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03/09/2005 - 09h30

Severino é acusado e se diz alvo de extorsão na Câmara

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da Folha de S.Paulo, em Brasília
da Agência Folha, em Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), informou ontem, por meio de nota, ter sofrido uma tentativa de extorsão e encaminhou um pedido de investigação ao Ministério da Justiça. O ministro Márcio Thomaz Bastos já determinou que a Polícia Federal investigue o caso.

De acordo com a nota de Severino, ele sofreu uma tentativa de extorsão de Sebastião Augusto Buani, proprietário de uma empresa que administra um restaurante no décimo andar da Câmara dos Deputados.

Buani teria procurado revistas semanais e afirmou que pagava a Severino um "mensalinho" de R$ 10 mil para obter benefícios na renovação do contrato do restaurante da Câmara.

Segundo a reportagem da revista, o deputado teria cobrado R$ 10 mil mensais do concessionário do restaurante de março a novembro de 2003 e teria até mesmo reclamado quando o empresário, em um mês, só repassou R$ 6.000.

Já a nota de Severino diz que Buani procurou as revistas para "tentar vender histórias sem fundamento, entre as quais a de que beneficiava o presidente da Câmara com pagamentos em dinheiro".

Concessão

Buani é dono da empresa Buani e Paulucci Ltda. e tem a concessão do restaurante, localizado no Anexo 4 da Câmara, desde janeiro de 2000. O contrato foi sendo renovado anualmente e vence novamente em 14 de setembro.

A Câmara quer revogar unilateralmente a concessão, alegando que a empresa deve cerca de R$ 150 mil relativos à cessão do uso. "A dívida será executada. Por isso [Buani] vem tentando, nesses últimos dias, fazer pressão sobre a direção da Casa", afirma a nota do presidente da Câmara.

Buani não foi localizado ontem pela Folha. A reportagem falou com Fernando, que se apresentou como sendo seu sobrinho, mas que não soube dar detalhes de onde estava o tio.

A acusação, segundo a Folha apurou, é que Severino, no período em que era primeiro-secretário da Câmara (2001-2003), teria recebido do empresário R$ 10 mil de "mensalinho" para beneficiá-lo nas renovações anuais de contrato. Severino era o responsável pelo patrimônio da Casa e pela locação de seu espaço.

Buani teria em seu poder um documento assinado por Severino que lhe assegurava a concessão de uso do restaurante por cinco anos e usaria isso como evidência de que o atual presidente lhe teria beneficiado.
A assessoria da Câmara admitiu que o presidente pode ter assinado o papel de forma "desavisada", mas diz que o documento não tem valor jurídico porque, pelas normas da Casa, os contratos precisam ser renovados a cada ano.

Tão logo teve a informação de que a acusação viria a público, Severino reuniu, no começo da tarde, uma equipe de assessores e aliados em sua residência oficial.

Gabinete de crise

Formaram seu "gabinete de crise" o segundo-vice-presidente da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), o secretário-geral da Mesa Diretora, Mozart Vianna, o diretor-geral da Casa, Sérgio Sampaio, além da equipe de assessores de comunicação e da chefia de gabinete. A reunião estendeu-se até por volta das 17h30.

"O presidente Severino Cavalcanti repele, com indignação, as aleivosias do sr. Buani. Nenhuma só dúvida deverá ficar sem resposta. A administração da Casa é transparente, não tem nada a esconder nem à imprensa nem à opinião pública", diz a nota do presidente da Câmara.

Segundo Sampaio, Severino nunca o procurou para pressionar que "aliviasse" contra Buani. "Estou com a consciência tranqüila e limpa. Desafio quem ache alguma coisa. Nunca tive nenhum pedido que me constrangesse", declarou o diretor-geral.

De acordo com ele, o prazo para o empresário pagar o que devia esgotou-se ontem. A dívida será executada na segunda-feira, segundo Sampaio.
Apesar da aparente tranqüilidade, o clima é de preocupação entre os assessores de Severino, segundo a Folha apurou. Teme-se que algum partido --como o PPS ou o PV --represente contra o presidente da Câmara no Conselho de Ética e que seja aberto processo de cassação.

A viagem de Severino a Nova York (EUA) na semana que vem, para participar de um encontro de Parlamentos mundiais, está mantida, a princípio.

Especial
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