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19/08/2005 - 03h31

Delúbio admite que caixa dois financiou campanha de Lula

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FELIPE NEVES
da Folha Online

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares admitiu nesta quinta-feira, em depoimento à CPI do Mensalão, que usou dinheiro de caixa dois para quitar dívidas da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em 2002.

Delúbio afirmou que os R$ 457 mil supostamente sacados de uma conta da SMPB, de Marcos Valério, por Márcio Lacerda, ex-secretário executivo de Ciro Gomes no Ministério da Integração Nacional, foram para pagar os gastos com a gravação de mensagens de apoio do próprio Ciro a Lula, já no segundo turno das eleições.

Apesar de ter admitido a operação, o ex-tesoureiro, em outros momentos, disse que a campanha de Lula não recebeu dinheiro por fora. Lacerda pediu afastamento do cargo no início do mês.

PT e PL

Delúbio confirmou ainda a denúncia do ex-presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em entrevista à revista Época, sobre o acordo financeiro fechado entre PT e PL para a coligação dos dois partidos na campanha de 2002. Segundo ele, pelo acordo, o PT iria repassar R$ 10 milhões --25% do valor total da arrecadação da campanha presidencial.

Ele confirmou que a reunião entre os dois partidos aconteceu na casa do deputado Paulo Rocha (PT-PA), com a presença do presidente Lula, do vice-presidente José Alencar e de Costa Neto. O PL exigia uma compensação para as perdas causadas pela verticalização --o PL só poderia se coligar com o PT em todos os Estados, o que prejudicou o partido e diminuiu sua bancada.

Assim como o presidente do PL, Delúbio disse que Lula e Alencar estavam em um escritório quando o repasse ao PL foi acertado. "Ficou acertado que, do volume arrecadado para a campanha eleitoral à Presidência, 25% ficaria para o vice para apoiar o PL. Em termos nominais, isso dá aproximadamente R$ 10 milhões", declarou.

O dinheiro prometido ao PL teria sido pago, de acordo com o ex-tesoureiro, com saques feitos das contas das empresas de Marcos Valério.

Mensalão

Na abertura da sessão, o ex-tesoureiro do PT reafirmou que o PT "nunca pagou parlamentares ou comprou votos".

Delúbio reafirmou ainda que no esquema de caixa dois para o financiamento de campanha não há dinheiro público. Ele avaliou que as investigações no Congresso estão apontando para isso.

Sem traições

Delúbio afirmou que "não se sente nem traidor nem traído". Ele disse que não faz parte da sua personalidade questionar opiniões. "Eu não costumo e não faz parte da minha personalidade delatar ninguém e nem questionar a opinião das pessoas. Podem dizer o que quiser. Não me sinto traidor. Mas aí é a opinião de cada um."

A declaração foi uma resposta do ex-tesoureiro do PT a uma indagação sobre a declaração do presidente Lula, que afirmou que se sentiu traído. "Respeito a opinião do presidente como fiel seguidor. Não questiono. A vida nos ensina."

Delúbio Soares foi citado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos "cabeças" do suposto esquema de pagamento de mesada a deputados da base aliada --o "mensalão". Após a denúncia, Delúbio começou a ser pressionado para se afastar da direção da sigla. Em 5 de julho, ele pediu afastamento do cargo.

Com Agência Câmara

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