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08/08/2005
-
19h21
EPAMINONDAS NETO
da Folha Online
O deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) afirmou nesta segunda-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não gosta do serviço", numa referência ao exercício da presidência, e que não voltaria a apoiá-lo em uma nova campanha eleitoral. Jefferson participou de seminário em São Paulo sobre reformas políticas, onde foi aplaudido de pé, apesar da admissão de que utilizou "caixa 2" em sua campanha.
Ao levantar a hipótese se voltaria a apoiar o presidente Lula em uma hipotética nova campanha, Jefferson disse: "A minha resposta seria não. Que ele [o presidente] não gosta de trabalhar. Ele delegou o governo ao [ex-ministro da Casa Civil] José Dirceu. Tudo o que ele gosta de fazer é passear de avião" e acrescentou: "[ele] não gosta do serviço, mas eu não posso acusá-lo de desonesto". Pouco depois, Jefferson se referiu ao presidente como um "semideus" e que não conseguiria atacar um "operário que chegou ao poder".
Convidado a falar sobre reformas no sistema político, o deputado faz um discurso carregado de críticas ao PT, ao ex-ministro Dirceu e a demais membros do Executivo. "Eu não sei porque só explode no Parlamento esse negócio do mensalão. Tem ministros que mandaram sacar. Secretários-executivos, chefes de gabinete meteram a mão no 'jabá'", afirmou, sem citar nomes.
Culpa
Jefferson fez pelo menos duas admissões de culpa durante as duas horas de apresentação no seminário.
Primeiro, admitiu que utilizou de "recursos não contabilizados" durante sua carreira parlamentar, que iniciou em 1979. "Se me perguntarem se nesses 23 anos: 'você recebeu financiamento não contabilizado? O tempo todo, sempre'", afirmou o deputado, mais uma vez, justificando que os empresários "temem doar [recursos] por dentro".
Pouco mais tarde, o parlamentar fez referência ao caso já apelidado de "conexão Lisboa", em que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, junto com o tesoureiro informal do PTB, Edson Palmieri, viajaram a Portugal no início deste ano. Em Portugal, Valério teve encontros com empresários locais e políticos do primeiro escalão, supostamente numa viagem de negócios, mas que para Jefferson, foi uma estratégia para angariar recursos para o PT e o PTB, com anuência do Planalto. Ele relembrou o caso e disse "a proposta não foi aceita". "Eles voltaram de mãos vazias".
Os relatos não impediram que a platéia lotada de empresários o aplaudisse e por pelo menos três vezes: uma, quando disse que não renunciaria porque não poderia pedir votos sem esclarecer todas as suas culpas perante os eleitos; a segunda, quando sugeriu que fossem cortados pelo menos dois de cada três deputados da Câmara; e no final, quando concluiu o seminário e foi aplaudido de pé por parte da platéia que lotou um plenário com capacidade para 280 pessoas, inclusive utilizando os corredores.
O seminário foi promovido pela Associação Comercial de São Paulo.
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Presidente Lula "não gosta do serviço", diz Jefferson
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da Folha Online
O deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) afirmou nesta segunda-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não gosta do serviço", numa referência ao exercício da presidência, e que não voltaria a apoiá-lo em uma nova campanha eleitoral. Jefferson participou de seminário em São Paulo sobre reformas políticas, onde foi aplaudido de pé, apesar da admissão de que utilizou "caixa 2" em sua campanha.
Ao levantar a hipótese se voltaria a apoiar o presidente Lula em uma hipotética nova campanha, Jefferson disse: "A minha resposta seria não. Que ele [o presidente] não gosta de trabalhar. Ele delegou o governo ao [ex-ministro da Casa Civil] José Dirceu. Tudo o que ele gosta de fazer é passear de avião" e acrescentou: "[ele] não gosta do serviço, mas eu não posso acusá-lo de desonesto". Pouco depois, Jefferson se referiu ao presidente como um "semideus" e que não conseguiria atacar um "operário que chegou ao poder".
Convidado a falar sobre reformas no sistema político, o deputado faz um discurso carregado de críticas ao PT, ao ex-ministro Dirceu e a demais membros do Executivo. "Eu não sei porque só explode no Parlamento esse negócio do mensalão. Tem ministros que mandaram sacar. Secretários-executivos, chefes de gabinete meteram a mão no 'jabá'", afirmou, sem citar nomes.
Culpa
Jefferson fez pelo menos duas admissões de culpa durante as duas horas de apresentação no seminário.
Primeiro, admitiu que utilizou de "recursos não contabilizados" durante sua carreira parlamentar, que iniciou em 1979. "Se me perguntarem se nesses 23 anos: 'você recebeu financiamento não contabilizado? O tempo todo, sempre'", afirmou o deputado, mais uma vez, justificando que os empresários "temem doar [recursos] por dentro".
Pouco mais tarde, o parlamentar fez referência ao caso já apelidado de "conexão Lisboa", em que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, junto com o tesoureiro informal do PTB, Edson Palmieri, viajaram a Portugal no início deste ano. Em Portugal, Valério teve encontros com empresários locais e políticos do primeiro escalão, supostamente numa viagem de negócios, mas que para Jefferson, foi uma estratégia para angariar recursos para o PT e o PTB, com anuência do Planalto. Ele relembrou o caso e disse "a proposta não foi aceita". "Eles voltaram de mãos vazias".
Os relatos não impediram que a platéia lotada de empresários o aplaudisse e por pelo menos três vezes: uma, quando disse que não renunciaria porque não poderia pedir votos sem esclarecer todas as suas culpas perante os eleitos; a segunda, quando sugeriu que fossem cortados pelo menos dois de cada três deputados da Câmara; e no final, quando concluiu o seminário e foi aplaudido de pé por parte da platéia que lotou um plenário com capacidade para 280 pessoas, inclusive utilizando os corredores.
O seminário foi promovido pela Associação Comercial de São Paulo.
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