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20/08/2005 - 10h18

Buratti fez críticas a atitudes tomadas por Palocci após denúncias

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RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Em julho de 2004, ao se ver envolvido no escândalo Waldomiro Diniz, o advogado Rogério Buratti dava sinais de irritação com a conduta do seu ex-chefe, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. O ministro negava um relacionamento com seu secretário de Governo na Prefeitura de Ribeirão Preto entre 1993 e 1994.

O Ministério Público, que monitorava Buratti havia dois meses, captou uma conversa telefônica em que o ex-assessor culpa indiretamente o ministro pela própria atenção que a imprensa passou a lhe dar. Poucos dias antes, em depoimentos à Polícia Federal, ex-dirigentes da multinacional GTech haviam revelado que pagar R$ 6 milhões a Buratti seria uma exigência para a renovação do contrato com a Caixa Econômica Federal. Logo depois, o Ministério da Fazenda divulgou uma nota em que negava qualquer vínculo entre Palocci e Buratti.

Para Buratti, a nota incentivou a investigação da imprensa. "Na hora em que apareci na jogada, e que o Palocci, ministro, deu aquela declaração infeliz de que não sabia quem eu era, que eu tinha sido um funcionário dele, servido ao lado dele e que tinha sido demitido num episódio ruidoso --era assim que dizia a nota--, e que de lá para cá nunca mais me viu, aí o que os caras [jornalistas] pensaram: "Vamos atrás, né? Tem coisa aí'", disse Buratti a um interlocutor identificado como "Ênio".

Demonstrando trânsito no ministério, "Ênio" concorda: "Deixa eu te contar. Ainda comentei com o Juscelino [Dourado, chefe-de-gabinete de Palocci]: "Pô, Juscelino, esse papo de vocês começarem dizendo aí que o Palocci mal conhecia o Rogério, é complicado, né?" Porque eles começaram mais ou menos assim, né". Segundo "Ênio", Juscelino reconheceu que a nota fora "infeliz".

Buratti, que começou sua militância no ABC paulista, chegou a Ribeirão Preto (SP) em 1992, a convite do então prefeito eleito Antonio Palocci. Deixou em 1994, "a pedido", um dos cargos mais importantes da prefeitura, o de secretário de Governo, após a Folha ter divulgado uma fita em que ele discute com um empreiteiro esquemas de propina na cidade.

Embora tenha protagonizado um escândalo, Buratti continuou bem relacionado no grupo político de Palocci. Em 1996, abriu uma empresa em sociedade com Juscelino Dourado, hoje chefe-de-gabinete do ministro. A W Way Informática, uma provedora de internet de Ribeirão, funcionou, no papel, por dois anos.

Dourado também abriu outro negócio com o irmão de Buratti, Renato, a Editorarte, que funcionou no mesmo endereço da Assessorarte, empresa voltada para realização de concursos em várias prefeituras do interior paulista.

Outras gravações em poder do Ministério Público indicam que Buratti propagava manter boas relações com Dourado até o ano passado, mesmo após o escândalo Waldomiro Diniz. Desde 1999, Buratti era um dos vice-presidentes da empresa de coleta de lixo Leão Leão. Numa conversa gravada em 26 de julho de 2004, Buratti é procurado por um executivo da empresa, Luiz Pacola, para falar sobre "o negócio de Brasília".

Buratti respondeu que havia conversado com "ele" sobre o assunto, que "ele" estaria em Ribeirão no dia seguinte, e aconselhou Pacola a "ligar para o chefe-de-gabinete e marcar" uma audiência.

Em 27 de julho, ocorreu em Ribeirão, no Hotel JP, um seminário sobre desenvolvimento econômico com a presença de Antonio Palocci. No mesmo dia, Pacola voltou a ligar para Buratti, que argumentou a necessidade de falar "com o chefe-de-gabinete".

Talvez a pior colisão entre Buratti e Palocci tenha ocorrido na semana passada. A CPI dos Bingos revelou um documento em poder do Ministério Público de Ribeirão que relata telefonemas de Buratti para a casa do ministro, em Brasília. Em fevereiro de 2004, Buratti ligou, no dia 7, duas vezes de telefone fixo e outra vez no dia 21, de um celular.

A assessoria do ministro divulgou nota no dia seguinte, na qual afirmou que as ligações foram apenas tentativas de Buratti. Em resposta, o advogado confirmou ter mantido com o ministro conversas "de caráter pessoal".

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