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20/08/2005 - 10h08

Buratti diz que bingos financiaram campanha de Lula

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da Folha Ribeirão
do enviado da Folha de S.Paulo a Ribeirão

A campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência em 2002 recebeu cerca de R$ 2 milhões das empresas que operam casas de bingo em São Paulo e no Rio de Janeiro, segundo depoimento do advogado Rogério Tadeu Buratti à Polícia Civil em Ribeirão Preto, e acompanhado por seis promotores.

Segundo Buratti, que foi assessor do ministro Antonio Palocci quando este era prefeito de Ribeirão Preto, os bingos de São Paulo entraram com R$ 1 milhão e os do Rio teriam contribuído com um valor similar ou maior.

As casas de bingo doaram os recursos, de acordo com o depoente, porque tinham interesse na regularização do jogo de bingo no Brasil. Um projeto com essa finalidade havia sido feito pelo ministro José Dirceu (Casa Civil), mas foi abandonado após a divulgação de um vídeo gravado em 2002 no qual Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu, pedia propina ao empresário da área de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Waldomiro foi exonerado a pedido em 13 de fevereiro de 2004 do cargo de subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência.

Delúbio

A contribuição das casas de bingo de São Paulo, sempre segundo a versão apresentada por Buratti, foi encaminhada a Delúbio Soares, então tesoureiro do PT --atualmente acusado de envolvimento no escândalo do "mensalão".

Quem articulou a doação teria sido Ralf Barquete Santos, que trabalhou na Prefeitura de Ribeirão Preto, com Palocci, e na Caixa Econômica Federal, em Brasília. Barquete Santos, que morreu no ano passado, também recebia a contribuição da empreiteira Leão Leão para Palocci quando ele era prefeito, ainda segundo o depoimento de Buratti.

Palocci assumiu a coordenação da campanha de Lula em 2002, depois da morte de Celso Daniel, então prefeito de Santo André.

O grupo do Rio, disse Buratti, conseguiu indicar a diretoria de loterias da Caixa Econômica Federal.

Rogério Buratti detalhou no interrogatório à polícia o caminho que percorreu ao tentar intermediar a renovação do contrato que a GTech tinha com a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 650 milhões. A empresa americana é responsável pelos sistemas de computação usados pela Caixa.

Acesso

Na segunda vez em que citou o nome de Palocci, Buratti contou que Marcelo Rovai, um dos diretores da GTech, procurou a Caixa para saber como teria acesso ao ministro. Barquete Santos, homem de Palocci que assessorava a presidência da Caixa, encaminhou a GTech a Buratti, segundo o depoimento. Palocci não quis se envolver na questão, afirmou Buratti.

Buratti disse ainda que os "honorários" que receberia da GTech caso a sua intermediação fosse bem-sucedida não seriam embolsados por ele, mas iriam para o PT. O advogado já havia dito que receberia da GTech de R$ 500 mil a R$ 16 milhões por 25 meses de assessoria --o valor variava de acordo com as condições que obtivesse para a empresa.

Waldomiro

O advogado disse aos policiais e promotores que não conhece Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil.

Na CPI dos Bingos, Marcelo Rovai e o ex-presidente da GTech Antônio Carlos Lino da Rocha sustentaram que Buratti e Waldomiro tentaram extorquir R$ 6 milhões da empresa para facilitar renovação de contrato da empresa com a CEF em abril de 2003. Os dois afirmaram, porém, que a quantia não foi paga. A empresa assinou o contrato com a CEF no dia 8 de abril de 2003.

Buratti afirmou que está disposto a prestar um novo depoimento à CPI dos Bingos. Ele depôs na semana passada, mas omitiu as informações que revelou ontem à polícia.

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