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12/09/2005 - 09h06

Oposição ignora Severino e quer cassação

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SILVIO NAVARRO
RANIER BRAGON
da Folha de S.Paulo

Partidos de oposição afirmaram ontem, depois da entrevista de Severino Cavalcanti (PP-PE), que não irão recuar da decisão de apresentar um requerimento contra o presidente da Câmara pedindo a abertura de processo de cassação de mandato no Conselho de Ética da Câmara por quebra do decoro parlamentar.

Segundo os líderes dos partidos de oposição, a representação contra Severino será protocolada amanhã, após uma reunião na qual será decidida a posição do bloco sobre as sessões conduzidas por ele.

A oposição pretende manter a decisão de esvaziar o plenário caso Severino esteja à frente da sessão, mas alguns líderes já admitem uma ressalva no caso da votação do processo de cassação do mandato de Roberto Jefferson (PTB-RJ), marcado para depois de amanhã, quarta-feira.

"Quanto a ir ao Conselho de Ética, não há dúvida. Mas participar ou não da sessão, vamos nos reunir para avaliar como fazer. Não há possibilidade de recuo nenhum, o que vamos discutir é como enfrentar essa resistência dele", disse o líder do PSDB na Casa, Alberto Goldman (SP).

"Vamos trabalhar para que ele não presida. Se ele conseguir apoio e tiver número, entraremos para votar, mas vamos trabalhar para que ele não consiga isso", afirmou o líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA).

Peça de advogado

Para a oposição, a entrevista de Severino "foi uma peça de advogado", "uma saída previsível", mas que não se sustenta perante os depoimentos à Polícia Federal do empresário Sebastião Buani e dos funcionários do restaurante Fiorella. Todos eles ratificaram as denúncias de pagamento de propina a Severino.

"É uma peça de advogado, montada para construir uma versão de tentar desqualificar as robustas provas testemunhais e evidenciais que existem", afirmou o pefelista José Carlos Aleluia.

"Não é uma denúncia frágil, precisa ser investigada e o Conselho de Ética é o único lugar possível. Ele pode se defender aonde for, mas não no cargo, até por conta dos julgamentos que vamos ter em plenário. E por esse motivo não podemos ter um presidente que é motivo de denúncia", disse o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE).

O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), integrante da CPI dos Correios, disse que a entrevista foi "uma versão previsível, porque ele desde o início dava sinais de que resistiria ao afastamento".

Disse também que "a ironia de Severino" diante da ameaça da oposição "merece outra ironia". "Da mesma forma que não é próprio do mandato parlamentar faltar às sessões, não é próprio do parlamentar exercendo a função de primeiro secretário negociar propina com concessionário da Câmara."

A oposição também prepara um novo ataque ao governo caso o PT se recuse a assinar a representação contra Severino no Conselho. "Espero que o governo não recue, porque vai ficar muito ruim para o presidente Lula. Muitos deputados da base já haviam demonstrado que iriam apoiar a representação, e vai ficar muito claro que há um trabalho do governo para defender Severino", disse Aleluia.

Governistas

Ao contrário da oposição, os governistas desta vez acenaram com um voto de confiança ao presidente da Câmara, apesar de cobrarem uma investigação independente do caso.

"A avaliação do PT é que Severino está em situação gravíssima. De um lado, há uma acusação grave. Do outro, uma negativa cabal. Estamos tentando fazer uma reunião emergencial com todos os partidos amanhã [hoje]. Vou defender que se delibere por uma investigação rápida, em 48 horas, com perícias da Polícia Federal, para descobrir quem está falando a verdade", disse o líder do PT na Casa, Henrique Fontana (RS).

"Ele empenhou a palavra dele e é o presidente da Câmara. O que vai conduzir esse processo são fatos e provas. Temos que priorizar a investigação, ou ele reúne condições para ser presidente ou não", afirmou o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

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