Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/09/2005 - 09h11

Presidente de Conselho quer arquivamento de 5 processos

Publicidade

SILVIO NAVARRO
da Agência Folha, em Brasília

O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Ricardo Izar (PTB-SP), defendeu ontem que os casos dos 16 parlamentares apontados como beneficiários do suposto esquema do "mensalão" sejam analisados separadamente e que pelo menos cinco deles sejam arquivados pela Mesa Diretora antes mesmo de serem enviados ao Conselho.

Na avaliação de Izar, os deputados Pedro Henry (PP-MT), Professor Luizinho (PT-SP), Wanderval dos Santos (PL-SP), Roberto Brant (PFL-MG) e Sandro Mabel (PL-GO) deveriam ser absolvidos pela Câmara por falta de provas que os vinculem diretamente ao esquema de repasses de dinheiro de caixa dois do PT, denunciado pelo petebista Roberto Jefferson.

Ricardo Izar reclamou ontem que a comissão de sindicância instalada na corregedoria, responsável por ouvir a defesa dos 16 acusados, deveria fatiar o relatório das CPIs dos Correios e do Mensalão para poder especificar que tipo de infração cada um deles cometeu. A partir daí, segundo ele, seria fácil concluir a pena adequada ou pela absolvição.

O relatório enviado pela CPI com os 16 nomes está na corregedoria, que está ouvindo a defesa de cada um deles antes de remeter o parecer sobre o caso para a Mesa Diretora. Na sequência, a Mesa será a responsável por repassar o processo para o Conselho de Ética. Cabe ao conselho abrir ou não processo de cassação contra os deputados.

A corregedoria vive hoje um impasse entre os seus cinco integrantes, que têm opiniões divergentes se o relatório final será enviado em bloco ou fragmentado.

"Os próprios deputados [acusados] querem isso [que sejam separados os casos de cada um], querem fazer uma boa defesa lá [na corregedoria] e essa defesa vir para cá no conselho. Eles reforçam aquela defesa. Tenho impressão de que, se eles fizerem isso, podem arquivar pelo menos uns dois ou três casos", disse Izar.

"É prático para eles [corregedoria] mandar tudo para nós, mas a gente precisa ter responsabilidade de cassar e também de arquivar. E o que que a imprensa vai dizer? Que fizemos a coisa correta, a imprensa vai ver que é correto, como foram aqueles quatro casos, não teve um da imprensa que reclamou daquilo. Acho que a gente tem que ter responsabilidade de cassar, punir e também de arquivar ou sugerir a não-punição."

Os quatro casos a que Izar se refere são os processos de cassação dos deputados do PTB Alex Canziani (PR), Sandro Matos (RJ), Neuton Lima (SP) e Joaquim Francisco (PE), pedidos pelo PL, que acabaram arquivados pelo conselho no dia 16 de agosto, conforme relatório do deputado Nelson Trad (PMDB-MS).

Na seqüência, Izar citou à Folha o nome de cinco dos 16 deputados que, na sua opinião, não merecem enfrentar processo de cassação no conselho.

"Vamos pegar um caso, estou com um caso comigo que um partido mandou, do Sandro Mabel, que até agora nós não obtivemos uma prova contra ele, estamos procurando e não achamos. Ouvi falar também do Pedro Henry, ou seja, estudando caso a caso, o Pedro Henry, por exemplo, não tem nada, é a palavra do Roberto Jefferson, mais nada", disse.

No caso de Mabel, o processo de cassação do seu mandato já está em curso mediante representação do PTB. Além disso, seu nome figura na lista das CPIs à espera do aval da corregedoria.

Izar também apontou os nomes de outros três deputados: "O Luizinho, é até um pecado mandar o processo dele para cá [conselho]. Se analisar bem, ele nem ficou sabendo dos R$ 20 mil [...] O Brant, aí precisa ser analisado, mas é outro também [...] Acho que o Luizinho, Brant, Pedro Henry e o Wanderval [devem ser arquivados]".

Sobre o deputado do PL, Izar justificou afirmando que Wanderval foi vítima de um esquema supostamente montado pelo ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), que renunciou ao mandato há duas semanas para evitar a cassação. Wanderval argumenta que mandou seu motorista buscar dinheiro no Banco Rural a mando de Rodrigues.

"Esse cara [o motorista] foi buscar dinheiro, era funcionário do Wanderval e acharam que o dinheiro era para ele. Era para o Bispo [Rodrigues, que foi bispo da Igreja Universal do Reino de Deus] e ele já admitiu lá na Polícia Federal. Então, por que tem que mandar o Wanderval para mim?"

Izar afirmou também, sem citar nomes, acreditar que outros dois dos 16 deputados acusados renunciem, seguindo os passos de Carlos Rodrigues e Valdemar Costa Neto (PL-SP).

Especial
  • Leia a cobertura completa sobre a crise em Brasília
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página