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10/10/2005 - 10h09

Ato marca entrega de restos mortais de preso político

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da Folha Online

Após 34 anos, a família de Flávio Carvalho Molina, militante do Molipo (Movimento de Libertação Popular) que foi preso, torturado e morto pela ditadura militar (1964-1985) em novembro de 1971, no Doi-Codi de São Paulo, vai poder enterrar o seu filho.

Um ato nesta segunda-feira, às 10h30, no auditório da Procuradoria da República em São Paulo, marcará a entrega de uma urna com os restos mortais de Molina aos familiares. Em seguida, a urna será transladada ao Rio de Janeiro, onde ocorrerá o sepultamento.

Os restos mortais foram identificados por meio de exame de DNA após 15 anos de tentativas frustradas. O resultado do exame, realizado pelo laboratório Genomic, foi revelado no último dia 2 de setembro.

Flávio foi morto às vésperas de completar 24 anos. Militante do Molipo, deixou os estudos e a casa de seus pais em 1969 por causa da perseguição política. Ele já havia sido preso uma vez e temia que isto acontecesse novamente, ou que seus pais pudessem ser prejudicados.

De volta ao Brasil, em 1971, Flávio foi preso no Doi-Codi de SP, onde foi torturado e morto. Os repressores enterraram o corpo propositalmente com o nome falso de Álvaro Lopes Peralta, no cemitério Dom Bosco, em Perus. Posteriormente, seu corpo foi exumado e transferido para uma vala comum junto com os restos mortais de outros presos políticos, enterrados como indigentes.

Em 4 setembro de 1990, a vala foi aberta e foram exumadas 1.049 ossadas, entre elas a que hoje sabe-se que é a de Molina.

DNA

Durante 15 anos, a família de Flávio buscou confirmar através de exames de DNA a compatibilidade dos restos encontrados. Exames antropológicos realizados pela Unicamp e pelo IML (Instituto Médico Legal) indicavam 75% de probabilidade, através da comparação da estrutura e tamanho dos ossos encontrados. Oito exames de DNA foram feitos, mas, devido ao estado de conservação precário do material, nenhum deles obteve sucesso na extração de uma seqüência de genes confiável para garantir a identificação.

No dia 10 de agosto, uma nova colheita de material foi feita, desta vez com o acompanhamento do Ministério Público Federal, da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria Nacional de Direitos Humanos e do Laboratório Genomic, responsável pela identificação. O resultado foi entregue no dia 2 de setembro ao irmão de Flávio Molina, Gilberto Carvalho Molina --as ossadas realmente são de seu irmão, com 99,99% de precisão garantida.

O Ministério Público acompanha o caso desde 1999, quando instaurou procedimento administrativo para apurar os motivos que levaram à não-conclusão do exame de DNA necessário para a identificação de Flávio Molina. Por causa da investigação, o Estado transferiu a guarda dos ossos da vítima da Unicamp para o IML em São Paulo. Desde então, novas tentativas foram feitas até o exame positivo, em setembro.

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