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20/09/2005 - 17h22

Doleiro afirma que Mentor impediu seu depoimento na CPI do Banestado

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ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

O doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho Barcelona, confirmou nesta terça-feira ter feito uma operação de R$ 7 milhões para o PT e acusou o doleiro Dario Messer de ser o principal operador de cambio do partido. Em seu depoimento à CPI dos Correios, Barcelona aproveitou seu depoimento para acusar o deputado José Mentor (PT-SP), relator da CPI do Banestado, de ter tramado contra ele.

"Ele sabia que eu tinha colaborado na campanha de 2002. Devia estar com medo de que aparecesse algum problema ligado ao PT", disse ele.

Segundo Barcelona, "houve uma armação política do Mentor." O doleiro afirmou que foi impedido por José Mentor de depor na CPI do Banestado porque poderia vir a expor as operações feitas pelo PT não só com ele, mas com Messer também.

"Era para eu ter sido convocado a prestar depoimento na CPI do Banestado. O maior prejuízo foi meu. Foi eu não ter sido convocado", afirmou,

O temor do PT em relação ao depoimento de Barcelona na CPI do Banestado não se referia apenas à operação feita em 2002, segundo o doleiro. Para e, outra preocupação era que viessem a público as operações feitas por ele com recursos recebidos da prefeitura de Santo André, oriundos das empresas de transportes urbanos da cidade.

Dirceu

Barcelona afirma ainda que havia relação do ex-ministro José Dirceu (PT-SP) com a corretora Bônus Banval. Ele disse que era "voz corrente" no mercado que os sócios da Bônus Banval eram amigos do deputado. O doleiro afirma que Enivaldo Quadrado, um dos sócios da corretora, fazia questão de apregoar sua amizade com o ex-presidente nacional do PT. Quadrado, em depoimento à PF no final de agosto, contrariou a informação de Claramunt.

Ao detalhar as operações feitas para o PT, Barcelona afirmou que os dólares entrariam no Brasil por meio da Bônus-Banval, por ordem do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza e por meio do Trade Link Bank. Este banco fazia contato com uma agência do Banco Rural nos Estados Unidos, que passava os dólares para a Bônus Banval. A corretora então os trocava por reais com doleiros.

A assessoria de imprensa do deputado divulgou nota em que Dirceu "reafirma não ter tido qualquer relação com o doleiro nem com a corretora e seus proprietários".

De acordo com Barcelona, o ex-superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Francisco Baltazar da Silva, chegou a comprar cerca de US$ 123 mil em sua empresa. Baltazar foi indicado para o cargo por ser amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pediu exoneração após a revelação de que teria comprado dólares com Barcelona.

Ele também disse que que teme por sua vida e pela dos seus filhos. Barcelona reclamou das condições "desumanas" da prisão e confirmou estar recebendo ameaças, desde o momento em que depôs pela primeira vez para os integrantes da CPI dos Correios, em uma reunião em São Paulo, no mês passado.

A resposta de Mentor

O deputado Mentor foi pessoalmente à sessão conjunta para rebater as acusações. Ele agradeceu o doleiro por desmentido as informações que circularam na imprensa de que ele seria o "operador financeiro do PT no estrangeiro.

"Agradeço também por desmentir a informação de que sou responsável pelo envio da sobra de dinheiro de campanha do PT para o exterior", disse ele.

Apesar dos agradecimentos, Mentor afirmou que Barcelona se equivocou ao dizer que impediu sua ida à CPI do Banestado. "Fui eu o autor do requerimento para convocar o senhor. Havia muito doleiro para ser investigado. Por isso, reduzimos numa proposta debatida à exaustão na CPI os depoimentos entre seis a oito doleiros. Depois, os agentes da operação Farol na Colina pediram para que retardássemos os depoimentos para não prejudicar a operação. Para não assustar".

Mentor disse que, quando houve a oportunidade, a CPI enviou um oficio convocando Barcelona para depor. O ofício foi respondido pelo advogado de Barcelona, que teria afirmado que seu cliente não poderia comparecer. "Nem persegui nem blindei o senhor", afirmou o deputado.

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