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16/08/2005 - 22h51

Para dom Cláudio, crise tornou reeleição de Lula mais difícil

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MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Indaiatuba

O arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal dom Cláudio Hummes, 71, disse hoje que a crise política tornou "mais difícil" que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se candidate à reeleição, devido às denúncias de corrupção que atingem o governo federal e sua base de apoio no Congresso.

"Acho que ele ainda não decidiu se vai concorrer ou não. Para ele, já é mais difícil hoje decidir isso, como também, obviamente, a partir daí, é mais difícil de ele se reeleger, claro", disse o cardeal.

A declaração foi feita no penúltimo dia da 43ª Assembléia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Indaiatuba (SP).

D. Cláudio chegou a ser apontado como um dos favoritos a sucessão do papa João Paulo 2º. Entre 1975 e 1996, ele foi bispo da Diocese de Santo André, na região do ABC paulista. D. Cláudio apoiou as greves dos sindicatos de metalúrgicos no ABC no início da década de 80, quando conheceu Lula.

Para d. Cláudio, parte das promessas que haviam sido feitas pelo presidente "não estão sendo cumpridas e realizadas". "Há muitas promessas que não foram cumpridas, algumas muito importantes, como vencer a fome e a miséria", disse.

De acordo com o cardeal, "o povo não pode permitir que haja retrocesso no país" em razão da crise política. "O povo não pode permitir que haja retrocesso no país. As investigações tem de ir até o fim e todos os culpados devem ser punidos e afastados do poder. Somos maiores que um partido e a crise é uma oportunidade de o país crescer."

Traição

O cardeal disse não achar necessário que o presidente dê os nomes de quem o teria traído no governo. Em seu pronunciamento na TV na semana passada, Lula disse ter sido traído.

"Não acredito que ele precise dizer um por um os nomes de quem o traiu. Provavelmente, ele falou de modo geral, por aquilo que ele vê como resultado. Ele se vê traído, em primeiro lugar, por um grupo de dentro partido. Talvez por outras pessoas de sua base política no Congresso. Mas, se ele vai dizer nomes ou não, é decisão dele. O importante é que haja investigação."

D. Cláudio defendeu ainda a necessidade de uma "reforma política urgente" no país. Entre os pontos destacados por ele como estão a diminuição do número de partidos, a revisão da reeleição e da proporcionalidade da representação dos Estados no Congresso.

"Somos favoráveis a uma reforma política com urgência. Se não fizer agora, vamos pôr para fora o pessoal que está metido nisso [acusações de corrupção], só que depois começa tudo de novo."

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