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29/03/2010 - 09h35

Goldman troca fuso horário do governo de SP a partir de 6ª

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CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo

Ele não acha o nome de Geraldo Alckmin "o mais adequado" para a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. E já disse. Ao próprio Alckmin. Ele também chama de "condenação" a perspectiva de um mandato de quatro anos à frente do Estado. À beira dos 73 anos e sem pretensão eleitoral, o futuro governador de São Paulo, Alberto Goldman, é hoje, na definição dos aliados, um homem sem travas.

Goldman é a partir de sexta-feira --quando José Serra transmite o cargo oficialmente-- o próximo governador de São Paulo. Sob seu comando se dará a sucessão no Estado. Para a disputa, nunca escondeu a preferência pelo chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira.

"Gosto do Alckmin como pessoa. Não acho que seja o nome mais adequado", confessa.

Uma ríspida conversa, em junho de 2008, aguçou a cisma. No encontro, às vésperas das convenções partidárias, Goldman tentou demover Alckmin da disputa pela prefeitura, comprometendo-se a apoiá-lo para o governo em 2010. Não foi bom o desfecho.

Ano passado, deixou, a pedido de Serra, a Secretaria de Desenvolvimento para que Alckmin fosse acomodado no governo. Hoje, em respeito às prioridades partidárias --um dos traços que atribui à criação "judaico-cristã-comunista"--, promete trabalhar pela eleição do candidato tucano, "quem quer que seja", desde que o próximo governo reproduza a "unidade" do atual. "Não se faz na vida o que se quer, se faz o que se pode", resigna-se.

Na sala de casa, com o mesmo vigor com que toca Beethoven, a palavra flui. Apesar da posição invejável para a classe política --e do reconhecimento de que a posse será a coroação de sua carreira política-- Goldman afirma que até mesmo a mulher, Deuzeni ("Deusa"), duvidou de seu desinteresse pelo governo do Estado. Fosse mais jovem, admite, "toparia".

"O mandato de governador é de quatro anos. Isso é uma prisão. Você não é eleito. É condenado a quatro anos", justifica.

Saboreando um charuto, continua. Filho de poloneses, herdou do pai a obsessão pela pontualidade. Essa, diz, é sua maior diferença em comparação ao futuro antecessor.

Além "da diferença de fuso horário", é claro. Goldman se levanta antes do toque do despertador, programado para as 5h45. Às 6h30, três vezes por semana, joga basquete, esporte que pratica há quase 60 anos, 40 deles na mesma academia, no centro de São Paulo.

A caminho do apartamento, em Higienópolis, ouve o mesmo programa de notícias. Em casa, a exuberante Deusa --32 anos de casamento e mãe de dois de seus cinco filhos-- o espera para o café. Às 8h, ele tem aulas de inglês.

"Esse homem me seduziu", diz ela, 14 anos mais jovem.

A convivência com Serra impôs outro tipo de disciplina. Alertado para o risco de suas opiniões serem encaradas como as do governador, conteve o verbo nos últimos três anos e três meses. "E tirei só duas semanas de férias", registra.

Formado em engenharia pela Politécnica, Goldman entrou na política pelo movimento estudantil. Foi ministro dos Transportes e passou por PCB, MDB/PMDB e PSDB.

"Completo agora 40 anos de vida pública. Conto nos dedos de uma mão os amigos que eu tenho. A-mi-gos. Inimigos, tenho aos montes", diz.

Pródigo em palavras, Goldman economiza quando o assunto são multas de trânsito em seu nome, muitas, diz, provocadas pelos filhos. "Nem me fale sobre isso", recomenda ele.

Pelo visto, um homem sem travas e freios.

 

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