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29/09/2005 - 22h12

MST entra em confronto com MLST em Joaquim Gomes

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SÍLVIA FREIRE
da Agência Folha, em Alagoas

Um confronto entre 80 famílias do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e 80 famílias do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), na madrugada desta quinta-feira, acabou com um sem-terra ferido por um tiro, em Joaquim Gomes (cerca de 80 km de Maceió).

Os dois grupos disputam a invasão da fazenda Riachão, que pertence à falida Usina Agrisa e está invadida pelo MLST desde outubro de 2004. A área deve ser desapropriada até o final de outubro, segundo o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Alagoas.

O ferido, Adeílson Simplício da Silva, 45, sofreu um tiro no pé esquerdo e foi levado para um hospital de Maceió. Ele não corre risco de morte.

Um integrante do MST disse ter visto um outro companheiro do movimento ferido fugindo pelo canavial durante o confronto. A Polícia Militar fez uma busca nas proximidades da área para localizá-lo. Até as 18h, não havia sido encontrado. Alguns integrantes do MST exibiam marcas de machucados pelo corpo, segundo eles, resultado do confronto.

A Polícia Militar apreendeu uma espingarda no acampamento do MLST, mas a busca ainda estava sendo feita em outros acampamentos da região.

O conflito começou às 2h de hoje, quando os agricultores do MST, vindos de acampamentos na região, começaram a montar barracas a cerca de 100 metros do acampamento do MLST. Eles chegaram em um caminhão com lonas e cestas básicas.

"Chegou um caminhão com um pessoal do MST e uma moto na frente com uma pessoa empunhando uma arma. Ele gritava que era para a gente desocupar a área, que a terra era deles e que iam colocar fogo nos nossos barracos", disse Wiliton de Barros Leandro, 19, do MLST.

Segundo integrantes do MLST, eles fizeram uma barreira humana para defender a área, armados com pedaços de paus, enxadas e foices e afirmaram que não houve briga. Sobre o sem-terra ferido, eles disseram que saber de nada.

No meio da tarde, um caminhão com cerca de 50 sem-terra do acampamento Sebastião Gomes, do MLST em Flexeiras, chegou para reforçar a segurança.

O acampamento Riachão tem cerca de 20 barracos de madeira. Não há energia elétrica nem fornecimento de água. Segundo o MLST, já foi iniciada uma lavoura de subsistência com milho, feijão e mandioca. Ninguém se apresentou como coordenador.

Lideranças do MST disseram que o movimento já havia invadido a área em maio de 2004 e, em julho daquele ano, após um acordo feito com o proprietário para facilitar o processo de desapropriação da área, deixaram o local.

O MST acusa o Incra de ter recomendado ao MLST a invasão das áreas da Agrisa em outubro passado, o que o órgão nega.

O ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva, que estava em Maceió nesta quinta-feira, foi até o local. Segundo ele, cabe ao Incra decidir qual movimento será beneficiado com as desapropriações.

O responsável pela divisão técnica do Incra-AL, Jorge Tadeu, que também estava no local, disse que o órgão deve fazer uma discussão com os movimentos do Estado sobre quais famílias serão assentadas nas áreas da Agrisa.

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