requerimento de convocação de Vaccari foi aprovado. Sem a ata, a convocação seria automaticamente cancelada. Jucá, porém, mudou de estratégia e agora tenta convencer a oposição a aceitar o convite ao tesoureiro aprovado na Comissão de Fiscalização.
A Folha Online apurou que, nos bastidores, os governistas ameaçaram levar para a CPI das ONGs denúncias contra tucanos e democratas --para polarizar a disputa com a oposição em ano eleitoral. Com as ameaças, senadores do DEM e PSDB aceitaram dialogar com os governistas antes de insistir na convocação de Vaccari.
O presidente da CPI das ONGs, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), chegou a abrir a sessão da CPI em que Jucá disse que anularia a convocação de Vaccari. Heráclito, porém, encerrou a sessão logo após abri-la para negociar com os governistas.
Oficialmente, os governistas afirmam que vão tentar dialogar com a oposição antes de partir para o embate direto com a desconvocação de Vaccari. "Eu só vou derrubar a convocação se houver um clima belicoso. Se houver um clima de entendimento, vamos construir o entendimento. Você não pode transformar o Senado em um ringue", disse Jucá.
Segundo o líder governista, a Comissão de Fiscalização é o "fórum correto" para que Vaccari seja ouvido. "É um gesto de boa vontade de ambos os lados. Não queremos nem patrolar, nem tripudiar. Vamos conversar sobre procedimentos."
Mudança
Heráclito chegou a abrir a sessão da comissão em que Jucá disse que pediria a anulação da ata. A sessão, porém, durou menos de cinco minutos. Ele suspendeu a sessão com o argumento de que o líder do governo havia pedido uma negociação com a oposição para discutir o impasse.
"Ele propôs uma reunião com os líderes para discutir tudo isso. A proposta dele é um acordo de procedimentos. A anulação da ata é impraticável", afirmou.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que Jucá não tem poderes para desconvocar Vaccari. "Desconvocar é só com o Dunga. O Vaccari está em ótima fase, pode vir depor. Rejeitar uma ata é algo que nunca aconteceu no Senado", afirmou.
Dias é o autor do requerimento de convite a Vaccari na Comissão de Fiscalização. O depoimento de Vaccari estava marcado para hoje na CPI das ONGs. O petista, no entanto, pediu para adiá-lo porque seu advogado está em viagem aos Estados Unidos ---pedido aceito pela comissão.
Segundo Jucá, Vaccari está disposto a comparecer na próxima terça-feira como convidado para falar aos senadores. Reportagem da revista "Veja" mostra que em 2003, na época em que Vaccari era responsável pelas finanças da Bancoop, o petista administrava informalmente a cobrança de propina para fundos de pensão de empresas estatais, bancos e corretoras.
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