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31/08/2005 - 10h55

Ex-gerente envolve assessor de Palocci em caixa 2

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ROGÉRIO PAGNAN
da Folha Ribeirão
CONRADO CORSALETTE
Enviado especial da Folha a Ribeirão

A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual apreenderam na manhã de ontem notas fiscais e livros contábeis na sede da empresa Leão Leão e na gráfica e editora Villimpress, ambas em Ribeirão Preto, para apurar nova denúncia de suposto caixa 2 na campanha do PT em 2002. Da Leão foram levadas 17 caixas com os documentos. Na gráfica, cerca de 50 notas fiscais.

A apreensão, com autorização judicial, ocorreu após depoimento de um ex-gerente financeiro da gráfica (que não teve o nome divulgado) à Promotoria. Ele relatou um suposto esquema de caixa 2 num triângulo que envolvia a Leão, a Villimpress e o ex-secretário da Casa Civil da Prefeitura de Ribeirão Juscelino Dourado, hoje chefe de gabinete do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).

Esse esquema, segundo o ex-gerente, consistia na produção de material de campanha para candidatos a deputado, senador e até para a candidatura à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, com a emissão de boletos em nome de Dourado (como se o serviço tivesse sido prestado para Dourado). Esses documentos, muitos superfaturados, eram pagos pela Leão, sempre segundo o relato do ex-gerente financeiro.

Bancos

"Ele (Juscelino) autorizava a confecção de boletos bancários em seu próprio nome, que eram mandados por ele, no endereço do escritório do Partido dos Trabalhadores", diz trecho do documento a que a Folha teve acesso.

A Promotoria enviou ontem ofício para cincos bancos para pedir esclarecimentos sobre a existência ou não dessas transações: Banco do Brasil, Nossa Caixa, Banco Real, Banespa e Bilbao Viscaia, todos em Ribeirão.

O denunciante não soube informar o valor do esquema, mas afirmou que cada pedido para elaboração de materiais girava em torno de R$ 25 mil a R$ 30 mil, "sendo que, em alguns dias, foi feito mais de um pedido".

Por conta da acusação, a Polícia Civil abriu inquérito para apurar sonegação fiscal, falsidade ideológica e formação de quadrilha.

Patrocínio

Nesse suposto esquema, à Leão Leão cabia o pagamento dos boletos emitidos pela gráfica, mas as notas fiscais "eram muitas vezes maiores".

O ex-gerente afirmou aos promotores que chegou a indagar ao diretor da gráfica, Vilibaldo Faustino Júnior, as razões das diferenças entre as notas e os boletos. "Este [Vilibaldo] esclarecia que se tratava de patrocínio da campanha da Leão à publicidade do PT", diz trecho do depoimento.

Outra campanha

Essa mesma gráfica, segundo o denunciante, é a que produziu todo o material de campanha de Palocci nas eleições de 2000 para prefeito de Ribeirão. "Nessa época eram emitidas notas para a Leão Leão, mas não os boletos de Juscelino", afirmou o denunciante.

Em 2002, o presidente da Leão Ambiental era o advogado Rogério Tadeu Buratti, o mesmo que acusou o ministro da Fazenda de receber pagamento de propina de R$ 50 mil mensais, entre 2001 e 2002.

O ex-gerente disse aos promotores que, como freqüentava a sala de Faustino Júnior, chegou a ouvir conversas do chefe com Dourado e Donizeti Rosa (ex-secretário de Governo de Palocci na Prefeitura de Ribeirão) a respeito de "sobras de dinheiro relativas às notas fiscais, sendo que os dois orientavam [sic] no sentido que era preciso comprar dólar". "Não sei dizer quem comprava os dólares, mas o dinheiro voltava para o PT", disse o ex-gerente.

Outro lado

Os advogados da empreiteira Leão Leão e da gráfica Villimpress negaram o conteúdo da denúncia feita ao Ministério Público Estadual. As empresas disseram estar à disposição dos promotores para o fornecimento de novos documentos.

A Folha não conseguiu ouvir Juscelino Dourado.

"Ao contrário do que [foi] alegado na denúncia leviana e sem fundamento, foram regularmente emitidas as notas fiscais bem como feito o registro nos livros fiscais", afirma a nota divulgada pela Villimpress.

Advogado da Leão Leão, Edson Torihara classificou a ação do Ministério Público e da Polícia Civil como "uma medida exagerada contra uma empresa que está colaborando com a investigação". "Se tivessem pedido a documentação, teríamos fornecido", disse o advogado, para quem a imagem da Leão Leão fica abalada por conta do episódio. "Numa cidade como Ribeirão, a empresa fica arranhada", afirmou ele.

Na nota que foi divulgada ontem pela Villimpress, a advogada da gráfica, Cristiane Heredia, afirma que seu cliente estuda entrar com uma ação de indenização por danos morais contra seu ex-funcionário "em razão da denunciação caluniosa formulada".

"A Villimpress prestou serviço para o PT do jeito que presta serviço para outras empresas. Não vejo plausibilidade na denúncia que foi feita", disse a advogada. Na nota, a Villimpress se coloca "à disposição do promotor e da própria Justiça, em todos os levantamentos que forem necessários".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Antonio Palocci
  • Leia o que já foi publicado sobre caixa 2 do PT
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