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27/08/2005 - 09h48

Presidente de conselho diz receber ameaças

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RANIER BRAGON
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Ricardo Izar (PTB-SP), disse ontem estar sofrendo ameaças devido aos processos de cassação de mandato que o órgão analisa.

Afirmando também que "tem gente agindo para evitar certas cassações", Izar deu a entender que as ameaças partem de colegas sob o risco de perder o mandato devido ao envolvimento no escândalo do "mensalão".

"A pressão é muita, passou um pouquinho dos limites. Está demais. (...) Tem algumas ameaças. Estou tomando minhas providências, principalmente as motivadas pelas ameaças. Há ameaça muito grande, "que se isso acontecer eu vou fazer isso e aquilo", afirmou o petebista, que disse ter passado a tomar calmantes e a enfrentar problemas de pressão alta nas últimas semanas.

Izar preside o órgão responsável por dar o parecer --que vai a voto no plenário da Câmara-- pela cassação ou não de deputados. O primeiro deles, de Roberto Jefferson (PTB-RJ), deve ser concluído na próxima semana.

"Não vou aceitar ameaça, quero trabalhar de maneira independente. Já deixei conscientes pessoas importantes. Expliquei o que está acontecendo, já souberam dos detalhes. Elas já estão tomando as providências", afirmou Izar, antes de desabafar: "Ando tenso. Nunca tive pressão alta, estou com pressão (alta). Estou tomando calmante, coisa que eu nunca fiz. O que é isso?"

O presidente do Conselho de Ética teve recentemente um atrito público com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), sobre a tramitação dos processos contra deputados. Severino não queria que o conselho abrisse simultâneos processos de cassação sob o argumento de que o órgão não tinha estrutura para isso. Izar reclamou publicamente e Severino acabou recuando.

Também sem dar nomes, o petebista disse que há uma articulação para evitar "certas cassações". "Tem gente agindo para evitar certas cassações, não tenho dúvida. Na realidade, tem gente querendo que os processos demorem o máximo possível. O que acontece: tem o recesso [de dezembro], tem o ano eleitoral (2006), o pessoal começa a faltar, não dá número (quórum para as reuniões), e com isso acabou a legislatura."

Na semana que vem, a CPI dos Correios pode enviar a Severino os nomes de 18 parlamentares acusados de serem beneficiários de dinheiro das empresas de Marcos Valério, o suposto "operador" do "mensalão". A tendência é que Severino envie os casos para a Corregedoria da Câmara para análise preliminar, e não para abertura de processo no Conselho de Ética, como quer Izar.

Severino nega que esteja patrocinando uma "operação abafa" na Câmara. A corregedoria já analisa o escândalo do "mensalão" desde meados de junho, mas até agora não chegou a conclusões.

Os cinco deputados que compõem a sindicância montada pela corregedoria argumentam que não têm poderes de CPI, como o de quebrar sigilos e convocar depoentes, e, por isso, devem aguardar o fim dos trabalhos das CPIs para sugerir ou não as cassações.

Severino enviou ontem consulta à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara sobre a necessidade de submeter ao plenário os pareceres de arquivamento do pedido de cassação de cinco deputados do PTB. O PL os acusava de fazer campanha usando caixa 2.

Especial
  • Leia a cobertura completa sobre o caso do "mensalão"
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