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26/10/2005 - 15h09

Carvalho diz que acareação tem interesse político e João fala em teste de polígrafo

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FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília

O chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, insinuou nesta quarta-feira que as acusações feitas pelos irmãos do prefeito assassinado de Santo André (SP) Celso Daniel, Bruno Daniel e João Francisco Daniel, de que existia um esquema de desvios de recursos em Santo André, servem a interesses políticos da oposição.

"Não sejamos ingênuos. É natural na democracia que haja muitas contradições na política. As forças que se opõem ao governo têm tirado proveito disso", afirmou o chefe-de-gabinete. Os irmãos de Celso Daniel e Carvalho participam de uma acareação na CPI dos Bingos.

Alan Marques/Folha Imagem
Irmãos de Celso Daniel durante acareação na CPI
Irmãos de Celso Daniel durante acareação na CPI
A declaração gerou reação imediata da oposição. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), contestou a fala. "A aposição não aceita ser arrolada num processo em que é espectadora."

Em função das divergências e insinuações de Carvalho, João Francisco o desafiou a um teste de polígrafo --detector de mentiras. "Eu desafio o senhor a um teste de polígrafo. Vamos ver quem está dizendo a verdade, vamos acabar com esta palhaçada aqui. Eu sabia que você ia negar. Você é um homem do governo."

Carvalho não respondeu ao desafio e repetiu que não levou dinheiro para José Dirceu. "Eu não levei dinheiro para o deputado José Dirceu e não disse isso a esses senhores nem por uma, duas ou três vezes."

No início da sessão, os irmãos do prefeito assassinado reafirmaram a versão de que o chefe-de-gabinete do presidente Lula foi à casa deles após a missa de sétimo dia e revelou que havia um esquema de desvios de recursos em Santo André e que levava o dinheiro pessoalmente ao então presidente do PT José Dirceu.

Investigação

Ontem, a CPI ouviu o juiz federal afastado João Carlos da Rocha Mattos, preso desde 2003 sob acusação de venda de decisões judiciais. Em recente entrevista à revista "Veja", ele disse que o chefe-de-gabinete de Lula interferiu na investigação do caso Celso Daniel e que foi montado um esquema para encobrir supostos crimes cometidos pela Prefeitura de Santo André.

Celso Daniel foi seqüestrado no dia 18 de janeiro de 2002, quando voltava de um jantar em São Paulo. Ele estava acompanhado do empresário Sérgio Gomes da Silva, hoje acusado de envolvimento no crime. Dois dias depois, o corpo do prefeito foi encontrado em uma estrada em Juquitiba (a 78 km de São Paulo). Daniel foi atingido por sete tiros.

Contradições

Tanto Carvalho como os irmãos de Celso Daniel já foram ouvidos pela CPI, que optou pela acareação por conta das contradições nos depoimentos.

Bruno e João Francisco afirmam ter ouvido de Carvalho que havia arrecadação de propina de empresários da cidade para financiar campanhas de políticos petistas e que o dinheiro era levado pelo atual chefe-de-gabinete de Lula ao então presidente do partido, José Dirceu. Carvalho e Dirceu negam.

O Ministério Público de São Paulo sustenta que o assassinato de Celso Daniel está ligado ao suposto esquema de arrecadação de propina em Santo André. O caso --aquecido pela CPI dos Bingos e pela morte do legista Carlos Delmonte-- até hoje rende turbulência política ao governo e ao PT. Delmonte defendia que Daniel foi torturado antes de ser morto.

Com Folha de S.Paulo

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