Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/10/2005 - 13h21

Irmãos de Celso Daniel reafirmam que Carvalho revelou corrupção

Publicidade

FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília

Os irmãos do prefeito assassinado de Santo André (SP) Celso Daniel, Bruno Daniel e João Francisco Daniel, reafirmaram nesta quarta-feira, durante acareação na CPI dos Bingos, a versão de que o chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, foi à casa deles após a missa de sétimo dia e revelou que havia um esquema de desvios de recursos em Santo André e que levava o dinheiro pessoalmente ao então presidente do PT José Dirceu.

Em sua exposição inicial, João Francisco disse que, ao contrário do que querem fazer parecer, ele não era um irmão afastado de Celso Daniel. "Estão dizendo que eu era afastado do Celso, o que não é verdade."

Carvalho confirmou que foi à casa dos dois, mas apenas para se oferecer para acompanhar o processo e passar informações à família. "Eu não falei a estes senhores que transportei dinheiro. É uma mentira."

João Francisco retomou a palavra e repetiu a versão de que Carvalho teria confessado a existência do esquema. "Reafirmo em gênero, número e grau. A conversa não foi no sentido de ele se disponibilizar para ser um meio entre as investigações e a família." João Francisco disse ainda que ouviu de Carvalho três vezes a versão sobre a existência do esquema. "Como você pode negar? Não é possível.", declarou.

Ao contrário das outras acareações, os três não ficaram a frente a frente, mas sim lado a lado --os dois irmãos de um lado e Carvalho separado pelo presidente e relator da CPI, do outro lado da mesa.

Ontem, a CPI ouviu o juiz federal afastado João Carlos da Rocha Mattos, preso desde 2003 sob acusação de venda de decisões judiciais. Em recente entrevista à revista "Veja", ele disse que o chefe-de-gabinete de Lula interferiu na investigação do caso Celso Daniel e que foi montado um esquema para encobrir supostos crimes cometidos pela Prefeitura de Santo André.

Celso Daniel foi seqüestrado no dia 18 de janeiro de 2002, quando voltava de um jantar em São Paulo. Ele estava acompanhado do empresário Sérgio Gomes da Silva, hoje acusado de envolvimento no crime. Dois dias depois, o corpo do prefeito foi encontrado em uma estrada em Juquitiba (a 78 km de São Paulo). Daniel foi atingido por sete tiros.

Contradições

Tanto Carvalho como os irmãos de Celso Daniel já foram ouvidos pela CPI, que optou pela acareação por conta das contradições nos depoimentos.

Bruno e João Francisco Daniel afirmam ter ouvido de Carvalho que havia arrecadação de propina de empresários da cidade para financiar campanhas de políticos petistas e que o dinheiro era levado pelo atual chefe-de-gabinete de Lula ao então presidente do partido, deputado federal José Dirceu. Carvalho e Dirceu negam.

O Ministério Público de São Paulo sustenta que o assassinato de Celso Daniel está ligado ao suposto esquema de arrecadação de propina em Santo André. O caso --aquecido pela CPI dos Bingos e pela morte do legista Carlos Delmonte --até hoje rende turbulência política ao governo e ao PT. Delmonte defendia que Daniel foi torturado antes de ser morto.

Secretário de Governo de Santo André na gestão de Daniel, Carvalho nega as acusações.

Apesar das articulações do Planalto e de senadores da base aliada, a acareação está sendo realizada em sessão aberta e transmitida ao vivo para todo o país. Trata-se da chance da oposição de ligar o Palácio do Planalto com o caso Santo André, até hoje motivo de turbulência por conta das dúvidas em torno do assassinato do prefeito.

Com Folha de S.Paulo

Leia mais
  • Carvalho diz que acareação tem interesse político e João fala em teste de polígrafo

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a CPI dos Bingos
  • Leia a cobertura completa sobre a crise em Brasília
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página