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05/09/2005 - 17h12

Ex-presidente da INB diz que há perseguição contra sindicalistas no governo

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JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio de Janeiro

O ex-presidente da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) Luiz Carlos Vieira afirmou hoje que ter origem no movimento sindical virou um problema no governo Lula. Segundo ele, há uma "caça às bruxas" aos representantes dos trabalhadores. Para Vieira, desde a posse, os dirigentes sindicais escolhidos foram obrigados a demonstrar mais competência do que o exigido em outros cargos.

Amigo de Marcelo Sereno, ex-secretário de Comunicação do PT, Vieira participou hoje da posse do novo presidente da estatal, o engenheiro nuclear Roberto Garcia Esteves, funcionário de carreira da instituição desde 1975.

Vieira avalia que sua saída foi motivada pela crise política e pela tentativa de retirar dos cargos estratégicos pessoas consideradas polêmicas, que poderiam dificultar a solução da crise. O caráter polêmico, no caso, seria fruto da origem sindical, segundo o ex-presidente.

"Venho do movimento sindical, com postura clara em relação à questão econômica. Sou um desenvolvimentista. Dizem que sou um dinossauro porque ainda acredito num país diferente, num país grande onde a iniciativa do governo seja uma das funções principais do desenvolvimento", disse.

A avaliação não é compartilhada pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Para ele, a troca no comando da estatal foi resultado da necessidade de ter à frente da empresa um profissional que conheça a área profundamente. Vieira é técnico em mineração e foi presidente do Sindiminas durante 13 anos. "O motivo principal foi ter na frente da INB uma pessoa de grande conhecimento da área. Precisávamos botar o pé no acelerador e é necessário uma pessoa que não pestanejasse na hora de tomar decisões, agregar a casa", afirmou o ministro.

O ex-presidente negou que tenha chegado ao cargo por indicação de Marcelo Sereno e disse que o responsável por sua indicação foi o movimento sindical. "Não posso negar que sou amigo do Marcelo Sereno há mais de 20 anos. Nós fundamos um sindicato. Construímos um trabalho na CUT, fomos sindicalistas durante muitos anos", disse.

Sobre as queixas de um excessivo aparelhamento sindical na INB, Vieira afirmou que se limitou a indicar funcionários para postos estratégicos. "Trouxemos gente que tem uma visão de desenvolvimento", disse. Uma visão que provavelmente não será mantida durante a gestão de Roberto Esteves. Ele afirmou que pretende sugerir mudanças na diretoria ao ministro de Ciência e Tecnologia.

Em seu discurso de despedida, o ex-presidente da INB reclamou que não teve condições de realizar a maior parte dos projetos que pretendia levar adiante.

"Acreditava que ao sair da INB ela não estivesse mais na dependência do Tesouro Nacional para poder pagar a sua folha de pessoal. Imaginava poder ter avançado muito mais na execução da planta de enriquecimento [de urânio] e estar com as dez primeiras cascatas em funcionamento", citou entre outros projetos.

O ministro rebateu os lamentos afirmando que a política econômica mais apertada não permitiu que a estatal contasse com os recursos necessários, mas que já discute com o governo a retomada do debate sobre o programa nuclear brasileiro.

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